segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Hora da virada

Depois do Natal, breves momentos de descanso, troca de presentes e tudo pronto para a última receita do ano.

Claro que a sugestão é de uma sobremesa para a hora da virada. 

Sobremesa fresca, que combina com o verão que está fazendo, mas sem apelar para gelatinas e afins que deixam o charme e a elegância de lado: peras ao vinho.

Já fizemos esta receita por aqui em outra ocasião, mas esta tem alguns toques especiais que valem a pena anotar.

Escolha peras mais verdes e firmes. Como serão cozidas, se estiverem muito maduras ficarão molengas demais e perdem um pouco da graça.

A primeira diferença já está na apresentação, ao invés de deixar as peras inteiras, descasque e parta ao meio 8 peras, assim ninguém "sofre" tendo que separar os caroços na hora de comer, além de cozinharem mais rápido. Para que não escureçam, e também para acrescentar um sabor extra, esprema meio limão siciliano sobre as peras.

Outras diferenças estão nos temperos da calda e no vinho utilizado, mas vamos por partes. Em uma panela coloque 1 xícara de açúcar refinado comum, 1 pau de canela, 6 cravos, a casca de 1 limão siciliano, 1 ramo de tomilho (sim, tomilho), 1 xícara de vinho do porto e uma garrafa de um vinho seco de boa qualidade (escolhemos um cabernet sauvignon).

Misture tudo, espere ferver e acrescente as peras. Deixe ferver por aproximadamente 1 hora. Retire as peras e deixe a calda de vinho reduzir pela metade. Distribua em uma travessa e leve à geladeira para ser servida no dia seguinte, bem curtida e fresquinha.

peras ao vinho com um inusitado toque de tomilho

Para ficar ainda melhor, sirva com sorvete, ou então para dar um toque mais sofisticado uma quenele de mascarpone combina muito bem com a delicadeza das peras. 

mascarpone para conferir delicadeza e sofisticação

Nenhuma superstição está relacionada com esta sobremesa, mas ela representa bem os nossos desejos para o ano novo. Que seja leve, cheio de sabores e com um inusitado toque de tomilho.

FELIZ 2015!


Ingredientes

Peras ao vinho:
8 peras bem firmes
1/2 limão siciliano
1 xícara de açúcar refinado comum
1 pau de canela
6 cravos
a casca de 1 limão siciliano
1 ramo de tomilho
1 xícara de vinho do porto
1 garrafa de um vinho seco de boa qualidade (escolhemos um cabernet sauvignon).

Sorvete de creme ou mascarpone para acompanhar

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Doce Natal

Continuando nosso especial de fim de ano, chegamos à melhor parte da festa: a sobremesa.

Para o Natal incluímos novamente as castanhas portuguesas. Não só por uma questão sentimental, mas por ser um ingrediente muito versátil e delicioso que infelizmente só encontramos nesta época do ano. Então vamos aproveitá-lo.

Depois de toda a comilança e troca de presentes, a vida já parece mais doce e estamos satisfeitos. Aí não tem jeito, não me venha com gelatina, frutas ou panetone, para apetecer de verdade a sobremesa deve ser tão surpreendente quanto o cardápio. Melhor ainda se não der muito trabalho. 

Por isto, uma receita simples, desde que as castanhas portuguesas já estejam cozidas e descascadas. Em uma panela coloque 1 colher (sopa) de manteiga, 300 g de um purê rústico de castanhas portuguesas, 150 ml de creme de leite fresco e 3 colheres (sopa) de açúcar (a quantidade de açúcar pode variar de acordo não só com o paladar, mas também com a doçura das castanhas utilizadas, prove e verifique a necessidade de acrescentar mais conforme a necessidade). Mexa com vigor até formar um creme uniforme. Retire do fogo e deixe esfriar.

A massa filo (comprada pronta) deve ser retirada do congelador 2 horas antes do uso. Então estique em uma superfície lisa, passe uma camada de manteiga derretida, coloque o creme de castanhas no meio e enrole sobre o recheio a massa, cada vez que for sobrepor a massa deve-se passar mais manteiga derretida entre as camadas. Umas 3 ou 4 camadas de massa são o suficiente.. 

Tudo bem enroladinho, leve ao forno preaquecido 250° por aproximadamente 15 minutos.

canudinhos de massa filo recheados de castanha portuguesa

Sirva quente e crocante coberto com uma deliciosa ganache de chocolate amargo. Para fazer a ganache derreta o chocolate no microondas, depois de derretido acrescente creme de leite fresco e manteiga para dar brilho, 100 g de chocolate, 50 g de creme de leite e 1 colher (sobremesa) de manteiga é uma boa proporção.

Açúcar de confeiteiro sempre dá um charme adicional.

Acompanhe de sorvete. Afinal tudo sempre fica melhor com sorvete, até o Natal.


Ingredientes

Canudinhos de massa filo recheados de castanha portuguesa
1 colher (sopa) de manteiga
300 g de castanhas portuguesas
3 colheres (sopa) de açúcar
1 pacote de massa filo

Ganache
100 g de chocolate
50 g de creme de leite
1 colher (sobremesa) de manteiga

açúcar de confeiteiro para decoração

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Igual, mas diferente

Continuando nosso especial de fim de ano vamos falar novamente de tudo o que é igual nesta época, mas ainda assim, meio diferente.

Igual porque estamos diante das mesmas superstições e tradições de sempre. Diferente porque o ânimo é renovado e o início de um novo ano é um bom ponto de partida para iniciar planos que até então só estavam no papel. E se o hábito de fazer planos e promessas na virada do ano é sempre igual, os planos e as promessas pelo menos devem ser diferentes.

Assim também é com o cardápio. Os mesmos ingredientes, até a mesma receita, mas um pouco diferente.

Na virada de 2011 para 2012 (faz tempo, né?) o cardápio por aqui foi polenta com bacalhau. Agora, na virada de 2014 para 2015, o cardápio é novamente polenta com bacalhau. Igual, mas diferente.

Para começar qualquer polenta é importante ter um bom caldo. Azeite, sal, ossos de frango na panela (desossar o peito e usar a carcaça é uma ótima opção para fazer caldos), 1 cebola, 2 dentes de alho, alguns grãos de pimenta do reino levemente amassados, salsa, cebolinha, 1 folha de louro, tomilho e 1 tomate. Tudo meio inteiro, coberto de água fervente. Deixe ferver por aproximadamente 30 minutos.

Passe o caldo por uma peneira e reserve.

A proporção para o preparo da polenta é de 2 xícaras de caldo para cada xícara de fubá (só 2, nesta receita precisaremos que esteja bem firme). Para calcular, cada 2 xícaras servem 3 pessoas. Misture o caldo e o fubá com a ajuda de um batedor para que não empelote. Adicione 1 colher (sopa) de manteiga e leve ao fogo até ferver. Ferveu, tampe a panela de pressão e espere ouvir o barulhinho. Começou o barulhinho, cronometre 10 minutos e desligue.

Tire a pressão da panela, mexa a polenta para dar uniformidade (cuidado para não misturar a casca que irá se formar ao fundo da panela). Despeje a polenta em uma forma alta e deixe esfriar.  

Enquanto isso... prepare o recheio de bacalhau. Em uma panela ferva 1 litro de leite aromatizado com alguns ramos de tomilho, azeite e 2 dentes de alho. Assim que ferver desligue o fogo, coloque as postas de bacalhau dessalgado (500 g), tampe a panela e deixe descansar por 30 minutos.

Depois desse tempo, retire o bacalhau do leite, limpe, tirando a pele e as espinhas e deixe lascas grandes. Reserve o leite onde o bacalhau foi fervido.

Panela aquecida, azeite, 1 cebola cortada em finas fatias meia lua. Deixe dourar, acrescente 1 dente de alho finamente picado, refogue rapidamente, acrescente 1 tomate em cubos e deixe fritar. Depois que o tomate murchar bem, utilize um pouco do leite em que o bacalhau foi fervido para fazer o deglacê. Azeitonas pretas picadas (umas 7 são suficientes), acrescente finalmente as lascas de bacalhau. Misture até que todos os elementos estejam bem envolvidos e então adicione 1 ovo cozido picado grosseiramente. Lembre de deixar o recheio úmido adicionando o quanto julgar necessário do leite. Finalize com salsa e cebolinha à vontade. Deixe esfriar.

De volta à polenta. Com um cortador redondo de 10 cm (aproximadamente) de diâmetro corte a polenta em "tubos" altos. Essa receita de polenta mais firme é ótima para fritar, uma excelente maneira de não desperdiçar nenhum pedacinho dessa delícia de fubá.

"Cavoque" o centro desses tubos de polenta para abrir espaço para o recheio. Preencha com o bacalhau, cubra com queijo parmesão ralado e leve ao forno bem alto até que gratine. 

polenta gratinada recheada com bacalhau

Prontinho! Pode ser servido acompanhado de salada de folhas verdes com o molho de sua preferência (o prato pede algo leve para contrabalancear).

Polenta e bacalhau dispensam comentários. Saboroso, delicado, substancioso, com gostinho de quero mais.

Quero mais é que 2015 seja exatamente como este cardápio. Igual a 2014, que foi bem movimentado cheio de eventos, novidades e inesperadas oportunidades, mas que seja bem diferente, porque todo ano tem que reservar suas próprias surpresas e um pouquinho de tranquilidade não faria mal a ninguém.

Feliz 2015 a todos.


Ingredientes

Polenta gratinada recheada com bacalhau (medidas para 3 pessoas)

Caldo de frango:
carcaça de 1 peito de frango
1 tomate
1 cebola
2 dentes de alho
1 folha de louro
azeite, sal, pimenta do reino em grãos, salsa, cebolinha, tomilho

Polenta:
2 xícaras de fubá
4 xícaras de caldo de frango
1 colher (sopa) de manteiga

Recheio de bacalhau:
500 g de bacalhau dessalgado
1 litro de leite
3 dentes de alho
1 cebola
1 tomate
7 azeitonas pretas
1 ovo cozido
ramos de tomilho, azeite, salsa, cebolinha e sal

queijo parmesão ralado para gratinar

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

HO HO HO!

Todo mês de dezembro é igual, resumidamente uma grande correria entre encerrar atividades, rever os amigos, fazer listas de presentes e encarar lojas superlotadas para ticar todos os itens e, é claro, encontrar um tempo para escolher o cardápio das festas.

Por mais corrido que seja, ou talvez justo por isto, é o meu mês preferido. Seja pelo clima que inspira a demonstrar o afeto a todos que amamos, seja pela renovação da esperança que surge com o fim de um ciclo e início de outro, ou simplesmente porque a comida das festas é boa demais!

um feliz natal!!!
E para comemorar não só a chegada desta época, mas todos os bons ventos de 2014 (que não foram poucos) faremos um especial de fim de ano. Quatro posts com dicas para as ceias de Natal e Ano Novo com direito às sobremesas e muitas boas vibrações.

Começaremos pelo cardápio natalino, escolhido para ser uma singela homenagem ao meu avô que, assim como eu, também se sentia inspirado nesta época e sua presença deixava o Natal muito mais mágico e feliz.

Bom, segundo ele castanhas portuguesas e Natal eram sinônimos, um não existia sem o outro. E é por isto que as castanhas portuguesas obrigatoriamente estarão presentes na receita embrulhadas para presente.

Presentinhos de castanha portuguesa e corações de alcachofra em conserva cobertos com um delicioso molho branco e acompanhados de chester, que é basicamente o franguinho de todo dia com sabor de festa.

Não sei se eu que não tinha observado nos outros anos (o que é muito provável) mas desta vez encontrei no mercado a opção de comprar apenas o peito do chester já desossado. É uma boa ideia para famílias pequenas ou mesmo para as grandes que costumam fazer diversos tipos de assados para agradar todos os paladares.

Uma boa maneira de começar o preparo de qualquer assado é começar pela marinada. Espalhe por todo o peito o suco de 1/2 limão, 1 cebola fatiada em meia lua, 1 cenoura cortada em palitos, finas rodelas da outra metade do limão, 2 dentes de alho bem picados, 1 folha de louro, sal, pimenta do reino e azeite a gosto, 3 ramos de tomilho (2 deles colocados estrategicamente entre a pele e a carne da ave) e para finalizar 750 ml de vinho tinto seco de boa qualidade (optamos por um cabernet sauvignon). Deixe a carne bem envolvida por todos os temperos, cubra e deixe na geladeira de um dia para o outro.

Precisaremos de 2 horas para assá-lo em forno a 180°. Coloque em uma forma e não dispense a marinada, é ela que irá garantir que a carne fique macia e suculenta. De tempos em tempos, utilize o próprio caldo do fundo da forma para regar a pele do chester. Ficará bem dourado e a casa terá um autêntico aroma natalino no ar.

Chegou a hora dos presentes! Cozinhe 500 g de castanhas portuguesas na panela de pressão, cobertas por água, por aproximadamente 30 minutos. É importante fazer um talho na casca das castanhas antes de cozinhá-las para depois ficar mais fácil para descascar. Após os 30 minutos abra a panela, veja se as castanhas estão macias ou se precisarão de mais tempo na pressão, quanto mais novas e de melhor qualidade, mais rápido cozinham.

Castanhas cozidas, descasque e coloque em uma travessa, amasse com um amassador de batatas, deixe bem rústico, com pedacinhos maires e menores, isso dará um charme para o recheio. Reserve.

Abra a lata de corações de alcachofra em conserva, escorra, lave e deixe de molho em uma travessa com água e umas gotas de limão, isso ajuda a tirar o gosto da conserva. Depois de alguns minutos escorra novamente e corte os corações em cubos pequenos. Reserve.

Em uma panela aqueça azeite e frite 1/2 xícara de bacon em pequenos cubos. Deixe fritar bem, e só então acrescente 2 dentes de alho finamente picados. Refogue em fogo baixo mexendo sempre para que o alho doure levemente sem queimar. Assim que começar a dourar acrescente as alcachofras, um pouco de sal, as castanhas portuguesas e mexa bem. Deixe cozinhar mexendo de maneira vigorosa por aproximadamente 5 minutos. Corrija o sal ao fim se necessário. Retire do fogo e deixe esfriar.

Hora de preparar a massa, no processador bata 200 g de farinha de trigo, 200 g de semolina de grano duro, 3 ovos inteiros, 4 gemas, sal, azeite e noz moscada a gosto. Deixe descansar por uns 15 minutos, então abra a massa com a ajuda de um cilindro, ou rolo de macarrão, até que esteja bem fina, corte pequenas circunferências, coloque o recheio já frio no centro, aperte o meio do recheio com a ponta do dedo para fazer um "buraquinho" para colocar pequenos cubinhos de mozzarella de búfala. Para fechar dobre ao meio e junte apenas a parte superior da massa, então puxe as extremidades para o centro juntando a massa sempre na parte superior, a junção da massa formará um "x" e ficará com o aspecto de uma trouxinha, ou um embrulhinho de presente, se preferir...

Pode-se preparar a massa com antecedência também, mas não a deixe na geladeira. Na geladeira a massa ficará úmida e irá grudar, o melhor é deixar sobre um pano polvilhado de farinha de trigo em lugar arejado, assim a massa seca e fica até mais fácil de ser manipulada.

Tudo pronto para o cozimento. Água fervente, um pouco de sal e azeite na água, coloque os embrulhinhos aos poucos para cozinhar, precisão de aproximadamente 4 minutos para ficar al dente. Depois de cozidos coloque em uma travessa com azeite também.

O molho é bem simples, bechamel clássico, 2 colheres (sopa) de manteiga em uma panela até derreter, 2 colheres (sopa) de farinha de trigo e mexer até formar uma pasta. Acrescente 750 ml de leite, mas coloque aos poucos, é interessante colocar primeiro apenas 1 xícara, mexer com um batedor para que não empelote, acrescentar os temperos (noz moscada, 50 g de parmesão ralado e sal) e só depois terminar de acrescentar o leite.

Para finalizar 200 g de tomatinhos cereja partidos ao meio. Coloque apenas no fim do cozimento, a ideia é que se mantenham firmes conferindo um pouco de frescor ao molho.

Sirva sobre os embrulhinhos com bastante queijo ralado.

presentinhos de natal de castanha portuguesa e alcachofra e peito de chester com cabernet

Pena que entra ano e sai ano e eu não aprendo a tirar fotos.

Sabor incrível. O chester estava no ponto, sabor bem marcante por causa do vinho e dos demais temperos. Macio, suculento, mas o gosto de Natal ficou mesmo por conta dos embrulhinhos de castanha portuguesa e alcachofra. Recheio cremoso, mozzarella derretida e sabor delicado e ao mesmo tempo reconfortante. Tudo o que se espera de uma ceia de Natal.

Acredito que preparar uma boa ceia é uma forma de declarar seu afeto a todos os presentes. Também pode ser uma maneira de trazer à mesa, em forma de lembranças e boas histórias, aqueles que infelizmente não podem mais compartilhar seu amado sorriso com a gente.

Que o Natal de todos seja inspirado, com mesa farta e muitos sorrisos.

Ho Ho Ho!



Ingredientes

Peito de chester ao vinho tinto:
1 peito de chester desossado de 1kg
1 limão
1 cebola
1 cenoura
2 dentes de alho bem picados
1 folha de louro
3 ramos de tomilho
750 ml de vinho tinto seco de boa qualidade (optamos por um cabernet sauvignon)
sal, pimenta do reino e azeite a gosto


Embrulhinhos de Natal (medidas para 4 porções)
Para o recheio:
500 g de castanhas portuguesas
1 lata de corações de alcachofra em conserva (peso drenado aproximado: 200 g) 
1/2 xícara de bacon em pequenos cubos
2 dentes de alho
sal, azeite e gotas de limão

Massa:
200 g de farinha de trigo
200 g de semolina de grano duro
3 ovos inteiros
4 gemas
sal, azeite e noz moscada a gosto

Molho:
2 colheres (sopa) de manteiga
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
750 ml de leite
200 g de tomate cereja
noz moscada, 50 g de parmesão ralado e sal

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Redenção

Às vezes a gente acorda e sente que alguma coisa está fora do lugar. Com esta sensação comecei a navegar pelo blog meio sem rumo, e eis que navegando percebo perplexa que a clássica berinjela recheada ainda não constava do índice do Gastronomia Doméstica.

Berinjela é unanimidade aqui em casa por sua versatilidade e sabor. Sabor este tão marcante que raras vezes aceita o papel de coadjuvante nas receitas. É sempre a protagonista, mesmo quando misturada com carne, bacon, molho e muito queijo.

E sendo fã de berinjela de carteirinha seria de se esperar que o blog tivesse uma infindável lista de receitas com esta estrela. Mas não, a berinjela recheada não estava lá! (música dramática ao fundo)

A princípio não quis acreditar. Percorri aqui e ali por entre todas as páginas do blog até que tive que assumir esta gafe. Definitivamente algo a ser corrigido sem demora.

Assim, corri para a cozinha buscando redimir este ato falho rapidamente. Abri a geladeira e elas estavam lá, na gaveta de legumes me olhando com ar de reprovação. Me ajoelhei para pegá-las e após muitas desculpas vamos finalmente à receita.

Corte duas berinjelas grandes ao meio, um pouco de sal, bastante azeite um raminho de tomilho sobre cada metade e forno brando por aproximadamente 40 minutos (ou até que estejam macias).

Berinjelas macias, retire o miolo com uma colher e reserver. Pique na ponta da faca 500 gr de filé mignon (a carne moída é uma alternativa para quem tem pressa). 

Aqueça uma panela com um pouco de azeite, frite bem o filé mignon, acrescente 1 cebola cortada em finas fatias em meia lua e 2 dentes de alho finamente picados, um pouco de sal e pimenta do reino, refogue bem. Faça o deglacê com 1 xícara de vinho tinto seco, acrescente 3 fatias de presunto cru bem picadas (pode ser substituído por um pouco de bacon, é apenas para saborizar). Adicione 1 tomate cortado em cubos, assim como o miolo retirado das berinjelas também picado. Mexa bem, deixe ferver por uns 10 ou 15 minutos, até que o tomate se integre com o restante dos ingredientes. Finalize corrigindo o sal (se necessário), salsa e tomilho para alegrar o prato. 

Espere esfriar e então recheie as berinjelas com a carne. Cubra com uma generosa camada de parmesão ralado e leve ao forno bem alto para gratinar.

berinjela recehada com mignon e bem gratinadinha

De comer de joelhos. Realmente não dá para entender porque esta receita demorou tanto tempo para integrar estas páginas.

Agora sim, com a receita publicada sinto-me leve. Cada coisa agora está novamente em seu devido lugar.



Ingredientes

Berinjelas recheadas:
2 berinjelas grandes
500 gr de filé mignon
1 cebola
2 dentes de alho
1 xícara de vinho tinto seco
3 fatias de presunto cru
1 tomate cortado em cubos
queijo parmesão ralado para gratinar
sal, pimenta do reino, azeite, salsa e tomilho a gosto

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ouro líquido

Ah! A gastronomia italiana e suas surpresas.

Imagine um prato à sua frente com um belo raviolone coberto com molho de shimeji e creme de leite. Já estaria bom se parasse por aí, mas não, ao partir o raviolone pode-se ver escorrer um maravilhoso líquido amarelo alaranjado.

Pois é, é assim que é um raviolone d'oro. A sensação ao ver o ouro líquido tomar conta do prato é a de que temos algo verdadeiramente valioso em nossas mãos.

Uma gema de ovo escondida entre massa, queijo e molho esperando o doce momento de se revelar.

Nem é preciso se perder em elogios, a receita e as fotos falam por si. Por isso vamos logo para o preparo.

preparando o recheio

Comece pela massa. Dessa vez optamos por uma massa de grano duro, ou seja, ela não é feita só com farinha de trigo, é metade farinha de trigo, metade semolina.

Para 5 raviolones de diâmetro de 12 cm misture no processador 75 g de farinha de trigo, 75 g de semolina, 2 ovos inteiros e 1 gema. Sal, 1/2 colher (sopa) de azeite e noz moscada deixam a massa ainda mais especial.

Pulse algumas vezes no processador até que todos os ingredientes estejam misturados. Coloque em uma bancada e amasse na mão até que fique homogênea. Deixe descansar por uns 15 minutos e está pronta para esticar.

Estique o mais fininho que conseguir (lembre-se que terá que cozinhar em 3 minutos e meio para que a gema não passe do ponto). 

Corte a massa com um aro de 12 cm de diâmetro. Imediatamente coloque o recheio.

Para o recheio bata no processador 150 g de mozzarella de búfala em bolinhas (aquelas em cerejinhas), 50 g de amêndoas torradas, algumas folhinhas de manjericão a gosto, assim como sal e azeite.

Faça um ninho com esta pasta de mozzarella e dentro coloque uma gema (como na primeira foto). Prefira ovos de galinha caipira. Coloque uma pitada de sal sobre a gema antes de fechar.

Feche com a ponta de um garfo (como um pastelzinho), umedecer as bordas ajuda nesta etapa.

Cozinhe por 3 minutos e meio em água fervente.

O molho é bem rápido e simples, limpe 100 g de shimejis e sobre eles coloque o suco de 1 limão. Deixe repousar por alguns minutos, lave rapidamente para tirar o excesso de limão, escorra muito bem. Não deixe de molho, os cogumelos absorvem muita água e podem ficar com uma textura de borracha quando demasiadamente hidratados.

Panela bem quente, 3 colheres (sopa) de azeite, frite os cogumelos, assim que murchar acrescente 300 ml de creme de leite fresco.

Espere ferver, acrescente sal e finalize com salsinha a vontade. Pronto para servir!

raviolone d'oro com molho de shimeji

Um verdadeiro espetáculo!

Espetáculo que se completa ao quebrar a gema e deixar seu sabor misturar com a cremosidade do queijo, a crocância das amêndoas e a delicadeza do molho.

Não se esqueça de acompanhá-lo com fatias de pão italiano. Afinal, que resiste a raspar o prato?

ouro líquido

Ah! Esses italianos... Aí sim, fomos surpreendidos novamente!

Precisa dizer mais alguma coisa?



Ingredientes

Raviolone D'oro
(medida para 5 raviolones)
Massa:
75 g de semolina de trigo
75 g de farinha de trigo
2 ovos
1 gemas
1/2 colher (sopa) de azeite
sal e noz moscada a gosto

Recheio:
150 g de mozzarella de búfala
50 g de amêndoas
folhas de manjericão
5 gemas

Molho:
100 g de shimeji
O suco de 1 limão
300 ml de creme de leite fresco
sal, azeite e salsinha a gosto.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Em dia de pão de linguiça, não se pode ter preguiça, daí!

Às vezes a gente acorda de mal com a vida. Sem vontade de ver ninguém, de falar com ninguém e, principalmente, sem vontade de ouvir ninguém.

Para esses dias recomendo uma receita que lhe prenda na cozinha por horas a fio. Nada melhor do que brigar com a farinha para descontar as frustrações da vida.

Melhor ainda, se essa receita tiver uma inspiração bem humorada. Por isso recorri a uma receita lá de Pato Branco, daí!

Uma receita feita pela personagem Bozena do saudoso (mas nem tanto) Toma lá da cá. Muitas ressalvas ao programa em questão, mas a Bozena era impagável.

Bora para a cozinha dedicar o dia a um pão com linguiça. E em dia de pão de linguiça, não se pode ter preguiça, daí!

Primeira etapa, preparar o recheio. O recheio precisa ser batido no processador, e por isto deve ser a primeira coisa a ser feita, depois a massa precisará de descanso e de precioso silêncio e não será permitido o ruído do processador. Em Pato Branco, em dia de pão de linguiça nem carro na rua atravessa por causa do descanso do pão.

Bom, no processador 500 g de linguiça fresca, 1 colher (sopa) de erva doce e 1 colher (sopa) de azeite. Tudo bem batido e reserva, daí!

Hora de partir para a massa. Em uma travessa coloque 2 tabletes de fermento fresco (30 g), 1 colher (sopa) de açúcar, 1 xícara de farinha de trigo e 2 xícaras de água morna. Misture tudo rapidamente, sem a preocupação de manter a uniformidade. Cubra com papel filme e deixe descansar por aproximadamente 30 minutos.

30 minutos depois... 

Acrescente 2 colheres (sopa) de manteiga, 4 xícaras de farinha de trigo e 2 colheres (chá) de sal. Agora é só começar o toma lá da cá, sovar o pão com vontade, vontade mesmo, até obter uma massa homogênea e que não grude na mão (polvilhe mais farinha conforme a necessidade).

Depois de sovar o pão até suar, coloque em uma travessa polvilhada com farinha e cubra com papel filme para que a massa descanse novamente. Mais 30 minutos (ou o tempo suficiente para que a massa dobre de tamanho) em silêncio e devidamente coberta com um pano limpo para que fique quentinha e confortável.

30 minutos depois...

Acorde a massa com carinho, coloque em uma bancada e mais uma sessão de sova, daí! Para sovar, estique a massa usando a palma da mão e depois recolha com os dedos e faça esse movimento repetidas vezes. Quando todos os problemas desaparecerem da sua mente pare de bater na coitada da massa e misture a linguiça. Misture bem a linguiça na massa para que todas as camadas possuam recheio.

Modele o pão e coloque em uma forma untada com um pouco de azeite. Cubra com um pano e deixe descansar novamente até que dobre de tamanho.

Dobrou de tamanho, hora de pincelar uma gema e levar ao forno, daí! Forno preaquecido a 180° por aproximadamente 30 minutos, ou até que esteja dourado.

Esta é a hora do carinho. Não há mau humor que resista ao aroma de um pão de linguiça perfumando a casa, daí!

pão de linguiça, daí!

Fofinho, saboroso, uma verdadeira delícia!

Delicioso e inspirador, tanto que até dá vontade de brincar de Bozena...

Lá em Pato Branco dizem que pão de linguiça bom tem que ser cheirosinho e dourado, bem como este daí, daí!

Quem diz eu não sei direito, porque eu nunca ouvi, mas que dizem que dizem, isso dizem sim, daí!


Ingredientes

Pão de linguiça:
500 g de linguiça fresca
1 colher (sopa) de erva doce
1 colher (sopa) de azeite
2 tabletes de fermento fresco (30 g)
1 colher (sopa) de açúcar
5 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de água morna
2 colheres de manteiga
2 colheres (chá) de sal

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Liberdades poéticas

Poucas obras foram tantas vezes contada e recontada como As Aventuras de Sherlock Holmes. O personagem de Arthur Conan Doyle já foi o protagonista de filmes, seriados e serviu de inspiração para muitas tramas onde o foco central é a dedução.

E a cada vez que sofre uma nova adaptação muitas liberdades poéticas são inseridas na história. Watson já trocou de sexo sendo interpretado pela fantástica Lucy Liu, Sherlock já deixou sua amada Inglaterra, já veio para os tempos atuais, já virou desenho animado, já tornou-se quase um super herói e chegou até mesmo a trocar de profissão.

Para os fãs algumas dessas liberdades poéticas são mais bem aceitas do que outras, mas o que todas elas teem em comum é que são uma homenagem ao detetive mais famoso do mundo.

Claro que, como fã, não poderia deixar de prestar a minha homenagem a esta obra pela qual me apaixono mais a cada página, e como sempre, por aqui a liberdade poética passa pela cozinha.

Para ser mais exata, com algumas referências à amada Inglaterra de Sherlock. Mas nada de peixe e batata frita, isso deixo para outra ocasião. De forma bem singela farei uma referência à mais conhecida tradição inglesa: a hora do chá, adaptada para o verão de um país tropical. E também utilizarei uma cerveja que teve sua origem em solo inglês para uma receita que só mesmo um expert na arte da dedução seria capaz de descobrir seus mistérios.

É por ela que iremos começar, a receita do melhor bolo de chocolate do mundo, mas que não é feito com chocolate e leva cerveja Stout na massa.

A cerveja stout surge de uma variação das porters. A cerveja porter era muito popular entre os "porters" (carregadores) londrinos. Basicamente esses trabalhadores precisavam de uma cerveja escura e forte para repor às energias após um dia de trabalho pesado. Quando as cervejarias inglesas passam a exportar a cerveja porter para a Rússia e países bálticos, sente-se à necessidade de torná-la ainda mais forte para uqe suportasse as baixas temperaturas da viagem, e eis que então surge a stout, com seu característico sabor de café feita a partir de malte bastante torrado (o ministério da cerveja adverte: existem controvérsias nessa história).

Mas viemos aqui para cozinhar e não para contar história, então em uma panela coloque 100 g de manteiga e 1 xícara transbordando de cerveja stout. Leve ao fogo até que a manteiga derreta e acrescente uma xícara (que não precisa transbordar desta vez) de cacau em pó. Mantenha em fogo baixo, mexendo sempre, até que ferva e o cacau esteja misturado de forma uniforme. Desligue e reserve.

Em uma travessa coloque 2 xícaras de farinha de trigo, 2 xícaras de açúcar, 1 colher (chá) de sal e 2 colheres (chá) de bicarbonato de sódio. Reserve.

Outra travesssa, bata 2 ovos com 200 ml de creme de leite fresco e o suco de 1/2 limão. Adicione a mistura de cacau e cerveja já fria, quando homogêneo acrescente a farinha e o açúcar. Coloque em uma forma untada com manteiga e chocolate em pó e leve ao forno preaquecido à 200º por aproximadamente 25 minutos.

Enquanto o bolo está no forno... derreta 50 g de chocolate meio amargo no microondas (importante que seja em uma travessa de vidro e vá de 1 em 1 minuto mexendo nos intervalos para não correr o risco de queimar o chocolate). Chocolate derretido, acrescente 1/4 de xícara de cerveja stout, 1/2 xícara de creme de leite fresco e 1 colher (sobremesa) de manteiga. Misture tudo muito bem e reserve para cobrir o bolo já frio (a ganache também já deve estar fria).

o melhor bolo de chocolate sem chocolate do mundo!!!

Meus caros, simplesmente o melhor bolo de chocolate do mundo. Macio, suave e nada enjoativo. Perfeito para recuperar as energias depois de um dia de trabalho.

Acompanhando este bolo, chá mate gelado com uva. Ferva 1 litro de água. Ferveu, desligue, adicione 3 colheres (sopa) de mate e 2 colheres (sopa) de açúcar. Tampe a chaleira e espere 5 minutos. Em uma jarra coloque 200 ml de suco de uva integral (aqueles sem açúcar, sem conservantes e que o sabor é bem intenso). Peneire o chá nesta jarra. Sirva gelado.

chá mate com uva, delícia de verão

Perfeito para a hora do chá tupiniquim acompanhando um delicioso bolo de chocolate. Mais perfeito ainda se o momento for saboreado na companhia de mistérios que se desfazem facilmente pelo simples exercício da dedução. Afinal, quando elimina-se o impossível, o que restar, não importa o quão improvável seja, deve ser a verdade.


Ingredientes

Bolo de cerveja stout:
100 g de manteiga
1 xícara de cerveja stout
1 xícara de cacau em pó
2 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar
1 colher (chá) de sal
2 colheres (chá) de bicarbonato de sódio
2 ovos
200 ml de creme de leite fresco
suco de 1/2 limão

Ganache de stout:
50 g de chocolate meio amargo
1/4 de xícara de cerveja stout
1/2 xícara de creme de leite fresco
1 colher (sobremesa) de manteiga

Chá mate com uva:
1 litro de água
3 colheres (sopa) de mate
2 colheres (sopa) de açúcar
200 ml de suco de uva integral 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Abaixo o preconceito!

Em época onde até motivos torpes dão origem à manifestações, o Gastronomia Doméstica também resolveu levantar uma bandeira. Uma importante e linda bandeira multicolorida contra o preconceito.

Afinal, gostamos mesmo é de misturar, explorar novos sabores e tendências e consideramos a diversidade o melhor tempero.

E é claro que nossa manifestação acontece na cozinha, entre pratos, talheres e panelas.

Pegamos um arroz que veio lá da china, para preparar um risoto (receita tipicamente italiana), acrescentamos um ingrediente de raízes lusitanas e pronto, um risoto negro com bacalhau feito por uma brasileira com muito orgulho, com muito amor ♥.

Bacalhau dessalgado. Ferva 1/2 litro de água, 1/2 litro de leite, 2 ramos grandes de manjericão e 2 dentes de alho "gordinhos". Ferveu, desligue, coloque 500 g de bacalhau dentro da panela, tampe e esqueça pelos próximos 30 minutos.

Depois de 30 minutos, escorra o caldo e reserve 2 xícaras e os dentes de alho (faça uma pasta com o alho). Deixe o bacalhau em lascas grandes, retire todas as espinhas.

Prepare o arroz preto conforme instruções da embalagem, mas não esqueça de dar um toque pessoal. Segundo as orientações da embalagem... refoguei 1 cebola bem picada em azeite, frite rapidamente 250 g de arroz preto, acrescente 2 xícaras de água quente, 1 xícara do caldo onde o bacalhau foi fervido para acrescentar ainda mais sabor ao arroz e sal a gosto (lembre-se de que será misturado com o bacalhau, portanto use com moderação). Cozinhe em panela semi tampada por 50 minutos.

Enquanto o arroz cozinha... prepare o refogado de bacalhau. Em uma panela aqueça bastante azeite, coloque 1 cebola fatiada em meia lua,  deixe dourar levemente e acrescente a pasta de alho reservada. Misture e refogue até que o aroma dos temperos invada todos os cômodos da casa. Acrescente 2 tomates sem pele picados finamente, 1 dose de conhaque e 1 xícara do caldo de bacalhau reservada. Deixe ferver por aproximadamente 15 minutos, panela aberta, fogo médio e mexa de vez em quando apenas para garantir que não grude no fundo.

Quando já estiver quase seco acrescente as lascas de bacalhau e as envolva neste refogado. Salsinha finaliza e dá uma cor.

Assim que concluir o cozimento do arroz, misture o arroz e o bacalhau e sirva em uma bonita travessa, enfeite com folhinhas de manjericão.

risoto negro de bacalhau... misturando e misturando e misturando...

Delícia, delícia, delícia. O arroz é muito, muito, muito, muito mesmo e bota muito nisso, aromático. A complexidade do sabor do arroz preto é um carinho para o paladar, misturada com a maciez do bacalhau e os temperos o que obtemos é um prato completo, rico e sensacional que transforma em um verdadeiro desafio a tarefa de encontrar uma sobremesa a altura.

Desafio feito é desafio aceito. De sobremesa uma receita de doce quase português. Quase, o doce de ovos moles típico português não tem a brasilidade, o axé do leite de coco que só a nossa baba de moça tem. A baba de moça faz parte da história do Brasil, veio lá da época da chegada da família real nas terras tupiniquins. Remexer o baú da história é ótimo para resgatar receitas e essencial para combater qualquer preconceito.

Para a baba de moça, iremos precisar de uma calda em ponto de fio. Coloque em uma panela 2 xícaras de açúcar e 3/4 de xícara de água, misture e leve ao fogo médio sem nunca mexer. Depois de uns 5 minutos de fervura comece a testar o ponto, o ponto de fio é quando coloca-se a colher na calda e ao tirá-la a calda não está mais líquida, ela forma um fio denso caindo da colher.

Desligue e deixe esfriar por uns 10 minutos sobre a pia, não muito mais do que isso, senão ela endurece, não muito menos do que isso, senão pode estragar o ponto das gemas. Que gemas? As sete gemas que já devem estar em uma travessa junto com 1 vidro de leite de coco. Uma boa dica é retirar a pele das gemas para suavizar o cheiro de ovos do doce. Existem várias técnicas para retirar a pele, eu, particularmente, prefiro furar a pele da gema e puxar delicadamente com os dedos em pinça (um pouco mais delicado do que no vídeo, com menos dedos envolvidos)... vai de cada um...

Bom, gemas misturadas com o leite de coco, a calda pronta e fria, misture a calda nas gemas mexendo sempre até ficar homogêneo. Leve ao fogo baixo e continue mexendo sempre, depois de ferver vai engrossar. Começou a engrossar, não espere muito, desligue e deixe esfriar.

Massa filo comprada no mercado porque seria uma insanidade fazê-la em casa... ou não, mas é tremendamente trabalhosa, para quem duvida ou não conhece, assista esse vídeo do Diário do Olivier sobre os pastéis de Tentugal (lá pelo minuto 7 do vídeo ele mostra o processo da massa). Enfim, massa filo comprada no mercado, devidamente descongelada.

Pequenas forminhas untadas com manteiga, uma camada de massa filo cobrindo o fundo e as laterais, manteiga derretida espalhada com um pincel sobre a massa, outra camada, mais manteiga, mais uma camada, recheie generosamente com a baba e moça, cubra com mais duas camadas de massa filo alternada com manteiga. Leve ao forno preaquecido a 200º por aproximadamente 10 minutos (ou até estar dourada).

Sirva com açúcar de confeiteiro e canela polvilhados.

um doce quase português, com massa filo e baba de moça

Crocante por fora, cremoso por dentro, definitivamente a felicidade encontra-se dentro dos doces de ovos  (a minha felicidade certamente).

Misturar, misturar e misturar para lembrar que o bom da vida é ser feliz... e que tudo sempre fica melhor sem preconceitos e com uma pequena ajuda dos doces de ovos...


Ingredientes
Risoto negro com bacalhau (serve generosamente 3 pessoas):
250g de arroz preto
500 g de bacalhau
2 cebolas
1/2 litro de leite
1/2 litro de água
2 ramos grandes de manjericão
2 dentes de alho "gordinhos"
2 tomates sem pele picados finamente
1 dose de conhaque
sal, azeite e salsinha a gosto
folhas de manjericão para enfeitar

Doce quase português (aproximadamente 10 doces):
1 pacote de massa filo
2 xícaras de açúcar
3/4 xícara de água
7 gemas
1 vidro de leite de coco
açúcar de confeiteiro e canela para polvilhar

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Show de horror

Sim, este texto é sobre um show de horror, mas não, não estou falando das eleições.

Nada de falar sobre candidatos que tentam demonizar o adversário, de eleitores enfurecidos ou das travessuras políticas... 

Aqui só vou falar de múmias, bruxas e travessuras com as panelas. Afinal o Halloween é esta semana e toda festa é sempre uma boa desculpa para comer bem e fazer uma graça com os amigos.

Vou começar pelas graças: múmias de salsicha. Não requer prática, nem tão pouco habilidade, até porque aqui cabe a máxima de quanto pior, melhor.

Ferva salsichas. Massa folhada, comprada no mercado, prontinha e fácil de usar, cortada em tiras. Enrole a massa em volta das salsichas. Disponha sobre uma forma e leve ao forno alto para dourar. Faça olhos e boca com mostarda.

direto do egito, algumas múmias de salsicha

Pode não ser um espetáculo de sabor, mas orna com o tema e é um petisquinho crocante e divertido para esperar os convidados.

Mais uma graça? Que tal lambuzar-se com dedinhos de bruxa? Sem fugir do tema, que tal usar esta receita dos monstrengos de Natal e transformá-la nos dedinhos? Basta dosar o cacau para determinar o tom da pele dos dedinhos da bruxa.

Modele os dedos, coloque uma amêndoa na ponta de cada biscoito e com uma faca faça pequenos riscos para dar a impressão dos nós dos dedos. Quando sair do fogo lambuze com um pouco de sangue... ops... quer dizer, geleia de morango.

dedinhos de bruxa...

Chega de graça, é hora de pensar em comida, mas comida de verdade, daquela feita no caldeirão enquanto mexemos sem parar...

Risoto de abóbora, porque abóbora não poderia faltar já que é um dos grandes símbolos da data.

E risoto é sempre aquela mesma história, depende de ter um bom caldo de legumes para começar. Faça o caldo a partir de cenoura, salsão, salsinha, cebolinha, talo de alho poró, uma folha de louro, cebola e alguns dentes de alho. Cubra com água e deixe tudo isso cozinhar com um pouco de sal e azeite. Cozinhou até que o caldo esteja bem saboroso, peneire e use para o risoto.

Panela aquecida, um pouco de azeite, 1 cebola picada, refogue até murchar. Acrescente 1 xícara de arroz arbóreo, frite rapidamente, adicione 1 dose de vinho branco, espere evaporar, acrescente 1 xícara de abóbora picada em pequenos cubos. Um pouco de caldo, mexe, mais caldo, mexe mais, até que o arroz esteja cozido, aproximadamente 20 minutos. Para finalizar, 1 colher de manteiga, 1 generosa porção de queijo parmesão ralado e salsinha para dar uma cor. 

e começa a festa da abóbora... risoto de abóbora

 Delicado, suave, quase não combina com o tema... diria que é uma fadinha no meio das bruxas...

Ainda sem mudar de assunto, outra receita de abóbora, agora doce e cheia de especiarias: torta de abóbora.

A torta de abóbora tem bastante gosto de, adivinhe do que? De abóbora, por isso ela é ótima, para quem gosta de abóbora...

Descasque e pique 1 abóbora cabotia. Coloque em uma forma untada com um pouco de óleo ou manteiga. Sobre a abóbora polvilhe gengibre em pó, canela e noz-moscada, acrescente também alguns cravos e cubra com papel alumínio. Leve ao forno médio até que esteja bem macia, aproximadamente 1 hora. Mexa de vez em quando, se for necessário.

Abóbora assada, faça um purê no processador. Retire do processador, transfira para uma travessa e deixe coberto por mais alguns minutos.

Misture ao purê 1 xícara de creme de leite fresco, 4 ovos, 1/2 xícara de açúcar mascavo e 1/2 xícara de açúcar refinado. Bata bem e reserve.

De volta ao processador, agora para o preparo da massa... 1 xícara de farinha de trigo, 1 colher (sobremesa) de açúcar, 1 pitada de sal, 50 g de manteiga, 1 gema e 1 colher (sopa) de água gelada, quem gostar, pode colocar uma pitada de canela na massa também.

Bata rapidamente usando a função pulsar, apenas para misturar os ingredientes de maneira não uniforme mesmo. Retire do processador, faça uma bola com a massa, enrole em papel filme e leve à geladeira por pelo menos 30 minutos.

Depois de 30 minutos... desenrole a massa e estique entre dois plásticos para que não se quebre. Forre o fundo e as laterais de uma forma de 25 cm de diâmetro com a massa. Asse em forno brando por 15 minutos.

Retire do forno, espere esfriar e despeje sobre a massa fria o recheio também frio. Volte ao forno a 180° por aproximadamente 1 hora. A massa deve ficar dourada e o recheio firme.

Na hora de servir acompanhe de chantily e nozes pecã torradas.

torta de abóbora, boa pra quem gosta de abóbora...

Como eu gosto de abóbora, eu gostei muito da cremosidade e sabor. Repetiria em todas as festas, independente de ter abóbora incluída no tema.

Quitutes preparados, mesa posta, hora de colocar a fantasia e armar algumas traquinagens para os convidados.

Que cheguem preparados e cheios de fome, porque ao contrário da festa da democracia, neste Halloween não é preciso ter estômago forte para participar...


Ingredientes

Múmias de salsicha:
Massa folhada
Salsicha
Mostarda para enfeitar

Risoto de abóbora
Para o caldo:
1 cenoura

1 talo de salsão
1/4 maço de salsinha
1/4 maço de cebolinha
1 talo de alho poró
1 folha de louro
1 cebola
2 dentes de alho
sal e azeite a gosto

Para o risoto:
1 cebola picada
1 xícara de arroz arbóreo
1 dose de vinho branco
1 xícara de abóbora picada em pequenos cubos
1 colher de manteiga
1 generosa porção de queijo parmesão ralado
salsinha e azeite a gosto

Torta de abóbora:
1 abóbora cabotia.
1 colher (sobremesa) de gengibre em pó (medida aproximada)
1 colher (sobremesa) de canela (medida aproximada)
1 colher (sobremesa) de noz-moscada (medida aproximada)
5 cravos da índia
1 xícara de farinha de trigo
1 colher (sobremesa) de açúcar
1 pitada de sal
50 g de manteiga
1 gema
1 colher (sopa) de água gelada
chantily e nozes pecã torradas

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Imaginário infantil


Lembro de um dia, quando criança, entrar em uma casa toda feita dos melhores doces e comidas...

Era um dia de festa e sobre a mesa principal estavam as massas, as travessas de arroz, assados, refogados, farofas, saladas e tudo assim no plural... era comida até onde as vistas podiam alcançar...

A mesa de doces não era diferente, sobremesas de todas as cores e sabores e bem no centro, o manjar branco de coco com calda de ameixas.

Depois de um tempo, achei que havia sonhado com este lugar... fiquei feliz ao descobrir que não, que este dia realmente aconteceu em alguma data longínqua... mas certamente algumas lembranças tornaram-se um tanto quanto exageradas devido ao rico imaginário infantil que gosta de dar um colorido especial às recordações.

O caso é que uma das coisas que não inventei é que realmente havia uma festa, muita comida e o delicioso e cremoso manjar de coco.

Talvez ainda por culpa de um toque de imaginação, sempre achei que uma sobremesa tão gostosa fosse muito complicada e por isto nunca me arrisquei a procurar alguma receita deste doce que tanto me encanta.

Eis que um belo dia, resolvi perguntar do que é feito o manjar e descobri que não poderia ser mais simples de preparar.

Simples mesmo! Basta arregaçar as mangas e começar a misturar 1 lata de leite condensado, 2 vezes a mesma medida da lata de leite, 1 vidro de leite de coco, 1/2 xícara de amido de milho e 1/2 xícara de coco ralado, tudo em temperatura ambiente para não correr o risco de empelotar.

Agora levar ao fogo médio mexendo sempre até que engrosse. Colocar em uma forma untada com um pouco de óleo e geladeira por 2 horas.

Pronto!

manjar de coco, na próxima versão a foto será mais caprichada

Para ser um clássico, sirva com calda de ameixas. Recomendo hidratar as ameixas previamente para que fiquem mais macias na calda, 30 minutos são suficientes.

Em uma panela coloque 2 xícaras de açúcar e 1/ xícara de água, misture e deixe derreter sem encostar a colher (parece superstição, mas isso evita que a calda endureça) quando estiver derretido e com cor de caramelo acrescente água fervente (aproximadamente 1 xícara). Cuidado nessa hora, sobe bastante vapor e pode assustar ou até queimar algum desavisado.

Espere o açúcar dissolver completamente, agora pode mexer e acrescentar 1 xícara das ameixas já hidratadas. Sirva fria.

Cremoso é pouco para descrever esta delícia!

Como foi minha primeira tentativa acho que posso aprimorá-la, coloquei em uma forma grande demais (30 cm de diâmetro com furo no meio) e a sobremesa ficou baixinha, uma forma menor e mais trabalhada daria um aspecto mais imponente à sobremesa.

Assim como poderia fugir do clássico, dispensar a forma e servir em taças sem calda de açúcar, mas com variadas caldas de frutas vermelhas, maracujá ou chocolate...

Decidido, quando precisar de um doce o manjar será o eleito em muitas versões.

Fazer tantas vezes e de tantas maneiras diferentes que me pergunto, será que um dia as crianças aqui de casa terão alguma história onde o manjar será o protagonista? Ou será que irão cansar a ponto de dizer para a tia: manjar? de novo?

Daqui há alguns anos eu descubro...


Ingredientes

Manjar de coco:
1 lata de leite condensado
2 vezes a mesma medida da lata de leite
1 vidro de leite de coco
1/2 xícara de amido de milho
1/2 xícara de coco ralado

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Dicas e comemorações

Às vezes uma dica vale mais do que mil receitas...

Na próxima sexta-feira (dia 17 de outubro) completamos 1 ano da volta do Gastronomia Doméstica, um ano com muitas receitas, muitas histórias e alguns sustos.

E para comemorar nada de receitas, mas 2 dicas de decoração de bolos que certamente farão qualquer festa brilhar ainda mais.

Afinal, todo mundo está cansado de saber que primeiro comemos com os olhos.

Os sabores e receitas de bolo e recheio ficam por conta das preferências pessoais de cada um, mas, para quem quiser algumas ideias receita de bolo é o que não falta por aqui e como toda comemoração é um excelente momento para relembrar...


Mas vamos ao que interessa...

A primeira dica é transformar seu bolo em uma linda cesta de frutas vermelhas... fácil e prático, não requer prática, nem tão pouco habilidade... um pouco de habilidade talvez, mas nada que exija o trabalho com mangas de confeiteiro e muitos detalhes.

Cubra a lateral do bolo com creme chantily para "colar" as barrinhas de kit kat uma ao lado da outra. Para uma garantia extra de que as barrinhas não irão cair levando junto o charme do bolo, uma fita com um bonito laço dão o acabamento.

Na parte superior do bolo divirta-se colocando frutas vermelhas até cobrir toda a área. Cerejas frescas, morango, mirtilo, amora, framboesa, groselha são excelentes opções... Claro que todas devem ser previamente lavadas e devidamente secas antes de serem colocadas sobre o bolo.

O toque final fica por conta de folhas de hortelã colocadas entre as frutas.

bolo cesta de frutas, para quem é viciado em kit kat

Lindão e com toque crocante para os viciados em kit kat.

Mas se estamos tentando fugir do chocolate...

Outra dica que também não requer dotes de decoração de confeitaria são as opções de naked bolos. Os bolos pelados... ou seja, sem nenhum tipo de cobertura.

Pão de ló, recheio a escolher, este bolo fica mais bonito quando em camadas. É preciso dar sustentação na camada inferior para que a camada superior não afunde, porque bolo bom, é bolo fofinho.

Essa sustentação é feita através de suportes que podem ser comprados em lojas de confeitaria. Para quem é adepto do "faça você mesmo" este suporte pode ser improvisado com palitos de churrasco embrulhados em papel alumínio e bases de papelão embaixo dos bolos.


Camadas montadas, frutas frescas disponibilizadas sobre os andares e açúcar de confeiteiro polvilhado. 

naked bolo, provando que menos é mais

Sim, mais uma vez, optamos pelas mesmas frutas vermelhas... mas podem ser substituídas por flores comestíveis (opção mais do que perfeita para casamentos), por castanhas (dependendo da época do ano e da combinação de sabores) ou mesmo por decorações mais divertidas, moldadas naquela massa de leite em pó, para festas infantis.

Assim como variar a cor dos bolos dando um toque a mais... Para mim, o naked bolo é o exemplo perfeito de que menos é mais, por isso prefiro todas as camadas de pão de ló e uma decoração bem simples... é um toque de sofisticação em qualquer festa.

Sofisticado ou não, o importante é que haja bolo, e que a cada ano a comemoração seja ainda mais intensa, afinal a família está crescendo e muitas atrações estão previstas no cardápio.