sexta-feira, 30 de março de 2012

Chocolate com pimenta

Mais uma novela estreiando por aqui. Direto do "Vale a Pena Ver de Novo": Chocolate com Pimenta. Afinal, já estamos em clima de Páscoa e chocolate é o tema do momento.

E se chocolate já é uma paixão, com pimenta então... vira uma paixão ciumenta. Assim... violenta, que de tanto que sofre aumenta!

chocolate com pimenta

Bom, para fazer uma boa trufa de pimenta o segredo é ter uma boa geléia de pimenta que pode ser comprada no mercado (e é simplesmente deliciosa para acompanhar vários cortes de carne), mas como somos adeptos do "faça você mesmo", preferimos produzir nossa própria geléia. Coisa chique, Bem!

A vantagem da fabricação própria é que desta forma pode-se controlar o ardor de acordo com o gosto pessoal.

Vamos à receita. Comece colocando em uma panela 3 maçãs sem casca bem picadas, 1 xícara de açúcar e cubra com água. Deixe ferver por 15 minutos e então bata no liquidificador. Reserve.

Agora entra a pimenta na história. No liquidificador uma dose de cachaça (ou vodka se preferir) e duas pimentas dedo de moça com sementes. Bata bem e então adicione esta mistura de pimenta com o creme de maçã. Coamos este líquido pois queríamos um creme liso e que nossa trufa ficasse picante, mas sem exageros. Se quiser dar aquele toque mais caliente, coar será absolutamente desnecessário.

geléia de pimenta

Geléia pronta, vamos à trufa. Derreta chocolate meio amargo e chocolate ao leite na mesma proporção em uma travessa de vidro no microondas. O tempo irá depender da quantidade de chocolate com que se vai trabalhar. Uma dica é colocar 1 minuto, tirar, mexer e precisando de mais tempo colocar mais 1 minuto, até que esteja completamente derretido.

Mexer bem e acrescentar creme de leite, uma dose de conhaque e a geléia de pimenta. Todas as medidas são bem variáveis, de olho mesmo.

Deixar a trufa mais cremosa usando mais creme de leite fica ótimo para recheio de bombons, ou mesmo casca de ovos de Páscoa. Já a trufa mais firme pode ser enrolada e envolta por cacau em pó ou raspas de chocolate para ser servida como docinhos de festa. Lembrando que deixá-la na geladeira sempre ajuda seu manuseio.

Optamos por pequenos bombons, por isso utilizamos aproximadamente 200ml de creme de leite para 500g de chocolate.

Novamente derreta no microondas chocolate meio amargo e chocolate ao leite na mesma proporção. Coloque o chocolate derretido sobre uma bancada de pedra para temperá-lo.

Temperar o chocolate significa tirar as bolhas de ar, deixá-lo na temperatura ideal para que volte à sua consistência original depois e fique com bastante brilho. Basicamente, deve-se mexer o chocolate com uma espátula sobre a pedra, em movimentos circulares de fora para dentro, até que o chocolate esteja bem liso, brilhante e em contato com a pele transmita a sensação de "frio".

Atingindo este ponto, enchemos as forminhas próprias para bombons para formarmos a casca. Geladeira por cerca de 20 minutos ou até que as formas estejam "brancas", o que sinaliza que o chocolate já se desprendeu.

Tirar da geladeira, rechear com a trufa e cobrir com mais chocolate. De volta à geladeira por mais uns 20 minutos e pronto.

Desenformar, embrulhar e deliciar-se.

paixão ciumenta

Sabe aquela história de que os opostos se atraem? Assim como o sol e a lua, casa e rua, luz e sereno? Ou o amor da formiga e da cigarra que parecem brigar, mas na verdade só desejam ser um belo par?

Pois é exatamente o que parece acontecer nesta incrível combinação doce e picante. O sabor do chocolate fica ainda mais intenso e a boca fica levemente ardida ao fim da mordida.

Uma verdadeira perdição.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Hora feliz

A semana parece passar mais rápido quando sei que a sexta-feira reserva um happy hour com os amigos. Essa expectativa fica ainda maior quando este happy hour será também a oportunidade de conhecer um lugar diferente e cheio de novas opções para petiscar como o Applebee's.

O Applebee's é uma rede de restaurantes que foi aberta na Geórgia (Atlanta/EUA) em novembro de 1980, e chegou ao Brasil em 2004. Seu conceito é o “neighborhood grill”, ou seja, criar uma atmosfera confortável, aconchegante que tenta refletir no ambiente a região onde está instalado.

Por aqui isso não se aplica ao pé da letra, a decoração reflete mesmo é o país de origem da rede, mas se a intenção é conforto e aconchego, aí sim. O ambiente do Applebee's consegue sem dúvida, deixar seus clientes bastante a vontade. 

caneca de chopp estupidamente gelada

Aliás, o sentir-se a vontade por lá não é mérito apenas do ambiente. As canecas de chopp estupidamente gelado e em dobro até as 20h00 e as margaritas de sabores variados fazem qualquer um sentir-se em casa.

Mas encontro de bons amigos pede mais do que apenas bebidas. Não podem faltar as velhas histórias, risadas e muitos petiscos. 

margarita de kiwi

Começamos com o Applebee´s sampler que nada mais é que uma combinação de outras 4 entradas. Assim já poderíamos provar muitas opções de uma única vez. As entradas combinadas são: o chicken quesadillas (tortillas recheadas de frango, bacon, queijo derretido e um leve toque de pimenta, acompanhadas de sour cream e salsa base), o spinach & artichoke dip (creme de espinafre e alcachofra gratinado com parmesão, acompanhado de tortilha), o chipsboneless buffalo wings (cubos de peito de frango empanados, banhados no exclusivo molho Wing Sauce) e as mozzarella sticks (palitos de mussarela empanados, acompanhados de molho marinara). 

applebee's sampler

Para quem gosta de sabores variados e marcantes esta é a opção certa. Tudo muito bem preparado e generosamente servido. Combinações de ingredientes na medida e toque picante no ponto ideal para acompanhar aquele chopp gelado.

Empolgados, não resistimos a experimentar ainda mais, e para agradar todos os gostos seguimos de crunchy onion e potato skins.

Crunch onion são crocantes anéis de cebola empanados e polvilhados com parmesão servidos com molho bistrô barbecue. Crocantes mesmo. Daquele jeito que sempre imagina-se os anéis de cebola, mas quase nunca consegue-se provar por aí.

Já a potato skins são canoas de batata frita, gratinadas com queijo cheddar e bacon, acompanhadas de sour cream. Batata, queijo, bacon e creme de leite. Agora me responda se puder: há alguma chance desse prato não ser um espetáculo? 

crunchy onion e potato skins

Com tamanha empolgação para experimentar todas as entradas que nos apeteceram, acabamos ficando satisfeitos sem ao menos chegar aos pratos principais.

Pois é... saí de lá com a certeza que preciso voltar mais vezes. Uma para provar a costelinha com molho barbecue. Outra para os lanches, talvez mais uma para as massas. E como não poderia deixar de ser, uma visita fora de hora só para as sobremesas.

Afinal, sobremesas deixam qualquer hora bem feliz.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Fina Estampa - Último Capítulo!

Antes que a patota cresça com a chegada da Sapeca de Alexandria fazendo muitas travessuras, a suíte master em que repousará tem que estar um verdadeiro luxo.

Nossa lider, a Divina Isís, escolheu cada detalhe do quartinho da futura Pitonisa de Tebas e então chamou as maridas de aluguel para arregaçarem as mangas.

Foram dois fins de semana de muita tinta, pincel, escada e cola. Para pintar, secar e aplicar papel de parede. E adivinhem só que cor a Rainha do Nilo escolheu para o quarto da pequena Nefertite? Algodão Egípcio, claro, que outra cor estaria a altura de todas as deusas do Egito?

reforma do quarto da pequena sapeca de alexandria

Muito trabalho e muito bagunça preencheram esses dias. E todo mundo sabe que quem trabalha bem, merece comer bem. De macacão e boné entramos de cabeça nessa onda de fim de novela e resolvemos escolher um cardápio no blog de ninguém menos que o chef René Velmont.

Sim, um blog escrito pelo personagem da novela que entende tudo de forno e fogão. Com direito a dicas, receitas e um detalhado perfil sobre a formação profissional do atual chef do Brasileiríssimo.

Optamos por um cardápio bem verão, afinal uma comida muito pesada poderia comprometer a qualidade do trabalho das Pereirões que acabariam trocando as ferramentas por um bom cochilo pós almoço. Mas como sempre, tomamos algumas liberdades poéticas com as receitas.

A entrada selecionada foram as Bruschettas Brasileiríssimo. Grelhe no azeite grossas fatias de pão italiano. Sobre o pão torrado coloque tomate em quadradinhos, gorgonzola bem picadinho e duas metades de uva thompson sem sementes.

Sobre a bruschetta coloque um molho feito com 1 colher (sopa) de azeite extra virgem, 1 colher (sopa) de vinagre balsâmico e 1 colher (chá) de mel.

Uma curiosidade tirada do blog do René. Na Toscana, o nome deste prato é bruschetta de fetuna, que é um derivado das palavras “feta unta”; ou seja, pão untado com azeite e salpicado de sal, após ser tostado numa grelha. Na Espanha, o antepasto é conhecido como Pa Amb Tomaquet (em catalão, pão com tomate), preparado com pão untado no azeite extra virgem, em que um tomate muito maduro, cortado ao meio, é literalmente esfregado na fatia, já os portugueses amam o pão tostado com azeite coberto por queijo de cabra e mel.

bruschetta brasileiríssima

Pára tudo. Congela! O que é a mistura do gorgonzola com essa uva? Torradinhas crocantes, uvas e tomates fresquinhos... uma verdadeira obra divina.
 
Quase tão bom quanto o que viria a seguir. O linguine com ervas e molho de iogurte. Para prepará-lo, ferva bastante água com um pouco de sal grosso e um fio de azeite. O sal grosso é recomendado neste caso, pois dilui melhor do que o fino.
 
Somente depois que levantar fervura acrescente o macarrão e deixe cozinhar por cerca de 9 minutos, até que esteja al dente.

Para o molho, bata no processador meia porção de salsinha, uma porção de manjericão, 1 dente de alho, 2 colheres (sopa) de vinho branco, 4 colheres (sopa) de azeite extra virgem, 4 colheres (sopa) de iogurte natural, estragão, pimenta do reino, queijo parmesão ralado e sal a gosto.

Sirva o molho sobre o linguine e claro, não deixe de acompanhá-lo de muito queijo ralado.

linguine com molho de ervas

Rápido, simples, leve e realmente digno da Filha de Osíris.

Agora, nada como uma pequena taça de um bom vinho para dar agilidade ao serviço. O vinho escolhido para a ocasião foi o Trio Reserva da vinícola chilena Concha Y Toro. Como sugere o rótulo, este vinho é composto por três diferentes variedades de uva, com predominância da chardonnay, seguida pela pinot grigio e a pinot blanc.

vinho trio reserva concha y toro

Vinho branco de sabor delicado e que harmonizou perfeitamente com o tema verão deste cardápio.

Mas toda refeição só termina quando acaba. E só acaba quando chegamos à sobremesa. Sobremesa esta composta de muito chocolate, para ser mais precisa dois chocolates e sim, sorvete, porque afinal tudo fica melhor com sorvete.

Bata 4 ovos inteiros, mais 4 gemas com uma xícara rasa de açúcar até obter um creme fofo e bem clarinho.

Junte meia xícara de farinha de trigo peneirada e 1 colher (chá) de fermento em pó. Misture com uma colher de pau. Parta 150g de chocolate 50% cacau e coloque em uma travessa de vidro junto com 70g de pastilhas de chocolate de menta e 200g de margarina cortada em pedaços, derreta no micro-ondas durante 1minuto na potência máxima.

Mexa até derreter completamente o chocolate e misture na massa, aos poucos e mexendo sempre. Distribua por forminhas de cupcakdes untadas com manteiga e farinha e leve ao congelador por pelo menos 1hora.

Aqueça levemente 200ml de azeite extra virgem. Desligue o fogo quando o azeite já estiver aquecido e então acrescente algumas folhas de hortelã lavadas e bem secas.

Deixe esfriar e bata no liquidificador a infusão de azeite e hortelã.

Os bolinhos devem cozinhar em forno pré-aquecido a 200 °C durante apenas 7 minutos. Servimos com uma bola de sorvete de abacaxi com hortelã e alguns gomos de tangerina para enfeitar.

Sempre com um verdinho fotogênico e claro, muita calda de azeite para dar o toque de chef.

bolinho morno de 2 chocolates

Prato alegre e intenso. Esses bolinhos mornos irão substituir toda e qualquer receita de petit gateau que já fizemos por aqui.

Este cardápio e admirar o resultado do serviço (que modestamente ficou de primeiríssima qualidade) são sem dúvida o melhor pagamento que qualquer Pereirão das bocadas poderia ter.

Pois é... as Isauras sofrem, mas no fim se dão bem.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Artezanalle

Mudanças sempre dão muito trabalho. Carregar caixas, montar e desmontar móveis, subir e descer escadas, encontrar lugar para tudo... nada mais justo que nestes dias, o almoço sirva como um oásis em meio ao caos.

Poder afastar-se por alguns instantes de todo o trabalho e relaxar em um ambiente tranquilo ao saborear uma bela refeição.

Foi nesse clima que conhecemos o Artezanalle. Assim que entramos fomos recebidos de maneira muito simpática e já nos entusiasmamos com a criatividade da decoração.

criatividade é tudo de bom

No andar de cima, nos acomodamos à mesa e então começamos a explorar o cardápio enquanto admirávamos a decoração e curtíamos o ambiente.

Muitos livros de gastronomia italiana, um quadro da Itália, muitos azulejos hidráulicos, agradável música ambiente e iluminação aconchegante proporcionada por duas grandes janelas que além de luz deixam o clima bastante fresco e ventilado.

De repente senti como se estivesse em um pequeno cantinho da Itália. Estava completamente conquistada pela simpatia do atendimento e por este ambiente repleto de pequenos detalhes bem pensados.

da ponta da bota

Mas nada disso teria valor se a comida não estivesse à altura. Optamos por uma única entrada, a polenta com creme de gorgonzola, que deixamos no centro da mesa para que todos pudessem se servir às colheradas. Comendo assim direto da pequena panelinha de cobre, um certo estilo família italiana.

A polenta estava quente, cheia de sabor, bem preparada e bem molinha. Veio até com uma fotogênica salsinha. Um verdadeiro charme.

polenta com creme de gorgonzola

Esta entrada nos encheu de expectativas. Expectativas estas que foram totalmente satisfeitas com a chegada dos pratos.

Mais verdinhos fotogênicos no prato de fuzilli ao ragu de linguiça com azeitonas pretas. Molho denso na medida, com temperos que realçaram os seus ingredientes sem sobreposição.

fuzilli com ragu de linguiça e azeitonas pretas

O prato de tagliarini com polpotone ganhou além do verdinho, muito queijo para a foto. Acho que eles já me conheciam...

Queijo ralado na hora, no prato, assim na mesa mesmo. Fresquinho e aromático. Exatamente como deve ser apreciado para aproveitar todo o seu sabor.

Quanto ao polpetone, estava suculento e mais uma vez, muito bem temperado.

tagliarini e polpetone com muito queijo fotogênico

Todas as massas al dente, molhos bem apurados. Capricho que só o trabalho artesanal confere aos pratos, exatamente o que se espera de uma boa casa italiana. Mas lá ainda há mais.

Massas diferentes como o capelle de shitake ou de damasco com brie. No mínimo de sabores surpreendentes e apresentação que enchem os olhos.

capelle de shitake

E para quem prefere o conforto do lar doce lar, pode optar por levar as massas frescas e molhos para reproduzir estes pratos em casa.

Depois deste almoço, difícil seria encontrar disposição para continuar a mudança. Por isso não poderia faltar um cafezinho.

Melhor ainda, acompanhado de um pequeno tabletinho de chocolate valrhona meio amargo de primeiríssima qualidade, assim como o espresso muitíssimo bem tirado.

pura energia

Energias recuperadas, hora de voltar ao trabalho. Mas agora, cheios de vontade de exercitar nosso lado artesanal... mesmo que seja para carregar caixas, montar e desmontar móveis, subir e descer escadas, encontrar lugar para tudo...

segunda-feira, 19 de março de 2012

Viajantes

Uma das coisas boas em ter amigos viajantes é receber pequenas porções do mundo embrulhadas para presente.

A Anne (que não por coincidência faz aniversário hoje) foi passar uns dias na Suíça. Enfrentou neve, atrasos no aeroporto, mas voltou com muitas fotos e histórias para contar, além de algumas gostosuras na bagagem.

Entre essas gostosuras estava a cerveja Calanda. Presente para a amiga que vos escreve.

Produzida com a mais pura água dos Alpes e com tradição de mais de 200 anos pela Cervejaria Calanda Braü, que foi comprada pela Heineken em 1993. 

Seu rótulo é inspirado na bandeira do Cantão de Grisons, cuja capital é Chur. E é na estação de esqui de Chur que está localizada esta Cervejaria.

Poderia haver uma cerjeva mais suíça do que esta?

No primeiro gole remeteu-me imediatamente à Baden Baden Cristal, mas ao apreciá-la até o fim, notei uma maior complexidade de sabor com leveza e amargor bem medido. Pena não ser nada fácil encontrá-la por aqui.

cerveja calanda - direto dos alpes suíços

Para acompanhar o presente, nada melhor do que uma receita vinda também dos alpes. Torta suíça de dois queijos. Aliás, os mesmos usados no preparo mais tradicional do fondue: emmental e gruyère.

Começando pela massa. Misture em uma vasilha 2 xícaras de farinha de trigo,  1 colher (chá) de fermento em pó, 1 colher (chá) de açúcar e 80g de manteiga. Use apenas as pontas dos dedos para unir os ingredientes.

Em outra travessa,  bata 1 ovo com 2 colheres (sopa) de água gelada, acrescente à massa e mexa até que fique bem lisa.

Abra a massa entre duas folhas plásticas, procure deixá-la fininha, pois o fermento fará com que ela "estufe" um pouquinho. 

Forre os fundos e a lateral de uma forma de 25cm de diâmetro. Fure a massa sem dó com um garfo, cubra com papel filme e leve à geladeira por 1 hora.

Enquanto isso... vamos ao recheio.

Derreta manteiga, junte 1 xícara e meia de cebola picada e cozinhe só até murchar, mexendo de vez em quando. Deixe esfriar e reserve.

Misture 1 colher (sopa) de farinha de trigo, 1 xícara de queijo emmental ralado 1 xícara de queijo gruyére também ralado. Reserve também.

Agora a última parte do recheio. Em outro recipiente, bata 3 ovos com 1 xícara de creme de leite, sal, noz moscada e pimenta-do-reino à gosto.

Hora de montar a torta. Retire a massa da geladeira, coloque o refogado de cebola, sobre ele o queijo e finalize despejando o creme de leite sobre tudo.

Tudo pronto, forno pré-aquecido a 180ºC, por cerca de 30 minutos ou até estar bem dourada.

torta de queijo suíça - ainda no forno

Os ovos batidos com o creme de leite conferem ao recheio uma textura levemente aerada, os queijos ficam bem gratinados na parte superior, mas no centro estão bem puxa-puxa. A cebola amanteigada fica crocante no fundo da torta junto com a massa que não fica tão esfarelenta quanto à massa podre tradicional.

Uma combinação perfeita.

em pedaços... queijos emmental e gruyère

Mas nem só de queijo vive a Suíça. A culinária dos Apes é bastante rica, com fortíssimas influências alemã, francesa e italiana. Composta por muitos tipos de salsichas, batata, presunto cru e claro... os famosos chocolates.

Chocolate que também veio na bagagem e que parecia manteiga pela facilidade com que derretia na boca. E derreteu tão rápido que nem deu tempo de tirar uma foto.

Com sabores tão típicos e intensos, viajo sem tirar os pés do chão.  Pequenos momentos proporcionados por uma generosa amiga viajante...

Amiga a quem desejo felicidades e muitas boas viagens!

quarta-feira, 14 de março de 2012

бефстроганов

Criar pratos é ótimo, mas a parte mais fascinante da gastronomia para mim são as histórias por trás deles. Lendas perdidas no tempo que esforçam-se para explicar  a origem de sabores tão cotidianos...

Conhecer a origem de um prato é atribuir-lhe mais um aroma, mais uma textura, mais uma nota de sabor...

Principalmente, quando esta história vem lá de longe, lá da Rússia por volta do século XVI. Estou falando do strogonoff, ou stroganov ou ainda mais aportuguesado, o nosso querido estrogonofe.

Há muitas versões sobre a origem deste famoso prato. Vou contar a que mais me convence.

Lá pelo século XVI, os soldados russos alimentavam-se de rações de carne que eram armazenadas em barris com sal grosso e vodka. Por causa desta parte da história algumas fontes (como a Larousse Gastronomique) citam que seu nome é uma derivação do verbo "strogat" que significa "cortar em pedaços".

Muito tempo passou e a receita foi sendo aperfeiçoada. Antes do século XIX o sour cream já havia sido incorporado e através do cozinheiro francês Thierry Costet, que viveu na Rússia no final deste mesmo século, adicionou-se à receita os deliciosos cogumelos.

Talvez este cozinheiro trabalhasse para algum importante membro da tradicional família Stroganov, ninguém sabe bem quem, mas teria então o prato sido batizado como uma homenagem a esta tradicional familia.

Após a revolução russa de 1917, a nobreza russa fugiu e chegou à França. De lá o strogonoff espalhou-se pelo mundo.

Ainda bem, porque eu adoro strogonoff. Mas que fique registrado, acho simplesmente intragável quando adicionam ketchup à receita.

Isto porque o adocicado do ketchup briga com o creme de leite e tira toda a graça do prato. Ainda quando vão uma ou duas colherezinhas tudo bem, o problema é o exagero que encontramos por aí.

Depois, a receita tem origem russa e influência francesa, claro que podemos adicionar ingredientes de acordo com nossa criatividade. Mas se vamos fazer isto porque escolher algo típico de fast foods americanos ao invés de valorizarmos nossa rica cultura brasileira?

Ketchup em Strogonoff nunca mais, estamos combinados?

O corte ideal, e mais comumente utilizado, é o filé mignon, mas não há regra. Pode-se utilizar qualquer carne de preparo não muito demorado, como a alcatra por exemplo. Corte em cubos de mais ou menos 2 ou 3cm e tempere com sal, pimenta do reino, alho, azeite e o suco de meio limão.

Em uma panela coloque um pouco de azeite e sele os cubos de carne. Acrescente uma cebola finamente picada e deixe dourar. Coloque meio cálice de conhaque e flambe os cubos de carne. Cubra a panela e junte meia xícara de água para terminar de cozinhar. Após 20 minutos (ou quando a carne já estiver bem molinha) acrescente os cogumelos picados em 4.

Nesta versão optei pelo cogumelo Paris fresco (o mais tradicional), mas... Jamie Oliver deu a dica de variar na qualidade dos cogumelos utilizados. Já testei e fica muito bom também, principalmente com shimeji.

Corrija o sal caso necessário e eu não resisti e finalizei com um toque de salsinha.

strogonoff de carne


Isto sim é Strogonoff, carne macia, cogumelos no ponto certo acrescentando textura ao prato. a suavidade do creme de leite unindo todos os ingredientes... não tem erro, justifica a fama que fez com que este prato conquistasse o mundo.

Acompanhei com arroz sete grãos. Seu preparo é quase idêntico ao do arroz branco, muda apenas a quantidade de água. São 3 xícaras e meia de água para cada uma de arroz.

E todas estas delícias foram mais uma vez harmonizadas pelo honestíssimo carmenere da vinícola Casillero del Diablo. Vinícola esta que também tem uma história bastante interessante sobre a origem do seu nome. Mas essa história eu já contei por aqui. Para relembrar basta ler o finzinho do post "Ano da França no Brasil".

vinho casillero del diablo - carmenere 2010

Ah! A gastronomia e suas histórias. E assim termina a de hoje, que entrou por uma porta e saiu pela outra. Quem quiser que conte outra.

PS: Na dúvida quanto ao título do post? Clique aqui e descubra.

sábado, 10 de março de 2012

Super útil

Tem dias que eu acordo com vontade de inventar. Aquela vontade de fazer algo nunca dantes idealizado. Nada de seguir receitas ou fazer pratos tradicionais. A intenção é ter algo inédito para servir. Aventurar-se.

Sem poupar esforços, abro os armários mais altos da cozinha e acabo encontrando alguns utensílios esquecidos e empoeirados. Foi assim que encontrei uma velha sorveteira comprada quem sabe quando, quem sabe onde e que em tempos idos já foi muito bem utilizada por aqui.

Tudo bem, a idéia original de quem desenvolveu este produto, era fazer sorvete, mas esta não era a minha idéia original. Então me coloquei a pensar: como iria usar esta "super útil" e imprescindível ferramenta para fazer uma gostosa e bonita entrada para um jantar?

sorveteira mil e uma utilidades

Depois de muito matutar, hora de reinar. Comecei lavando muito bem a fundamental para qualquer cozinha e "super útil" bugiganga que estava esquecida naquele armário que ninguém alcança sem escada.

O segundo passo foi untar por fora cada um desses cilindros e também uma forma retangular com manteiga e farinha de trigo. Cobri os cilindros enrolando pequenos retângulos de massa folhada, o suficiente para fechar a volta sem sobrepor a massa, e os coloquei deitados na forma. Dica útil, não coloque de pé porque a massa pode e vai escorregar.

Forno quente por cerca de 20 minutos e consegui lindos canudinhos folhados e crocantes. Mais uma dica, desenforme quente e com cuidado para não quebrá-los, são bastante frágeis.

Claro que sei que é quase uma exclusividade aqui de casa ter esse objeto de desejo (já falei que ele é "super útil"?), mas formas cilíndricas não são difíceis de encontrar em lojas especializadas. E também, o formato é só uma graça para a apresentação, ou seja, pode ser feito como a criatividade mandar. Algumas sugestões? Dentro de pequenas forminhas de torta, apenas dobrado, bolachinhas...

Mais do que isso, tenho certeza que procurando bem, todo mundo tem, inclusive a bailarina, algo assim... "super útil" perdido no armário da cozinha.

Voltando à receita dos canudinhos folhados.

Para o recheio, aqueci azeite em uma panela e refoguei uma cebola média bem picada. Quando transparente, juntei um vidro de palmito, uma porção de azeitonas verdes, e muito tomilho, tudo devidamente picado. Pimenta do reino é sempre bem vinda. Cozinhei por 5 minutos e acrescentei um pedaço pequeno de gorgonzola e uma colher (sopa) de cream cheese.  Para finalizar, corrigir o sal.

Espere o recheio esfriar antes de estufar os canudinhos. Pensando bem, é melhor começar a receita por aí.

Deixe a generosidade decidir a quantidade de recheio por porção. Sirva com um fotogênico ramo de tomilho. Afinal, tudo fica mais bonito com um verdinho no prato.

canudo folhado de palmito e gorgonzola

Crocante por fora, recheio cremoso e cheio de sabor, apresentados de uma maneira delicada. Uma daquelas entradas que impressionam assim que chegam à mesa e nos enchem de expectativa pelo prato principal... mas este vai ficar pro próximo post.

E enquanto ele não vem, que tal procurar a utilidade de algum objeto abandonado em um canto qualquer? Aposto que algo surpreendente pode acontecer...

terça-feira, 6 de março de 2012

A arte de fazer hambúrgueres

Como já disse outras vezes, a gastronomia segue quase tantas tendências quanto a moda. Algumas delas, chegam para ficar, como a calça jeans chegou um dia, enquanto outras são bastante efêmeras. No fim só o tempo é capaz de determinar o que permanece.

Esta é a maneira como vejo por exemplo os sorvetes de iogurte que espalharam-se pela cidade, uma verdadeira febre. Dentro em breve muitas dessas sorveterias irão fechar. Não, não estou desejando que isto aconteça, até porque gosto bastante do azedinho do iogurte. Mas aos poucos há uma seleção natural onde o ambiente, atendimento, qualidade e preço justo acabam escolhendo quais lugares irão sobreviver. Este também me parece ser o caso das hamburguerias.

Há uns anos, não existiam hamburguerias, eram lanchonetes e ponto. E não me refiro as grandes franquias de fast-food, mas às lanchonetes de rua, onde os lanches eram saborosos mesmo quando muito gordurosos. Feitos com hambúrguer próprio ou não, maionese caseira ou não, pães recém saídos do forno, ou não... nada disso parecia fazer diferença quando os ingredientes entravam em contato com a chapa. Foi então que chegaram as hamburguerias tomando conta do pedaço. Para amantes desta arte como eu, parecia ser um prato cheio, e bem gordo.

Todas produzem seu próprio hambúrguer e se vangloriam do respeito que mantém à arte da baixa gastronomia. Pois é, porém não saem-se muito bem neste propósito. Eu pelo menos me sinto lesada em muitas. Podem ser cheias de charme e graça, mas o que encontra-se por lá costuma ser lanches absurdamente caros, onde ingredientes de primeiríssima qualidade são desperdiçados no preparo de hambúrgueres sem tempero, batatas murchas e anéis de cebola oleosos... uma lástima que me faz pensar que algumas indicações por aí são apenas matérias compradas.

Principalmente aquelas que chegam a distribuir títulos de melhor batata, melhores anéis de cebola ou mesmo melhor hambúrguer da cidade para lugares que não chegam aos pés das lanchonetes de esquina (qualquer dia entro no mérito de porque essa história de Lanchonetes vs Hamburguerias é para mim um caso pessoal).

Enfim... meu amor por junk food não me deixa desistir de procurar bons lugares pelas ruas da cidade. Ainda bem que existem as felizes exceções, como por exemplo os clássicos A Chapa e o Chico Hambúrguer. Ambos com mais de 40 anos de tradição, bem antes de hamburgueria estar na moda. Lugares onde vale a pena entupir todas as veias sem culpa, com lanches feitos com excelência e cheios de sabor. Assim como a mais recente descoberta que irei falar neste post: a Hamburgueria Sujinho.

quadro do salão da hamburgueria sujinho

Para quem não conhece, o Sujinho é um restaurante tradicional de São Paulo, famoso por sua bisteca e bastante reconhecido por servir as carnes no ponto ideal, extremamente macias e suculentas...

Sendo mestres no preparo dos mais diversos cortes, hambúrgueres não seriam exatamente um desafio. A hamburgueria foi aberta em 2009 e o único defeito que encontrei é o mesmo do restaurante: não aceitam cartões. Nenhum deles. Portanto prepare-se, vá com dinheiro ou cheque.

os lanches levam os nomes das ruas próximas a consolação, esse é o mathias

Prepare também seu paladar para a grande explosão de sabor corretamente sugerida pelo site de lá. Hambúrgueres de vários tamanhos de acordo com o potencial de cada cliente (80g, 160g ou 250g), opções lights, no prato e o principal: hambúrguer com gosto de churrasco de verdade, suculento e temperado na medida. Isso sem falar da maionese caseira com alho e ervas...

sergipe no prato

Melhor ainda? Preço mais justo do que a média das hamburguerias de São Paulo.

E eu já falei das batatinhas? Crocantes e sequinhas, daquelas que se tem vontade de comer compulsivamente.

batatas portuguesas com certeza

O ambiente é também cheio de charme e graça, com bancos confortáveis que dão vontade de ficar por ali durante horas batendo um bom papo, mas fica nítido para mim que o foco deles são os hambúrgueres. O respeito que a baixa gastronomia merece e sem enganar o cliente. Qualquer indicação à hamburgueria do Sujinho é mais do que merecida. Simplesmente um lugar que já nasceu para ser um clássico!

sábado, 3 de março de 2012

Celebration

Finalmente chega a hora tão aguardada. Aquele momento em que celebramos nosso ano gastrônomico reproduzindo os pratos eleitos para representar todos os outros. O domingo onde preparamos os nada mais, nada menos que: os melhores do ano.

Uma verdadeira celebração para a qual levamos nossos bons momentos e nossa risada mais gostosa.

Este ano a escolha do cardápio não foi nada fácil. É o que acontece quando se tem muitas boas opções à disposição. Mas acredito que os eleitos cumpriram bem sua missão.

Logo de início a salada quente de abóbora já aromatizou toda a cozinha com seu leve adocicado e o toque de amêndoas e alecrim. Desta vez não tínhamos queijo de cabra para esquecer na geladeira, mas acrescentamos pedaços de queijo brie para dar originalidade ao prato. No post "Um dia frio", pode-se relembrar esta história e anotar a receita.

salada quente de abóbora

Na sequência, aquele que foi unanimidade nos votos da patota. O prato preferido de Zeca Camargo com toda a razão de ser: o rosbife da mãe do Zeca.

Mais uma vez divino, perfeito, sensacional. Carne macia, suculenta com diferentes texturas e sabores marcantes em perfeita harmonia e tudo isto bem gratinadinho. Coincidentemente, também do post "Um dia frio". Pois é... eu sempre disse que no inverno come-se melhor.

rosbife - receita da mãe do zeca camargo e unanimidade na patota

Para acompanhar o risoto de alho-poró. Decidido no último minuto pelo voto da Liane, que irá levar para casa nosso brinde exclusivo (pode cobrar Li).

Risoto leve, que não brigou em nenhum momento com a intensidade do rosbife e completou nosso cardápio de maneira magistral. Confira a receita no post "Prova de fogo".

risoto de alho-poró e nosso rosbife já gratinadinho

Agora, já que tantas vezes por aqui, afirmo e reafirmo que tudo fica melhor com sorvete, nada mais justo que o vencedor fosse o sorvete cremoso de azeite com caramelo de vinagre balsâmico que descobrimos no post "Misturas exóticas". Nesta versão fizemos o caramelo com vinagre de framboesa. Tão bom quanto!

Desta vez com muitas framboesas e mirtilo.

sorvete de azeite com caramelo de vinagre balsâmico

Claro que tudo isto foi harmonizado com um vinho. Aliás, sugestão para a eleição do ano que vem, votarmos também no vinho, para não termos que decidir de última hora.

Enfim... o vinho desta ocasião foi o alentejano Couteiro-Mor 2002. Esta vinícola ganhou, justo em 2002, o prêmio de Melhor Produtor de Portugal, concedido pela "Revista de Vinhos" em reconhecimento da qualidade mantida todos os anos. 

Provamos o tinto de mesa que me levou a descobrir finalmente o que é um vinho de mesa.

Significa que é produzido com uvas comuns ao invés das viníferas (as próprias para vinhos e não indicadas para consumo, para a mesa). Não são próprios para guarda e são menos refinados. Estou aprendendo...

Tinha muitos sedimentos no fundo da garrafa, tanto que chegou a manchá-la, aroma um pouco agressivo, mas de sabor suave. Um bom vinho, mas pouco impressionante. Talvez outras safras sejam mais interessantes.

vinho regioonal alentejano - vinho fino de mesa

Muitas histórias foram contadas à mesa, muitas lembranças trazidas à tona em um ambiente familiar cercado de sabores já conhecidos. Assim acaba este bom momento. Com a certeza de ser uma celebração para durar anos.

Yahoo!