sábado, 24 de dezembro de 2011

Adeus ano velho...

Finalmente as festas chegaram. Este ano além de todos os preparativos gastronômicos, resolvi fazer alguns agradinhos. Presentes personalizados, muitas surpresas, muita decoração e aí já viu. Haja tempo e disposição.

Hoje finalmente está tudo pronto. A parte da ceia que dava para adiantar, como a sobremesa e a terrine da entrada, já estão prontas. As carnes na geladeira marinando. Alguns enfeites colocados e todos os presentes prontos, comprados e embrulhados.

Meus braços ainda doem de toda essa trabalheira e os olhos já estão fechando... mal posso esperar por deitar na minha cama.

Mas então a consciência pesou, afinal estou em débito com o Gastronomia Doméstica. Como dormir sem desejar um feliz Natal a todos que acompanharam as peripécias culinárias deste 2011?

Venho aqui desta vez de maneira breve apenas para desejar um Natal maravilhoso rodeado de pessoas especiais e que 2012 seja um ano doce... doce, salgado, picante, agridoce... enfim, que seja um ano repleto de sabores e sensações.

Para terminar deixo aqui uma receitinha com a intenção de adoçar a reta final de 2011 e dizer que após um curto período de merecidas férias, tudo volta ao ritmo normal. Promessa de ano novo!


Esta receita é bem fácinho e versátil. Nas quantidades que vou passar abaixo rende apenas umas 10 tortinhas pequenas (daquelas forminhas de 7cm de dimâmetro).

Para a massa misture meia xícara de manteiga, 1 xícara de farinha, 1 gema de ovo, 1/4 de xícara de água gelada, 1/2 xícara de açúcar e raspas de 1 limão.

Deixe a massa bastante homogênea manuseando apenas com a ponta dos dedos. Acrescente mais farinha caso sinta necessidade, mas lembre-se que é para ficar bem quebradiça mesmo, então cuidado com o excesso.

Massa pronta, enrole em papel filme e geladeira nela por uns 40 minutos.

Enquanto isso, prepare o recheio.

Em uma panela coloque 1 colher de sopa de manteiga. Quando estiver derretida acrescente uma xícara de leite onde já deve estar dissolvida uma colher (chá) de amido de milho, junte uma lata de leite condensado e 1 gema.

Sempre em fogo médio mexa até engrossar. Reserve, só utilize o recheio quando ele já estiver frio.

De volta à massa, retire da geladeira, faça pequenas bolinhas, coloque a bolinha no centro da forminha e com os dedos espalhe por todo o fundo e laterais da forma (untar a forma fica pela cautela de cada um, por causa da quantidade de manteiga da massa ela solta bem fácil). Uma dica legal é fazer vários furinhos na massa com um garfo, para não formar bolhas.

Leve ao forno pré-aquecido por cerca de 20 minutos, ou até que esteja dourada.

Retire do forno e recheie.

Nesta versão de recheio coloquei mirtilos na massa, cobri com o creme e por cima joguei geléia de framboesa.

Para fazer a geléia de framboesa coloque em uma panela as frutas picadas e um pouco de açúcar. A quantidade de açúcar é bem variável, depende da doçura da fruta e de gosto pessoal, eu coloco pouquinho, cerca de 2 colheres de (sopa) para uma caixinha pequena de framboesas.

Acrescente também o suco de meio limão. Espere o açúcar derreter e a framboesa começar a soltar água, então coloque 1/4 de xícara de vodca. Isso ajuda a conservar a geléia por mais tempo e a dar brilho. Cozinhe em fogo baixo até obter a consistência desejada.


Em outra versão dispensei as forminhas, fiz pequenas bolachinhas com a mesma massa. Abri com o rolo deixando a massa entre dois plásticos para não quebrar e usei um cortador para fazer as bolachinhas.

Cobri com o mesmo creme, mas então coloquei maças caramelizadas com um pouquinho de canela polvilhada e uma cereja fresca.


A mudança da fruta muda completamente o sabor, a textura... são dois doces bem diferentes.

Essa massa e esse creme abrem espaço para trabalhar com o recheio que tiver à mão e esbanjar criatividade na apresentação.

Boas festas e mesa farta todos os dias!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Boicote

As festas de fim de ano estão chegando e com elas a cultuada orgia gastronômica que acompanha a data.

Assado, farofa, mais assados, arroz, bebidas, fartura transbordando da mesa e sobremesas mil. Sabendo de tudo isto, tem gente aqui em casa fazendo a compensação desde já.

Só pratos leves, muitos legumes, muita cor e nada de exageros.

Nesta onda um almoço recente que rolou foi composto por salada colorida de legumes seguida por truta ao molho de amêndoas.

Tudo muito light e principalmente: saudável.

Para a salada colorida cozinhamos vagem, cenoura cortada em tiras não muito finas (mais para corte jardineira do que julienne) e chuchu (sei lá porque, mas sempre achei que chuchu deveria ser escrito com x).

Sempre com um pouquinho de sal na água do cozimento.

Complete acrescentando mais uma cor com tomates sweet.


Tempero básico. Sal e azeite bastam, um orégano também é bem vindo.

Mais um acompanhamento, aquele arroz feito com leite de coco. E mais uma vez foi uma receita aprovada e altamente recomendada.

Temperamos a truta com sal, pimenta do reino, azeite, alecrim e suco de limão. Para seu preparo basta grelhar. Desta vez resolvemos utilizar o grill. O que sinceramente não foi uma boa idéia (nesta parte do texto já imagino minha irmã me chamando de chatinha e inconformada por eu falar isso pela 50ª vez). A questão do grill girou em torno da pele ter ficado grudada e ter que ser dispensada ao invés de ficar crocante e divina.

Mas, a truta ficou lindona, no ponto certinho e muito saborosa.


Adoro o sabor delicado da truta, principalmente se ela não for salmonada. Além de ser muito fácil para harmonizar com diversos molhos.

O preparo dos molhos pede apenas um pilão e bom braço. Comece com amêndoas torradas, salgadas e quebradas até o tamanho desejado utilizando o braço e o pilão, não necessariamente nesta ordem. Reserve.

No pilão erva-doce e azeite extra virgem. Esmague para extrair o sabor da erva. Então misture este azeite saborizado (sem as sementes da erva-doce) às amêndoas e complete com mais azeite para obter a consistência do molho.


Agora, para quem acha que não pode haver molho mais simples: alcaparras.

Para o molho de alcaparras basta lavá-las para tirar o excesso de sal e conservantes e então esmagá-las bem misturando com azeite (sempre o extra virgem quando for consumido cru).

Sim, assim fácil.


Amêndoas para quem é de amêndoas, alcaparras para quem é de alcaparras e os dois para indecisos como eu.


O molho de amêndoas combina com a delicadeza da truta, levemente adocicado e ainda aquela textura crocante que agrada em muito o paladar.

Já o molho de alcaparras contrasta com a truta fazendo também uma ótima harmonização por características opostas. Por dar um toque marcante ao prato e combinar muito bem com o alecrim do tempero.

Tá tudo muito bom. Tudo muito bem. Eis que chega meu cunhado com a sobremesa. Nada de salada de frutas ou gelatina. Hora de boicotar a dieta pré-Natal em grande estilo.

Com direito a doce de leite, creme de confeiteiro, açúcar refinado e massa folhada daquelas bem gordas, fininhas e crocantes.

A massa folhada utilizada foi daquelas compradas no mercado. Estendida sobre uma forma, bem furada com um garfo e forno médio até dourar.

O doce de leite foi escolhido com carinho, argentino, cremoso e doce na medida certa.

Açúcar de confeiteiro para polvilhar. Uma idéia para quem não usa sempre este açúcar e não quer comprar um pacote que ficará umedecendo no armário. Bata o açúcar refinado comum no liquidificador, ele ficará bem fininho como o de confeiteiro e pode ser preparado na quantidade desejada.

Faltou fazer apenas o creme de confeiteiro. Este foi preparado um dia antes (sim, o boicote foi premeditado).

Em uma panela deve-se bater sem parar 1 ovo inteiro, 2 gemas (sem pele como sempre), algumas gotas de extrato de baunilha e meia xícara de açúcar. Bater com vontade mesmo, até que fique bem clarinho.

Aos poucos então, acrescente meia xícara rasa de farinha de trigo, e continue mexendo bem para que não empelote. Hora de juntar devagar meio litro de leite, sempre mexendo e levar ao fogo brando.

Já falei que é para mexer sem parar? Com calma, espere engrossar. Para saber o ponto deve-se passar o dedo nas costas da colher de pau. Se não juntar é sinal que já está firme o suficiente. Finalize com uma colher (sopa) rasa de manteiga.

Dica, monte o mil folhas apenas no momento de servir. A massa folhada absorve a umidade do doce de leite e do creme e pode murchar se já estiver pronto há muito tempo.

A montagem segue o clássico de camadas e camadas. Massa, creme, massa, doce, massa, açúcar. Nesta versão 1000 é sim igual a 3. E me dizem que não há relatividade na matemática.


Totalmente a favor de boicotes deste tipo. Deste tipo assim, cremoso, crocante, de comer rezando.

Viva o boicote!!!!!

Depois, tem outra. Fim de ano não é hora de pensar em dieta. Se fizermos dieta agora estragaremos as promessas da hora dos fogos de artíficio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quem espera sempre alcança

Toda família tem histórias que se repetem sempre que surge um determinado assunto. Aqui em casa uma dessas histórias acontece sempre que falamos de culinária ibérica, ou sobre a bisa que eu nunca cheguei a conhecer.

É sempre igual, iniciar um desses assuntos e ouvir minha mãe contar com brilho no olhar sobre o aroma que preenchia todos os cômodos da casa cada vez que sua avó resolvia fazer migas. Começava com banha derretida, e terminava com uma tortinha de pão cheia de alho que dizia ela ser uma das receitas mais apreciadas em sua infância.

Trinta anos se passaram e eu continuava só a ouvir essa mesma história sem nunca ter provado tal sabor, e em minha boca muita água se formava só de ouvir o nome deste prato.

Pois é... minha mãe fez esta tortura familiar por muitos anos, acumulando vontades sem nunca saciá-las. Até que um belo dia... eu me cansei, a tranquei na cozinha e fiquei parada na porta vigiando com o chicote na mão. Ela só sairia dali após ter preparado a melhor migas de todos os tempos.

Tudo bem, não foi exatamente assim, mas fiz bastante pressão para convencê-la a arriscar-se a fazer a receita por ela tão idolatrada como um pequeno sabor de sua infância e uma deliciosa saudade de sua avó.

Migas é algo bastante simples e tradicional na culinária portuguesa. Como minha mãe descreveu é uma receita de pobre, feita com pão e muitos temperos, e claro, deliciosa e inesquecível.

Para começar, deve-se umedecer o pão. Escolhemos o pão francês mesmo, mas pode ser feito com broa, pão de forma ou qualquer outro pão que tiver à mão. Em uma travessa o pão deve ser grosseiramente picado e coberto de água. Depois de 2horas, o pão já terá absorvido a água e então começamos a temperar essa mistura com sal, azeite, pimenta do reino, salsa e cebolinha.


Em uma frigideira aqueça azeite e frite um pouco de bacon, quando já estiver bem torrado, acrescente 3 dentes de alho picados e deixe dourar. Acrescente então o pão e mexa bem até secar a água. Quando a água começar a secar, modele o pão de modo que pareça uma omelete e deixe fritar até que crie uma casca.

Vire para formar essa mesma casquinha do outro lado.

Básico, simples e como não podia ser diferente: um espetáculo.


Espetáculo este digno de ser assistido de camarote. E foi justamente isto que nosso prato principal do dia fez, assistiu a tudo de dentro de forno, confortavelmente sentado.

Para fazer o frango sentado a única coisa que é de fato fundamental é ter a forma própria para isto. Parece uma forma de pudim, mas com a parte central mais alta e as laterais bem baixinhas. Importante é sempre antes de preparar um frango, lavá-lo bem com bastante limão. Isso serve para tirar todo o cheiro de "granja" e qualquer eventual textura desagradável. Depois de lavar, vamos ao tempero.

Desta vez optamos por tempero pronto. Usamos sopa de cebola (daquelas de saquinho mesmo, mas própria para culinária), bastante azeite e o caldo de 2 laranjas.

O franguinho fica ali, fechado em uma travessa, todo besuntadinho até a hora de ser devidamente acomodado na forma, ter sua roupa muito bem ajustada (sim, estamos falando da pele presa na parte superior com o auxílio de palitos), com direito a luvas e sapatos (sim, cubra as pontas das asas e das coxas com alumínio).

Na parte inferior da forma acomode algumas batatas com um pouco de sal. A gordura e o tempero do frango irão escorrer para o fundo da forma, deixando as batatas saborizadas. De tempos em tempos, regue o frango, ou com o líquido que escorreu ou caso ache que não é suficiente, com um pouco de água fervente.

Demora cerca de 1hora e meia para que ele fique bem dourado.


O frango fica suculento, assado por igual, com pele crocante e com o mínimo necessário de gordura, sem falar das macias batatinhas que completam o cardápio.


Cardápio este aliás, que merece uma salva de palmas. Afinal para descobrir finalmente o sabor das migas até o frango já estava esperando sentado.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sabores do Mundo

Do lado esquerdo, o berço da nouvelle cuisine, repleta de queijos, vinhos e conhecida internacionalmente por sua tradição gastronômica: a França. Representada neste post por Claude Troigros.

Do lado direito, com uma marcante gastronomia composta por grande variedade de salsichas, conhecida por sua tradição cervejeira com mais de 1300 cervejarias e mais de 5000 rótulos disponíveis no mercado: a Alemanha. Representada aqui por uma cerveja produzida em solo brasileiro, mas que segue o método de produção desenvolvido na cidade de Bamberg, a cerveja Bamberg Rauchbier.

E no centro, ela, que reflete sua diversidade cultural nos pratos do dia-a-dia, que entede como poucas nações da arte cervejeira, produtora de mais de 1500 tipos e representada aqui pela Carbonade Flamande, direto da região de Flandres para este blog: a Bélgica.


Feitas as devidas apresentações, vamos aos fatos. Assistindo "Que Marravilha", vi Claude Troigros (só para variar um pouquinho) ensinar uma daquelas receitas de deixar o telespectador com água na boca, a Carbonade Flamande.

O que fazer? Claro, correr para a cozinha e começar os trabalhos.

Como eu disse na apresentação do post, esta é uma receita belga. Melhor do que isso, é uma receita belga feita com cerveja e muitas especiarias.

Tempere cerca de 1 quilo e meio de contra filé cortado em cubos com sal e pimenta e reserve. Em uma panela frite uma generosa porção de bacon picado bem miudinho. Quando já estiver frito e crocante, comece a dourar a carne. Como a panela que eu estava usando era pequena (quis fazer na panela de ferro), fiquei com receio de colocar a carne toda de uma vez e começar soltar água, então fui fritando aos poucos, retirando, reservando, fritando mais... até conseguir fazer com que todos os meus cubinhos de carne estivessem devidamente selados, dourados e suculentos. Tirei todos os pedaços de contra-filé da panela e coloquei 3 cebolas médias em finas fatias para fritar em uma grande colher (sopa) de manteiga. Sei que pode parecer muito, mas acredite, não é, coloque sem medo 4 dentes de alho picados e uma pimenta dedo-de-moça com as sementes e também picada.

Junte então 4 cravos da índia, 2 paus de canela e 2 generosas colheres (sopa) de açúcar mascavo. Tudo bem mexido, diluído, homogeneizado, hora de acrescentar 2 colheres (sopa) de farinha de trigo e só então voltar a carne à panela. Uma boa mexida e cobrir com 300ml de cerveja Gold e mais 300ml de cerveja Dunkel. Usei as duas cervejas da mesma marca: Therezópolis.

Diz a lenda que esta cerveja começou a ser produzida no Brasil por dinamarqueses, primeiro para consumo próprio e depois em escala comercial. Mas, no final da Primeira Guerra Mundial, ficou difícil conseguir os 3 diferentes lúpulos de sua fórmula, e então sua produção ficou cada vez mais escassa, sendo encontrada somente em ocasiões especiais. Como uma forma de homenagear esta história a Cervejaria St. Gallen reiniciou sua produção em escala comercial para o prazer de nossos paladares.

A Therezópolis Gold é uma cerveja puro-malte com bom corpo.

Já a Dunkel é a sua versão escura, com coloração levemente avermelhada, aroma vibrante e notas equilibradas de torrefação. Mas... de volta à receita...

Carne coberta com as cervejas, acrescentar o bouquet garni (usei talos de salsa, cebolinha, talos de manjericão, folhas de louro e talos de alho poró, tudo bem amarrado com um barbante), tampar a panela e deixar ferver, sempre espiando e acrescentando um pouco mais da cerveja conforme precisasse. Usei as duas garrafas de cerveja inteiras.

3 horas depois, para finalizar, uma colher (sopa) de mostarda dijon, retirar o bouquet garni, dar uma última mexida e está pronta para servir.


Sugestão? Cancele o arroz e o brócolis e farte-se desta maravilhosa receita que expressa suas referências flamengas através de sua carne macia, com denso e suculento molho e com aromas maestralmente orquestrados como só um chef fancês dos mais renomados saberia fazer.

Sabor de fazer raspar o molho com o miolo do pão para evitar lamber o prato. E para harmonizar, os vinhos que me desculpem, mas neste caso nada melhor do que uma honesta cerveja.

Cerveja esta, também brasileira, vinda daqui de pertinho, da cidade de Votorantim e que carrega no rótulo o nome da cidade que desenvolveu as cervejas produzidas a partir de malte defumado. Dizem que um dia uma cervejaria de Bamberg pegou fogo, o cervejeiro para não perder dinheiro, resolveu produzir a cerveja com o malte que conseguiu resgatar do incêndio e para sua surpresa, a cerveja fez um verdadeiro sucesso. Surge daí as cervejas defumadas ou rauchbier (rauch em alemão quer dizer fumaça).


E como tudo o que é defumado me lembra bacon... não tem como ser ruim... não deve ser provada muito gelada, isso compromete sua apreciação desde seu aroma até o paladar, 5º é a temperatura ideal para que ela se mostre em toda sua essência.

Bem avermelhada, bem encorpada, e completamente defumada. O tipo de cerveja que não poderia ter sido criada em outro país, pois é forte como só a gastronomia alemã consegue ser.

E se uma culinária é mais marcante, a outra pode ser mais refinada ou tradicional e a graça é justamente esta, misturar a força de lá, com a cultura dali e unir tudo isso com a habilidade técnica de outro lugar.

Assim, conseguimos não extrair um sabor único de cada prato, mas sim um pedacinho do mundo a cada porção.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cuca-fresca

Quero começar este post com um milhão de desculpas pelas escassas postagens dos últimos tempos. Mas sabem como é... basta o fim de ano se aproximar que minha cabeça não consegue se concentrar em mais nada.

São presentes, preparativos para a festa, a escolha do cardápio da entrada à sobremesa e sem falar que além de tudo isso ainda tenho que conciliar a paixão por gastronomia com 8 horas diárias e ininterruptas de trabalho... ufa... haja tempo e disposição para conseguir realizar todas as idéias borbulhantes.

Justamente por causa de todo este tumulto tenho reservado meus momentos de folga para relaxar com os amigos, passear pelo circuito cultural da cidade, estar em família e todas aquelas coisinhas que adoro e sempre falo por aqui.

Muitas justificativas simplesmente para dizer que sinto-me culpada pela ausência... enfim...

Como a produção gastronômica aqui de casa anda meio parada (continuamos fazendo 3 refeições diárias, mas sem muitas novidades) sempre estou de olho no que posso encontrar de bom por aí. Por isso, não podia deixar de aproveitar um momento shopping e compras de natal para ser apresentada ao Freddo.

Para quem, assim como eu, nunca teve a oportunidade de visitar nossos hermanos, preciso dizer que é uma marca de sorvete bastante famosa e bem quista pelos turistas. Mas também pudera, o carro chefe da sorveteria é o sabor inigualável do doce de leite argentino.

O Freddo chegou a São Paulo no começo do ano e agora está também em um quiosque no Shopping Paulista, bem pertinho ao Papai Noel.


Falar que o sorvete é cremoso não o descreve, ele é mais do que cremoso, ele é macio, marcante e encanta desde sua cor. Faz por merecer toda sua fama e a euforia de quem o indica.

O preço não é dos mais agradáveis, mas pelo menos agora não é mais preciso deixar o país para prová-lo.

Sei que foi uma ótima parada para descansar as pernas e esfriar as idéias. Ânimo renovado para preparar um post fresquinho, recém saído do freezer.

E como sempre digo, tudo sempre fica melhor com sorvete, até as voltas em um lotado centro de compras.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A favorita

Não, eu não estou sozinha. Uma pesquisa feita com mais de 16 mil pessoas em 17 países diferentes descobriu que macarrão é a comida preferida do mundo. Dá-lhe espaguete na rapaziada.

Para surpresa dos pesquisadores no Brasil a feijoada ocupa apenas a 4ª posição com menos de 5% da preferência, já disparada em primeiro lugar com mais de 20% está ela, a lasanha.

Gastronomia Doméstica apoiando as IMPORTANTÍSSIMAS descobertas científicas não poderia deixar de homenagear essas novidades capazes de mudar os rumos da história quanto ao conceito que temos sobre os pratos que melhor representam nossa soberana nação.

Posto isso, aqui estamos nós com uma criativa receita de Lasanha.

Dessa vez nada de farinha, ovos, suor e sujeira. Aproveitei para valorizar o produto regional comprando na altamente recomendada casa de massas MR, na rua de trás aqui de casa. Massa fresca, fininha, amarelinha, saborosa e com preço justo.

Se não há trabalho com o preparo da massa, podemos então nos concentrar no molho, no recheio, no queijo e em todos os sabores que iremos misturar.

Me inspirei livremente no ravioli que postei aqui no blog em misturas exóticas.

Na panela sempre o queridíssimo azeite levemente aquecido e começamos os trabalhos com um alho poró em fatias bem fininhas. Deixe refogar até murchar bem e então frite 1 quilo de linguiça calabresa fresca sem pele e moída no processador.

Aproveitei para tirar o excesso de gordura da linguiça nesta manobra. Hora de fritar e fritar e fritar. Algumas gotinhas de tabasco, bem de leve, uma lata de creme de leite, desliguei o fogo e então acrescentei um punhado de biscoitinhos amaretti que esfarelei com a ponta dos dedos.

Molho pronto e reservado, hora de fatiar algumas peras. Finas fatias de 4 peras com algumas gotinhas de limão para não escurecer. Em uma frigideira manteiga, onde deixei as peras cozinharem até ficarem macias. Mais uma parte do recheio pronta e reservada.

Queijo camembert em finas fatias, requeijão cremoso e parmesão ralado a postos, estamos prontos para começar a montagem.

Comecei pincelando requeijão cremoso no fundo da travessa, uma camada de massa, uma bem servida porção de molho, uma camada de pera e sobre as peras, esparsas fatias de camembert.

Mais massa, mais molho, mais pera, mais queijo, mais massa, mais requeijão e muito, muito parmesão ralado.

Forno quente e bora gratinar.


Como posso descrever? Ah! Já sei. Uau!!!!

Incrível combinação de sabores em uma lasanha cremosa e muito recheada. Perfeitamente entendido porque é preferência nacional.

Aos vencedores a lasanha.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

No Stress

Ah! O poder calmante da fruit de la passion.

Fruit de la passion é o nome francês do maracujá. E não vá pensando que é que sobre qualquer paixão que estamos falando não. Mas sim da Paixão de Cristo.

Os religiosos europeus encantados com a beleza de suas flores às associaram à coroa utilizada por Jesus e suas cores coincidiam justamente com as cores que a igreja usava na semana santa. Resumindo, o maracujazeiro tornou-se uma excelente forma encontrada pelos padres missionários de utilizar metáforas na catequezição.

Independente de qualquer explicação sobre esse batismo, sua flor é linda e sempre achei seu sabor bastante sedutor.

Já no Brasil... maracujá vem do tupi e quer dizer "alimento na cuia" o que dispensa qualquer explicação.

Enfim, não é de hoje que o maracujá é minha fruta preferida. Além de ser maravilhosamente azedo (há controvérsias sobre isso, né mãe?) ainda deixa uma leve sensação de torpor e relaxamento. Por isso, nos dias mais tensos uma boa idéia é incluir este fruto no cardápio.

Optei pelo clássico e irresistível salmão ao molho de maracujá.

Como todo filé de peixe, grelhar o salmão é bem simples, basta aquecer uma frigideira com um pouco de azeite, e então deixe 3 minutos, primeiro com a pele para baixo para ficar bem crocante e depois vire e deixe mais 2 minutos. Fica no ponto certinho.

O molho é igualmente simples e rápido. Em uma panela derreta 1 colher de manteiga, 2 colheres de açúcar mascavo e acrescente a polpa de 2 maracujás. Deixe ferver por 5 minutos e acrescente uma lata de creme de leite.


Na hora de servir, basta repousar o molho sobre o salmão.

Suculento e com perfeita combinação de sabores e texturas sem falar que é um prato bastante saudável.

Mas se estamos falando de comidas com efeito relaxante não podemos esquecer das sobremesas.

Que tal uma indicação daquele chef australiano de quem eu adoro comentar aqui no blog?

Pois é, mais uma receita a lá Curtis Stone: Granita de maracujá.

Ferva meia xícara de açúcar com meia xícara de água, coloque a polpa de 3 maracujás, um generoso punhado de folhas de hortelã picadas e algumas gotas de limão.

Leve ao freezer, a cada 20 minutos raspe o gelo formado nas beiradas com um garfo, misturando com o meio até que esteja completamente congelado e tenha o aspecto de pequenos grãos (umas 4 idas e vindas ao congelador mais ou menos).


Servi sobre uma salada de frutas de manga e morangos. Achei fantástico, mas como dica fica certificar-se que seus convidados tenham uma mínima tolerância ao azedo. Minha mãe por exemplo não conseguiu comer a salada de frutas até o fim nem com a ajuda de muito leite condensado.

Mas eu e minha irmã aprovamos o delicioso e refrescante azedinho combinado com o doce das frutas da estação.

De resto basta aproveitar os sabores com efeito tranquilizante e sem contra-indicações... quer dizer... overdose de maracujá pode ter como efeito colateral o sono, muito sono.

ZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzz

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Senta, que lá vem história!

Era uma vez...

...uma rainha chamada Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança (ufa). Como já era de se esperar, antes de ser rainha a Maria foi princesa. Não qualquer princesa, mas a Princesa do Brasil (além de ser Princesa da Beira e Duquesa de Bragança).

Como ela era muito importante, não podia se casar com qualquer um. Teve que garantir a continuidade dinástica da Casa de Bragança casando-se com o tio Pedro de Bragança.

Tiveram quatro filhos, entre eles João, que um dia assumiria o trono como D. João VI e por causa de umas confusões com um maluquinho francês que gostava de usar chapéu e montar em seu cavalo Branco, Joãozinho correu sair de Portugal rumo ao Brasil.

Tão às pressas que sua mãe, a Maria, disse uma frase que entrou para a história: Não corram tanto, vão pensar que estamos a fugir. Frase bem sincera, embora o que comentam por aí é que ela não tinha pressa nenhuma por acreditar que estava mesmo era indo para o inferno...

Resumindo, a nossa Maria não batia lá muito bem dos pinos e isso lhe rendeu a fama de Louca.

Curiosidade? Já que a Maria era meio lelé da cuca, só permitiam que ela saisse acompanhada de muitas damas da corte. A Maria, que ia rodeada de muitas outras damas fez nascer a expressão Maria vai com as outras.

Mas este continua sendo um blog de gastronomia onde o que nos interessa não é a transformação da Princesa em Rainha ou da Rainha em Louca, mas sim a transformação da Maria em padaria.

E se tem uma coisa que português entende bem é de padaria, ora pois.


A casa de pães Maria Louca, ali na rua dos patriotas, oferece uma infinidade de opções. E como em toda boa padaria fui envolvida por seus aromas logo na entrada.

Ambiente bem iluminado, amplo, com rápido atendimento e cardápio inusitado. Os lanches foram batizados, por exemplo, com nomes de antigos cinemas do bairro do Ipiranga.


Não resisti à garoa de bacon descrita no cardápio e ataquei um Cine Soberano.

Conselho, vá com fome, muita fome. Muitíssimo bem servido e acompanhado de batatas. Bom, se tem bacon... eu sou suspeita para falar, mas...

De verdade, lanche generosamente montado e muito saboroso, daqueles de fazer os olhos brilharem a cada mordida. 


Como nem só de bacon se vive, há também opções mais lights. O Cine Anchieta com rúcula, tomate e filé mignon grelhado é bem mais leve.


Lanche para quem é de lanche. Buffet pra quem é de buffet, no mezanino servem todas as refeições do café-da-manhã ao jantar, com grande variedade também, mas que deixei para experimentar em uma próxima visita.

Sugestão, quando estiver em uma padaria nada melhor para terminar a refeição que um delicioso doce. Riquíssima oferta de doces. Optei pelo de café, com pistache e physalis de decoração.


Um lugar que faz juz ao slogan que tem: Sabor em todos os sentidos.

E já que...

...além de comida estamos falando de história. Saímos da padaria e resolvemos fazer uma visitinha ao palácio construído como monumento da independência. Ali no Ipiranga mesmo, onde o Pedrinho I, neto da Maria, recebeu uma carta do João e resolveu proclamar a independência.


Afinal, foi assim que o infante e serelepe Pedrinho tornou-se imperador, casou-se com a Imperatriz Leopoldina (a da escola de samba) apaixonou-se pela Marquesa de Santos...

...e eles viveram felizes para sempre...

Bom... eles eu não sei, mas esse domingo foi bem feliz.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Gastronomia Doméstica's Show

Queridos leitores, queridas leitoras, estamos aqui hoje para mais uma receitinha que irá deixar a sua vida mais gostosa.

Sabe aquela visita inesperada? Aquele fim de tarde com as crianças, ou no começo de mais um maravilhoso dia cheio de possibilidades?
 
Pois então meus caros, minhas caras, algo doce e simples que você poderá fazer rapidamente e com isto conquistar merecidos elogios e um ambiente familiar leve e descontraído.
 
Faremos hoje um bolo de cerveja com canela.
 
 
Você irá precisar dos seguintes ingredientes para a massa do bolo:
 
2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de cerveja
1/2 xícara de água
1/4 de xícara de óleo (canola ou milho)
4 ovos
e 1 colher (sopa) de fermento em pó
 
 
Para o mesclado de canela precisaremos de:
 
2 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de canela em pó
1/2 colher (chá) de noz moscada
 
 
Não esqueça da farinha e da manteiga para untar a forma.
 
 
Olha só como esta receita não dá trabalho nenhum, sujaremos apenas uma forma de bolo inglês, uma travessa, o liquidificador e uma peneira.
 
 
Agora não há desculpas amiguinho, amiguinha, mãos à obra começando com o preparo da massa do bolo.
 
Em um liquidificador coloque o óleo, o açúcar peneirado, os ovos e a água. Uma dica importantíssima, é sempre retirar a pele que envolve a gema do ovo. É isso mesmo meus queridos, minhas queridas, retire essa película em torno da gema e diga adeus às receitas com cheiro forte de ovo.
 
Cara feia para o aroma de seus bolos, nunca mais.
 
 
De volta à nossa receita do dia, deixe tudo bater no liquidificador muito bem, cerca de 3 minutos. Delicadamente acrescente esta mistura a uma travessa onde a farinha e o fermento devem estar já peneirados.
 
 
Misture com calma em movimentos circulares, somente quando estiver completamente uniforme junte a cerveja e mexa mais uma vez.
 
A cerveja ajudará na fermentação do bolo e o deixará mais leve sem afetar em nada o sabor.
 
Reserve a massa e prepare então o mesclado.
 
Para o mesclado, basta misturar todos os ingredientes e reservar.
 
Unte a forma e pré-aqueça o forno à 180º.
 
Despeje metade da massa na forma, polvilhe com todo o mesclado de canela e cubra com o restante da massa. Agora é só levar ao forno e esperar cerca de 40 minutos para ter um bolo lindo, macio, aromático e muito saboroso.
 
 
Para acompanhar uma deliciosa xícara de café passado na hora, fresquinho, fresquinho.
 
 
Outra sugestão minha colega, meu colega é sempre deixar umas raspinhas de limão para quem quiser colocá-las no café. Eu a-do-ro, mais do que isso, gosto também de colocar umas gotinhas de essência de baunilha no pó de café.
 
 
Meu amigo, minha amiga, não adianta admirar a foto, corra para a cozinha agora mesmo e comece os preparativos. E claro, não deixe de nos relatar como foi sua experiência e de acompanhar as peripécias culinárias do Gastronomia Doméstica aqui no meu, no seu, no nosso blog que é feito com todo carinho e dedicação sempre na intenção de deixar todo sabor ainda mais especial.
 
 
Até breve com novas histórias gastronômicas.
 
OBS: A receita do bolo foi tirada da revista Ana Maria, mas como sempre, foi feita contando com algumas liberdades poéticas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Flores

Feira é sempre um evento. Ainda na madrugada os feirantes começam a chegar, montar suas barracas e começam a vender seus produtos contando com a força do gogó.

Olha o Abacaxi! Tá barato, tá docinho.

É a forma de comércio mais antiga que se tem conhecimento. Talvez por isso traga em si toda uma atmosfera bastante peculiar. E entre as caracteríscas que mais me agradam está na oportunidade de comprar produtos da estação, frescos, e (normalmente) a preços justos.

Mais do que isso, os feirantes, como bons profissionais, sempre demonstram um grande conhecimento daquilo que ofertam. Justo por isso, sabem como ninguém indicar as mais variadas formas de preparo.

Foi o caso das mini alcachofras encontradas na feira por minha mãe. O feirante ao vê-la olhando fixamente para as petit-alcachofras não pensou duas vezes antes de passar mil receitas e contar causos sobre as bonitinhas.


Deu todos os detalhes e dicas, falou como outros fregueses costumam prepará-las e mais do que isso, a ensinou a escolher as melhores. Resultado? O óbvio, minha mãe chegou em casa com alcachofras pequenas e grandes e com mil idéias na cabeça. Isso é que é um bom vendedor.

Um almoço totalmente primaveril nasceu a partir daí com direito à entrada, prato principal e sobremesa feitos com flores.

Para preparar as mini-alcachofras basta cortar a parte superior, retirando desta forma as folhas mais duras e então parta-as ao meio no sentido do comprimento. Cozinhe por cerca de 10 minutos em água fervente suficiente para cobrí-las. Depois de cozidas passe no ovo batido com um pouco de sal e na farinha de rosca e frite.


Uma sugestão é temperar as alcachofras com azeite, sal, talvez algumas gotinhas de limão, antes de empaná-las.


E não é que o feirante tinha razão? Fácil de preparar e uma forma diferente de provar os tão apreciados corações de alcachofra. As alcachofras grandes foram cozidas também e suas folhas servidas junto com a entrada. Sempre, é claro, acompanhada de um molhinho feito com azeite, limão e sal.


Comer as folhas da alcachofra parece uma brincadeira, onde ficamos ali, molhando as folhinhas, comendo sem pressa enquanto o prato principal vai chegando ao ponto exato.

Bom, se as folhas das alcachofras grandes ajudaram a compor a entrada, seus miolos depois de limpos foram parar no risoto.


Em uma panela coloque azeite e uma cebola picada. Refogue e acrescente o arroz arbóreo, frite por pouco tempo e então junte meia xícara de vinho branco. Aos poucos já colocando o caldo de frango e mexa sempre.

Este caldo de frango eu fiz com ossos de ante-coxa, além é claro, de salsa, cebolinha, estragão, sal, um pouquinho de conhaque, louro, cebola, cenoura e um dente de alho.

Mais ou menos na metade do cozimento, acrescentamos os miolos de alcachofra cortados em 4 pedaços e no fim, tomates sweets partidos ao meio, uma generosa porção de queijo parmesão ralado e uma colher de manteiga para aveludar o risoto.


Sabor extremamente delicado, com suaves nuances. Daqueles que deixam o paladar mais confortável.

E para finalizar a panacota de lavanda. Lembrando que esta é uma daquelas receitas que exigem horas de geladeira e portanto deve ser feita um dia antes de ser servida.

Dissolva um pacote de gelatina sem sabor em meia xícara de leite e espere 10 minutos. Em uma panela coloque 450ml de leite, 1 xícara de açúcar, 2 colheres (sopa) de lavanda seca e uma fava de baunilha (abra a fava com a ponta de uma faca, raspe as sementes, coloque as sementes e a fava no leite). Espere ferver e desligue. Mantenha tampado por cerca de 5 minutos. Peneire o leite para retirar a lavanda e a fava de baunilha. Volte o leite ao fogo apenas para acrescentar a gelatina sem sabor, deixe que ela derreta bem e desligue o fogo. Junte então 500ml de creme de leite coloque em uma forma untada com um pouco de óleo e leve à geladeira por pelo menos 4 horas.


Fica bem treme-treme, textura cremosa e muito fresquinha. Tenho lá minhas dúvidas se a receita deveria ter toda essa quantidade de leite mesmo, pois a panacota acabou ficando em duas camadas. De qualquer forma ficou super charmosa com as sementes da baunilha.

Servimos com uma calda de frutas vermelhas, amoras e morangos, cozidos com um pouco de açúcar e algumas gotinhas de limão até formar uma geléia bem líquida e cheia de grandes pedaços.


O feirante tinha mesmo razão ao dizer que os morangos estavam docinhos e as amoras suculentas. Frutas como se espera na primavera, mais bonitas e saborosas como a estação parece deixar a vida também.

Afinal, é a estação da fertilidade. Com suas flores e muitas cores. Época que sempre traz muitas novidades. E, por que não? Traz também um pouco mais de poesia.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dois pastel e um chopps

Como criança em loja de doces. É esta a sensação que eu tenho todas as vezes que resolvo passear pelo Mercado Municipal de São Paulo, Mercadão para os intímos.

É simplesmente o paraíso dos apaixonados por gastronomia. O lugar onde se encontra tudo, até o que nem se imagina.

Lavanda seca, favas de baunilha, extrato de baunilha orgânico, nozes pecan agridoces, frutas secas diversas, castanhas das mais variadas e os queijos. Ah! Os queijos... uma infinidade deles.

Feta, de cabra holandês, grana padano, brie, camembert, gorgonzola, fresco, chanclix e sem esquecer do meu preferido, o queijo rambol com pistache, amêndoas ou damasco.


Há também as frutas exóticas, todas lindas, coloridas e perfumando o ambiente. Qualquer tipo de erva aromática, carnes, azeites, vinhos, cereais, temperos... resumindo: o lugar onde se concentra o maior número de ingredientes de altíssima qualidade por metro quadrado.

Além de exalar a tradição paulistana, com toda sua diversidade e sotaques.

Enfim, depois de percorrer seus corredores, provar muitas coisinhas aqui e ali, nada melhor do que parar para relaxar as pernas e abastecer o estômago.

Pastel de bacalhau para quem é de bacalhau e lanche de mortadela para quem é de mortadela. Sempre acompanhado de um bem tirado chopp black. Dessa vez optei pelo pastel e o chopp (assim mesmo no singular) no lugar que vende os mais famosos. O Hocca Bar que funciona ali desde 1952.


Massa crocante, recheio farto e azeite de primeira qualidade à vontade no balcão, tudo para fazer juz à fama que possui.

Fim do descanso, seguir o caminho para casa com a cabeça tão cheia de idéias quanto as mãos de sacolinhas. 

Chegamos então à melhor parte da visita ao Mercadão. Estar em casa e misturar tudo criando sabores fantásticos e inesquecíveis. Como os canapés de queijo de cabra, damasco e noz pecan agridoce.


Sugestão: faça uma tábua de queijos, frutas e castanhas e deixe cada um montar seu canapé com a combinação que preferir.

Harmonize com uma taça de vinho branco borbulhante, jogue as pernas para o ar, feche os olhos, dê um suspiro profundo, sinta a satisfação percorrer o seu corpo e perceba como a vida é bonita, é bonita e é bonita.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pão, pão. Queijo, queijo.

Fim de semana de céu cinzento e com o doce canto da chuva na janela. Clima perfeito para sentir-se inspirada, ligar o forno, deixar a casa com aroma acolhedor e comer algo bem quentinho embaixo das cobertas.

Nessas horas, nada melhor do que pão. Ainda mais se a receita vier lá de longe, onde uma amiga querida se esconde há alguns anos. Preparar a receita com carinho e deixar fluir a nostalgia que surge do momento.

Foi assim que decidi testar a receita do maravilhoso pão preto australiano.

Peneirei 2 xícaras bem cheias de farinha de trigo, 1 xícara de farinha de centeio, 1 colher (sopa) bem cheia de cacau em pó, 3 colheres (sopa) de açúcar mascavo e 1 colher (chá) de sal, coloquei na batedeira (com as pás próprias para massa).

Sempre em potência máxima fui acrescentando aos poucos 2 xícaras de água morna. Deixei bater por cerca de 5 minutos e só então comecei a acrescentar 2 colheres (sopa) de manteiga e 1/3 de xícara de melado de cana. O último ingrediente a se colocar é o fermento biológico, 2 tabletes (15g cada) e mais 10 minutos batendo sem parar.

Pobre batedeira, esquentou, chorou, mas foi brava até o fim e fez seu trabalho com louvor. Depois de tudo isso, um merecido descanso, para a massa, para a batedeira e também para mim.

Longos 30 minutos de paz e tranquilidade que precederam mais 10 minutos de batedeira em velocidade máxima. E mais 30 minutos de sossego e mais 10 minutos de batedeira e... chega.

Modelar o pão, colocar em assadeira untada e esperar que ele cresça (até dobrar de tamanho). Quando crescer, polvilhar com fubá e levar ao forno pré-aquecido a 180º, cerca de 40 minutos para ficar pronto.

Enquanto isso, ainda empolgada por descobrir como se faz manteiga, tentei brincar de fazer requeijão. Bom... não deu certo.

Como foi uma tentativa frustrada, não vou relatar. Basta saber que esta foi apenas a primeira, um dia eu chego lá. Mas aviso, qualhar o leite e tentar colocar no liquidificardor com sal e creme de leite, assim sem critério e sem medida, não dá certo.


Ainda bem que para curar a frustração eu tinha um delicioso pão adocicado, quentinho, extremamente aromático. Confesso que me empolguei com o melado e pesei a mão, acredito que se não fosse isso, o pão teria ficado mais leve.

Mas como eu dizia,  me curei com um pão de sabor impressionante e com um requeijão cremoso, que veio do mercado direto para minha geladeira.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Histórias de pescador

Quando criança eu não gostava de peixe (aliás, quando criança eu não gostava de muitas coisas). Mas então, um belo dia, aconteceu um longo passeio entre famílias onde passamos horas a fio à margem de um rio, pescando.

A falta de coragem de pegar as iscas para colocá-las no anzol (nojinho) fez do passeio um eterno ir e vir pedindo aos pescadores mais experientes para realizarem qualquer tipo de manobra entre o colocar da isca até a retirada do peixe.

Basicamente, as crianças ficavam ali, impacientes, espantando os peixes com risos e brincadeiras, recebendo olhares de reprovação daqueles que realmente esperavam fisgar alguma coisa e ansiosas para perceberem qualquer movimento em suas linhas. Não é a toa que pescadores inventam tantas histórias mirabolantes. Tempo para isso durante uma pescaria é o que não lhes falta.

Enfim, uma criança chatinha que não comia peixe de jeito nenhum, mas que havia pescado vários, muitos mesmo, peixes grandes e em absurda quantidade (olha o exagero típico de pescadores aí), quis provar o fruto de seu trabalho.

Pois é, essa foi a primeira vez que comi peixe na vida. Fritinho, crocante e delicioso. Depois disso, não parei mais (de comer peixes, porque pescar ainda está na lista das coisas que a criança chatinha aqui não gosta de fazer).

De qualquer forma, até hoje mantenho a preferência por peixes de sabor suave (aqueles com menos gosto de peixe), como a truta, a pescada branca, o cação. Quanto aos frutos do mar eu gosto mesmo é que façam como a Dory de Procurando Nemo e continuem a nadar. Quem sabe? Se um dia eu for pescar no mar esse cenário pode mudar (difícil, mas vai que).

Por todas essas limitações, acabo comendo sempre os mesmos peixes e com poucas variações de preparo (frito ou moqueca) e a criança chatinha aqui fica enjoada de sentir sempre os mesmos sabores. Resolvi então, começar a explorar um pouco mais as profundezas da gastronomia e montar novas receitas para apreciar essa carne branca de baixa caloria e extremamente saudável.

E já que a parte light da refeição fica por conta da escolha da carne, nada impede que o molho seja encorpado e cheio de sabores para contrabalancear.

Em 2 colheres (sopa) de manteiga refogue 2 cebolas médias e dois tomates, ambos em rodelas finas (para que a manteiga não queime, coloque também um pouco de azeite). Junte alcaparras, endro, pimenta do reino, algumas gotas de pimenta tabasco e sal a gosto. Cubra com um pouco de água e espere até que o tomate comece a se desfazer. Deixe a água secar e junte meia xícara de creme de leite fresco. Desligue o fogo e finalize com aquela costumeira generosa porção de salsa e cebolinha.

Grelhe pescadas brancas (ou qualquer outro filé de peixe, 3 minutos de cada lado são mais do que suficientes) e sirva cobertas pelo molho.

Para acompanhar, algo igualmente simples e genial: arroz. Mas não qualquer arroz. Arroz com leite de coco.

Em uma panela azeite, 1cebola e 1 dente de alho picados. deixar refogar, acrescentar uma xícara de arroz e fritar. Uma colher (chá) generosa de sal, um vidro de leite de coco, 1 xícara de água, deixar semi- tampado em fogo bem baixo e esperar a água secar.

Um purezinho de batatas também cai muito bem.


Jantar pronto em menos de meia hora. Taí mais um ponto positivo para os peixes, o preparo é rápido.

O arroz fica com textura mais macia e delicada. O molho fica com sabor intenso, grande cremosidade e não esconde o peixe, pelo contrário, ajuda a mante-lo suculento durante todo o jantar.

Um vinho leve como o Salton Lunae harmoniza muito bem. Frizante branco com aquelas deliciosas bolhinhas que fazem cócegas no céu da boca.


Algumas taças e muitos sabores depois, a vontade é de ficar ali, de bobeira, em volta da mesa, entre amigos e família contando muitos "causos". Talvez até alguns "causos" de pescador...