terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Oscar 2015


E só mesmo a cerimônia do Oscar para justificar o atraso de 1 dia na publicação do Gastronomia Doméstica. Afinal, ficar até às 2h da madrugada para acompanhar as premiações desde ator coadjuvante até melhor filme é só o começo. Depois da transmissão ainda rolam mais polêmicas, infinitas piadas na rede, e a parte mais difícil, digerir as escolhas da academia.

Para resumir, o adorado Neil Patrick Harris deu início ao show com um musical fantástico sobre o cinema que citou inúmeros filmes, de Indiana Jones, passando por Star Wars, Chaplin, Monroe até chegar aos indicados do ano. Apareceu de cueca em referência ao vencedor de melhor filme (Birdman) e se esforçou bastante para tentar alcançar Ellen Degeneres e sua tão comentada, curtida e compartilhada, selfie em 2014. Quase conseguiu...

Apresentações musicais emocionantes como Glory, momentos empolgantes com direito a Oscar Lego e tocantes como a homenagem à Noviça rebelde na voz de Lady Gaga (que a essa hora já tinha acabado de lavar a louça e tirado as luvas de borracha).

Enfim, concordando ou não com os vencedores o Oscar é um grande evento que rende muito assunto. E para ficar ainda melhor só se for acompanhado de omelete.

Omelete é uma mistura bem interessante que na gastronomia se resume a bater ovos com os ingredientes de sua escolha. O que pode gerar receitas tão clássicas como Cantando na Chuva ou tão inusitadas como Grande Hotel Budapeste.

Mas na internet, Omelete não é bem isso não. É também uma mistura bem interessante, mas de opiniões e sugestões de bom entretenimento. Graças ao Hyperdrive, OmeleTV e Bloco-X minhas listas de filmes a assistir, livros para ler e jogos para comprar nunca acabam. Graças a eles também, assistir ao Oscar ficou muito mais divertido.

Entre os comentários muitas previsões e apostas sobre a premiação, enquete para saber se Benedict Cumberbatch é realmente gato (claro que sim, qual a dúvida?) e críticas aos perdigotos. Uma mistura bastante diversificada que torna impossível discordar de todos. Nem precisa, eles já fazem isso muito bem entre si.

Agora chega de papo e vamos à receita, pois este aqui ainda é um blog de gastronomia!

Começando com um clássico: omelete de batatas.

O preparo de um bom omelete depende de algumas dicas básicas. Primeiro, é preciso que fique alto, para ficar fofinho, então a quantidade de ovos deve se ajustar ao tamanho da frigideira.

Nesta receita utilizarei 3 ovos e uma frigideira de 15 cm de diâmetro. Mas não vamos começar por aí e sim pelas batatas.

Corte 1 batata em fatias de aproximadamente 1 cm de espessura. Aqueça azeite na frigideira a ser utilizada. O azeite deve ser suficiente para cobrir toda a superfície da frigideira.

Coloque as batatas para dourar quando o azeite estiver bem quente (se o óleo estiver frio, irá grudar, e aí, adeus omelete).  Salpique um pouco de sal e tampe a frigideira para que as batatas cozinhem, ninguém merece comer batata crua. 

Após aproximadamente 5 minutos, vire as batatas e espere dourar do outro lado. Verifique se estão cozidas e aí sim, chegou a hora de quebrar os ovos.

Bata 3 ovos com sal e pimenta do reino a gosto, 1 colher de chá de manteiga e 1/3 de xícara de creme de leite fresco. Grave bem esta mistura básica, precisaremos dela na próxima receita também. 

Uma generosa porção de parmesão ralado para dar um toque interessante e salsinha para acrescentar uma cor. 

Não precisa bater até espumar, basta misturar os ingredientes até que fiquem bem homogêneos. Despeje a mistura de ovos sobre as batatas. Em um primeiro momento não deixe criar uma crosta tão rapidamente no fundo, com uma colher raspe o fundo, trazendo a parte mais cozida para o meio e deixando que a parte mais líquida escorra para o fundo ocupando seu lugar. Quando perceber que não há nenhuma parte totalmente líquida, tampe e espere cozinhar.

Ao destampar, se o omelete já estiver cozido, alto e consistente, será hora de testar as habilidades e virá-lo em um prato e depois devolvê-lo à frigideira para que doure do outro lado.

omelete de batata


Pronto! Um clássico não torna-se um clássico à toa.

Como nem só de clássicos se vive e a graça na cozinha, assim como no cinema, surge quando há ousadia e originalidade vamos à segunda receita de omelete. Omelete de abobrinha com gorgonzola. 

Em uma frigideira refogue 1 cebola e 1 dente de alho picados finamente. Acrescente 1 abobrinha em pequenos cubos de aproximadamente 1 cm, tempere com sal, pimenta do reino e folhinhas de manjericão à vontade. Deixe cozinhar até que a abobrinha esteja macia.

Prepare a mistura básica para omelete e junte a abobrinha e uma generosa porção de queijo gorgonzola. O procedimento é exatamente igual. Frigideira quente, primeiro um lado, depois o outro e pronto!

omelete de abobrinha com gorgonzola


Vontade de cantar Everything is Awesome pra essa receita!

São apenas duas sugestões entre tantas possibilidades limitadas apenas pela criatividade de quem estiver dirigindo o set. O melhor dos omeletes é que são muito versáteis. Seja para assistir ou para saborear, sempre existe uma opção que irá agradar o paladar.


Ingredientes

Omelete de batatas:
1 batata
3 ovos
1 colher de chá de manteiga
1/3 de xícara de creme de leite fresco
30 g de parmesão ralado 
azeite, sal, pimenta do reino e salsinha à gosto

Omelete de abobrinha com gorgonzola:
1 cebola
1 dente de alho
1 abobrinha média
15 folhas de manjericão
3 ovos
1 colher de chá de manteiga
1/3 de xícara de creme de leite fresco
30 g de gorgonzola (um pouco mais não faz mal a ninguém)
azeite, sal, pimenta do reino e salsinha à gosto

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tapetes vermelhos

cogumelos recheados com cogumelos!

Eu sei, eu sei... estamos em plena segunda-feira de carnaval, mas não. Não vou falar do ziriguidum.

Vou falar sobre grandes entradas dignas de um tapete vermelho (e não, ainda não me refiro ao Oscar que acontecerá no próximo dia 22 e me atrai bem mais do que o carnaval).

Estender o tapete vermelho para alguém que chega é revelar logo de cara seu prestígio. Por isso, há quase nove meses que o tapete vermelho está estendido aqui em casa, aguardando ansiosamente pela chegada do mais novo e ilustre membro da patota que já está batendo na porta logo mais.

E o tapete vermelho nesse caso significa que o quarto está pronto, as roupinhas estão limpinhas, lembrancinhas e enfeite de porta estão comprados e tudo está devidamente preparado para que ele venha quando quiser.

Já em uma refeição gosto de pensar que a entrada cumpre este papel de bem recepcionar, tal como um longo tapete vermelho.

Servir uma boa entrada também é uma forma de demonstrar aos convidados o quanto o anfitrião sente-se honrado por recebê-los. Portanto, este importante primeiro prato, muitas vezes relegado, deve ser bem planejado e muito saboroso.

Pecisaremos de 8 cogumelos paris gigante e uma bandeja de 150 g do cogumelo paris fresco em sua edição normal. Higienize os cogumelos com um pano umedecido.

Tire os cabinhos dos 8 cogumelos gigantes e com uma colher (chá) cavoque o meio para abrir espaço para o recheio (delicadamente, tenha cuidado para não quebrar os cogumelos).  Aqueça azeite em uma frigideira e quando estiver bem quente coloque os cogumelos para fritar por aproximadamente 2 minutos. Vire e espere mais dois minutos. Retire do fogo e reserve.

Em uma panela, aqueça azeite e 1 colher (sopa) de manteiga, quando estiver bem quente adicione os cogumelos paris pequenos bem picados (se ainda houver disponibilidade dos gigantes, não os desperdice, inclusive os talos e o miolo). Assim que os cogumelos murcharem, acrescente 2 dentes de alho finamente picados, sal, 3 ramos de óregano fresco, uma pitada sutil de pimenta cayena, 1 dose de conhaque e fogo! Após flambar os cogumelos, adicione 150 ml de creme de leite fresco e salsa e cebolinha à vontade.

Recheie os cogumelos gigantes, cubra com queijo parmesão ralado e leve ao forno estupidamente aquecido para gratinar.

Acompanhar os cogumelos de uma saladinha básica dá um colorido bonito ao prato. Escolhi acelga chinesa fatiada com tomates orgânicos em meia lua.

Não há como não sentir-se importante se somos recebidos com esta entrada de preparo simples e sabores complexos e harmoniosos.

Uma verdadeira explosão de sabores!

Só para continuar com a analogia, pisar nesse tapete vermelho seria como pisar nas nuvens. E enquanto flutuamos entre entradas e pratos principais, aguardamos João Guilherme, o novo pequenucho, que um dia certamente também vai se amarrar nessa receita e na arte de aguardar ansiosamente aqueles que queremos bem.


Ingredientes

Cogumelos gigantes recheados (entrada para 4 pessoas):
8 cogumelos paris gigante
150 g do cogumelo paris fresco
1 colher (sopa) de manteiga
2 dentes de alho
3 ramos de óregano fresco (pode ser substituído por tomilho)
1 pitada sutil de pimenta cayena
1 dose de conhaque
150 ml de creme de leite fresco
parmesão ralado para gratinar
azeite, sal, salsa e cebolinha à vontade.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Medalha, medalha, medalha!

A inspiração desta receita veio lá de longe. De um desenho Hanna Barbera da década de 70 derivado da Corrida Maluca e inspirado no filme "Esses homens maravilhosos e suas máquinas voadoras". Claro que estou falando de Máquinas Voadoras (Pegue o Pombo para os íntimos).

Dick Vigarista e sua Esquadrilha Abutre querem pegar o pombo correio Doodle a qualquer custo e para isto contam com a ajuda de Muttley, o vira-lata fiel de Dick, que faz tudo por uma medalha.

E só mesmo quando ganha uma medalha é que este cãozinho da ficção sente-se completamente realizado e dá uma trégua para seus constantes resmungos.

Pois bem, vamos preparar medalhas! Medalhões para ser exata. Afinal, aqui na patota todo mundo, em maior ou menor grau (e também depende da lua), tem um quê de Muttley resmungão.

Para preparar 10 pequenos medalhões precisaremos de 1 peito de frango desossado e sem pele. Parta ao meio e cada metade divida em 5 de tamanho mais ou menos igual.

Tempere com 2 dentes de alho, pimenta do reino, sal e azeite a gosto. Coloque ao redor de cada pedaço de frango uma fina fatia de bacon e prenda com um barbante modelando os medalhões. Tudo pronto para ir à frigideira.

Frigideira aquecida com um pouco de azeite, coloque os medalhões e deixe fritar por aproximadamente 5 minutos. Vire e doure o outro lado por mais 5 minutos. Hora de começar a colocar os medalhões de "pé" para dourar o bacon e abrir espaço na frigideira para uma cebola em finas fatias com mais sal e azeite. 

Deixe o bacon dourar bem e mexa sempre a cebola para que não queime. Quando o bacon estiver bem fritinho retire os medalhões, corte e retire o barbante, reserve.

Espalhe a cebola pela frigideira e se já estiver caramelizada acrescente 1/2 xícara de vinho do porto e 1 colher (sobremesa) de farinha de trigo. Mexa até limpar o fundo da panela. Sirva as cebolas sobre os medalhões.


medalhões de frango com cebolas caramelizadas ao vinho do porto

Só mesmo bacon para deixar até peito de frango suculento. As cebolas são um capítulo à parte. Adocicadas e deliciosas contrastam bem com o sal do bacon construindo uma harmonia realmente capaz de fazer sorrir até o mais mau humorado dos seres humanos.

Provar essas medalhas, medalhões, pode não nos transformar em Robin Hood, nem em guru, nem em um cavaleiro corajoso, muito menos em um rei que foi coroado, mas certamente deixa qualquer Muttley magnífico rindo à toa.


Ingredientes

Medalhões de frango com cebolas caramelizadas:
1 peito de frango desossado e sem pele
2 dentes de alho
100 g de bacon em finas fatias
1 cebola
1/2 xícara de vinho do porto
1 colher (sobremesa) de farinha de trigo
pimenta do reino, sal e azeite a gosto

* não esqueça o barbante

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

La chandeleur

Hoje na França é conhecido como o dia do crepe. A comemoração que acontece em 2 de fevereiro tem sua origem na antiguidade Romana. Nesta data havia uma grande festa em homenagem ao deus Pan, responsável pelos bosques e rebanhos. Hoje fala-se da comemoração de Nossa Senhora das Candeias, ou La chandeleur, fazendo com que a data seja também conhecida como a festa da luz.

Mas o que interessa é que como em toda boa comemoração há muita comida e superstições. E é aí que entram os crepes.

Dizem que por sua forma redonda e cor dourada, são como um sol que apela pelo regresso da Primavera. Poético, não?

Entre as superstições, está a busca da prosperidade ao virar crepes na frigideira jogando para o alto com a mão direita enquanto a mão esquerda segura uma moeda. Haja coordenação motora!

E se estamos falando de franceses e de crepes, claro que a grande fonte de inspiração só poderia ser o meu chef francês preferido: Claude Troisgros.

Vamos atacar de crepe suzette de maracujá.

Bata 4 ovos, 3 colheres (sopa) de açúcar e 1 pitada de sal. Acrescente aos poucos 1 xícara e meia de farinha de trigo. Depois da farinha, 2 xícaras de leite. Reserve.

Em fogo baixo derreta 2 colheres (sopa) de manteiga até obter aroma adocicado e coloração levemente marrom, como uma avelã. Junte esta manteiga ainda quente à massa e adicione 1 colher (sopa) de óleo de canola.

Espere a massa descansar por aproximadamente 20 minutos na geladeira.

Frigideira bem quente, coloque um pouco de massa no centro e espalhe rapidamente por toda a base da frigideira para que fique fina e uniforme. Na hora de virar, não esqueça da moeda. Vire e doure do outro lado também. Massas prontas, hora de se preocupar com o recheio.

Creme de leite fresco batido até virar chantilly. Simples assim! Calma que ainda tem mais: calda de maracujá.

Para a calda derreta 1 xícara de açúcar até que vire um caramelo. Acrescente 200 ml de polpa de maracujá, 1 xícara de água e 1 colher (sopa) de manteiga.

À parte, torre amêndoas. Hora de montar o crepe. Recheie com o chantilly, dobre ao meio e depois ao meio de novo, formando um triângulo. 

Novamente em uma frigideira bem quente, coloque 1 dose de licor de laranja e fogo! Coloque o licor ainda em chamas sobre o crepe. Calda de maracujá e amêndoas picadas sobre tudo e bon appetit!

crepe suzette de maracujá

Desconfio que deixei a massa mais tempo do que o necessário no fogo, deveria ter ficado mais clara, mas ficou muito bom, mesmo assim. O mais importante é que aprendi a virar crepes!!!

A suavidade da massa e do chantilly contrastam muito bem com o azedinho da calda e a crocância das amêndoas. E é claro que a flambagem é fundamental e confere ao prato seu toque especial.

Crepe suzette, manteiga noisette e chantilly, poderia haver uma receita mais francesa?

Feliz dia do crepe!


Ingredientes

Crepe suzette de maracujá (receita Claude Troisgros)
Massa:
4 ovos
3 colheres (sopa) de açúcar
1 pitada de sal
1 e 1/2 xícara  de farinha de trigo
2 xícaras de leite
2 colheres (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de óleo de canola

Recheio:
250 ml de creme de leite fresco

Calda:
1 xícara de açúcar 
200 ml de polpa de maracujá
1 xícara de água
1 colher (sopa) de manteiga.

Montagem:
licor de laranja
amêndoas torradas