terça-feira, 28 de junho de 2011

A fogueira está queimando...

Cumadis e cumpadis du nosso Brasil. Minha graça é Iara, mais pode me chamá di Iaiá. I eu tô aqui prá mó di tê uma prosa co’ceis.

Nesse úrtimo dia de São J'ão nóis porveitô pra perpará uma festança quim casa. Finar, meis di junho é meis di festeja a coieita do mio. I mio num fartô puraqui, sirvimo di tudo quanté jeito. Braseado, curau, pamonha, cuscuiz e mandamo inté matá uma galinha pra mó di perpará uma torta caipira.

Feitamo toda a casa cumas banderinha bunita pur dimais, fizemo tomém vinho quente pra mó di num dexá ninguém passá frio e num pudia farta foguera i muita nimação. Memo sendo uma foguera di mintirinha, mais muito da ispirituosa.


Deisdi cedinho nóis já tava lidando cas panela, craro que as cumadi mais chegada tomém dero suas contribuição, troxero esfiha, brigadeiro, quentão e viero cheia di nergia.

Ispero qui testem essas receita da roça e porveitem agora dia 29 o dia di São Pedro qui é o úrtimo santo das festa, e nem me venha co'essa história de festa julina quisto é invenção mudernosa di genti da cidade grandi.

Vamu cumeçá pela barraca dos sargado. Fizemo cuscuiz, torta caipira e uns lanchinho co'recheio sobressalente da torta.

Cuscuiz é muito fácir di fazê, pega a caneta e o broco di nota pra num perdê nadica di nada.

Ocê vai percisá duma panela grande, onde vai ponhá um bocado di azeite du bão. Aí cumeça a refoga. Dois dente d'aio bem picadinho, miudinho memo, e uma cebola desse memo jeitinho.

Dispois da refoga ocê vai ponhá 4 tomate sem pele e sem semente (pr’ele num sortá muita água e ocê num perdê o ponto) e duas xícra (daquelas di chá) di cardo di legume. Ocê vai si apercebê qui vai virá tipo um moinho e a cozinha já cumeça a ficá cum chero di festa.

Pra mó di dexá o cuscuiz mais vremeinho coloca tomém uma cuié generosa di extrato di tomate, desses qui vendi em latinha na vendinha da esquina, num percisa i inté o centro da cidade pra comprá não.

Agora ocê podi di botá a cachola pra funcioná e inventá a moda qui quisé, colocando os recheio e os sabor que mais lhe apetecerem. Nu daqui di casa ponhamo 1 vidro di parmito, 1 xícra di ervia, 1 xícra di mio (mio num pode fartá), 1 xícra di zeitona (preta ou verde fica a gosto) e o detaie que deu o toque finar, 200gr di camarão daqueles graúdo, uma boa dica é dexá na marinada de sar e limão por uns minuto e dispois dá uma puxada no azeite antis di misturá ele co’resto dos grediente. Um punhado di chero verde, e moinho di pementa pra dá uma picância. Sar a gosto e pra finalizá 2 xícra di farinha di mio. Mexe tudo muito bem. Ele tem qui ficá úmido, cuscuiz seco ninguém gosta.

O mais legar desse prato é qui ele podi si arrumá pra festa, pruque ele é todo feitadinho. Pra feitá usa uns dois ovo cozido. Fatia eles e ponha na forma de buraco no meio, coloca no fundo e nos lado da forma. Podi reservá uns camarãozão bunitu e faze isso co’eles tomém. Intão dispois di feitá a forma ocê soca a massa di farinha dentro dela, bem batidinho memo. Outra dica pra num tê susto é passa um poquinho di óio na forma antis di começa inté memo os infeite, pra mó do cuscuiz desgruda na hora di disinformá.

Aí ocê leva pra geladeira e dexá lá inté a hora di sirvi. Na hora di sirvi vira ele num prato e fatia pra mó di cada um prová um pedacinho.

Ninguém risisti a esse cuscuiz. Mas num si faiz uma festa só cum prato, sinão a barraca dos sargado ia fica muito pobrinha coitada. Pur isso os trabaio num pararo.

Pra complementá nóis feiz uma torta caipira.

Ocê vai misturá mei quilo di farinha di trigo, cum duas gema bem marelinha, 200gr de mantega e um pinguinho d'água gelada. Podi misturá tudo cum vontadi, aí dispois que a massa tivé bem lisinha tem que ponhá num saco prástico, podi rolá naqueles paper firme, sabe? E bota ela lá na geladera.

Inquanto ocê ispera a massa gelá, podi di í perparando o recheio. Numa panela ocê vai fritá cebola e aio picadinho no azeite. Aí ocê ponha 2 tomate sem pele e sem semente, tomém picadinho miudinho. Mexe bem. Aí ocê vai ponhá o frango. Dois peito di frango cuzido e disfiado. Dexá refoga com carma.

Aos bocadinhos ocê vai ponhando zeitona picada, um punhadão caprichado di mio e vai pingando água pra num seca. A água cocê vai usá é aquela dondi qui ocê cuzinhô o frango antis, num podi jogá fora não. Uma pementinha sempre vai muito bem. Aí ocê coloca sar e sarsa pra dá uma cor. Pra terminá meio copo di requejão cremoso dispois que o fogo já tivé disligado.

Dexa o recheio isfria senão ele pode embatumá a massa na hora di assá.

Quando tudo tivé bem friozinho ocê abre a massa e cobre o fundo e os lado de uma forma grande, enchi di recheio, podi colocá o quanto consiguí. Cobre cum mais massa, pincela uma gema pra ficá doradinha e forno até assá, por vorta de 40 minutos.

E cumo aqui nóis gosta memo é di fartura sobrou um bocado di recheio. Nóis num si pertô não, dexamo lá na mesa o resto do recheio do lado d’uns pãozinho pra mó di cada um fazê seu sanduíche. Uma gostosura só, Sô!


Mais si os sargado dão sustânça, são os doce qui traiz ligria pra festa.

I si a festa é do mio, num pode fartá curau. Aquele curau qui nóis já feiz no arraiá du ano passadu. Co’leite moça e lei’de coco. Si ocê isqueceu a receita num se apoquente não, clica aqui e pega a receita qui é a mema, inguarzinha, inguarzinha.

Otra receita qui gosto muito memo é di roiz doce. Cunfesso qui esse roiz fico meio empapado, mais o gosto dele ficô bãozinho, vale a pena notá e tentá umas mudança pros arraiá futuro.

Ocê cumeça o roiz doce ponhando 1 xícra di roiz na panela, aí ocê mistura uma lata de leite moça cozinhada (pra cuzinhá o leite moça só ponhá na panela di pressão, mais tome cuidado, dispois di cuzida tem qui esperá esfriá antis di si arriscá abri a lata), dois pau di canela e as raspa duma laranja. Aí ocê ponha 3 xícra di leite e 2 xícra di água. Eu tenho pra mim qui o erro taí... tem muita lambança pra poco roiz, da próxima veiz vô tentá só co leite. Uma dica da cumadi Erika é pra disligá o fogo quando o roiz ainda tivé meio durinho, pruque dispois qui disligá ele tomém incha um bocado.

Gostei por dimais da idéia do leite moça cuzinhado. Pra sirvi só porviá uma canelinha por cima, nóis ponhô tudo im potim dividual. Só pra fazê uma graça memo.

Pra mó di dexá a barraca dos doce mais vistosa inda nóis coloco uns pratinho c’uns doce lá da vendinha, pé di moça, pé di moleque e craro, paçoquinha. Tudo muito bonitinho num pratinho muito mimoso.


E festa qui é festa tem qui tê mio i batata doce na brasa. Nóis boto fogo no carvão, passo mantega e sar nos mio e boto pra assá.

A batata doce fica rolada no lumínio li no meio da brasa, e os mio a gente ponha na gradinha pra num queimá. Quando ele tivé macio já podi tirá e si diliciá, pruquê ele fica inté meio docicado e cum gosto mais qui especiar. As batata doce tomém fica uma maravia, só num podi isquecê as pobrezinha lá inté o fim da noite, né cumpadi Léo? Pruque tem qui tirá elas di lá anssim qui estiverem macias tomém, sinão queima memo.


Como nem só di comilança si vivi nóis tomém fez vinho quente.

Derrete uma xícra de açúcra c'uns 10 cravinho da índia e 1 canela em pau. Aí ocê bota 2 copão de suco laranja, mistura uma maçã picada e dexa forma a carda até caramelá a maçã. Dispois que a mça tivé molinha, molinha, ocê ponha o vinho, 3 litro de vinho vermeio, mi dissero qui o vinho tem qui sê seco, mais eu sempre uso é vinho líquido memo, sinão num dá pra tomá si tivê seco, num tenho razão.

Conseio di quem faiz vinho quente não é di hoje, num dexa fervê muito dispois qui ponhá o vinho não. Sinão o álcool some tudo e o vinho perdi a graça, não é memo?


Ocêis nunca qui tomaram vinho quente mió nessa vida. Trem bão dimais. E ocêis num tão doido ainda tomém não, eu iscrivinhei lá im cima da pamonha.


E sim, eu fiz pamonha, qué dizê... eu tentei fazê pamonha, pamonhas fresquinhas. Mais num deu certo. Nem vô mi dá ao trabaio di iscrivinhá a receita aqui pra mó di num perdê o tempo docêis. Dispois qui eu prendê eu vorto aqui pra insiná timtim por timtim. Tarveiz no arraiá du ano qui vem...

Pra fechá a festa nóis porveitô pra mó di cantá parabéns pra cumadi Erika qui feiz niversário essa semana. E si tem niversário tem qui tê bolo. Esse bolo tomém veio lá da roça.

Bolo di fubá com recheio Romeu e Julieta e cobertura di trufa de erva doce pra ficá chicoso. Batizei esse bolo di bolo Iaiá e ainda coloquei uns babado pra mó di incrementá.

Pro bolo ocê vai penerá uma xícra e meia de farinha di trigo, 1 xícra di fubá, meia xícra di açúcra e uma cuié das di sopa di fremento, mistura tomém 1 cuié das di café di erva-doce. Tudo isso ocê ponha numa tigela grande i ispera.

Na batedera ocê vai batê 5 crara até ficá em ponto di neve, bem branquinha e firme. Aí ocê coloca nas neve mais meia xícra de açúcra e dexa batê mais. Numa tercera tigela ocê vai batê as gema daquelas crara, todas cinco, junto co'meia xícra di água e um terçu di xícra di óio. vai formá uma ispuma firme. Aí ocê vai misturando as porção di tigela. Faiz uma sujerada, mais vali a pena. Primero ocê vai misturá as gema cos grediente seco e só no finar ocê vai divagarinho ponhando as crara.  Unta uma forma co farinha e mantega e leve pro forno quente. Demora uns 20 minuto.

Vai tê qui fazê dois desse, um é a parte debaxo do bolo e otro a parte de cima, no meio vai o recheio craro.

O recheio é bem simprisinho. Ocê vai derretê 1 lata di goiabada mais meia xícra di vinho do porto. vai ficá bem molinha, mais num si apoquente não, dispois indurece di novo. Aí ocê vai ponhá numa forma bem bunita o primero bolo qui feiz, vai regá ele pra dexá ele bem moiadinho cuma mistura di vidrinho di lei'de coco e dois copo di leite. Dispois ocê cobre co'a goiabada e pur cima dela 2 potinho daqueles de quejinho qui tem um nome compricado: cream cheese.

Aí ocê coloca o otro bolo e rega ele tomém. Aí dexa isfriá i vai fazê a cubertura.

Ocê derreti chocolati branco e mistura cum poco de creme de leite, as quatia eu num sei dizê direitinho não, mais mais creme de leite dexa o chocolate mais molenga e menos creme dexa o chocolate mais firme, vai depende do gosto di quem tivé perparando. No liquidifcadô eu ponhei meia xícra di leite e um punhado di erva-doce. Dispois qui bateu um bocadinho eu ponhei numa panelinha e dexei fervê pra erva sortá gosto no leite. Aí eu misturei esse leite c'o chocolate e misturei cum vontadi.

Quando o bolo tava frio eu cubri ele coessa trufa e feitá co'a goiabada qui sobrô du recheio. Podi di usá sua criatividade e capricho nessa hora.


Nem perciso dizê que fico uma belezura di bolo, né não? Tudo quanto é convidado ripitiu inda levô um pratinho pra casa pra mó di comê mais dispois.

Nóis boto uns mio pra istorá e fizemo uma montanha di pipoca tomem.  Foi uma festança só, com muita fartura.

Ponhamo uns pano no portão pra mó di num vim muito vento nas criança e dexamo tudo rumadinho. Nóis si arrumemo tomém, paricia inté dia di missa, tudo quanto é gente trabaiada no xadreiz. Sinti farta de umas coisinha na festa, nada que tirasse o brio das comemoração, mais fartô canjiquinha, cadeia, correio elegante, quadria e tomém a pescaria. Gosto pur dimais di tentá as prenda da pescaria. Mas essas coisinha vai ficá pra próxima sinão nóis tomém fica sem novidade pra conta puraqui no ano qui vem.


Pruque no anu qui vem tem mais Santantônio, São J'ão e São Pedro pra si comemorá, cum muito foguetório, mais sem balão. Pra evitá acidente.

Viva as festa junina, Sô!

PS: Cumo eu sei que o povo da cidadi grandi por veiz num intendi direito o qui eu falo, já pidi pra cumadi Renata exprica direitinho quarqué dúvida que ocêis tiverem. Aí só pregunta qui ela responde. Tamo combinado?

sábado, 25 de junho de 2011

Kohii - café e cultura na medida certa!

Depois de um domingo de compras na Liberdade, eu e minha mãe caminhávamos em direção ao carro e foi quando nos deparamos com uma discreta escada na rua da Glória que levava ao subsolo do n°326, onde a placa da entrada nos garantia que encontraríamos café e cultura na medida certa.

Como estamos sempre procurando por lugares novos não pensamos duas vezes antes de aproveitar para terminar o passeio com um bom café.

Foi assim que descobrimos o Café Kohii, de ambiente muito charmoso com seus pilares decorados com jornal e delicadas flores de origami sobre as mesas.


Ao contrário das ruas pelas quais havíamos caminhado, o lugar estava tranquilo e foi ótimo para relaxar antes da longa jornada de volta pra casa.

Como disse, fomos lá para tomar café, eu pedi o Expresso Polar. Café gelado com  laranja, limão siciliano e espuma.


Adoro essa combinação de café com cítricos. Um café refrescante que ajuda a repor as energias após uma tarde quente.

Minha mãe ficou com o caramelo macchiato. Quente, quente, muito quente mesmo. Café trifásico, uma camada de caramelo, uma de leite, outra de café e espuma para finalizar.


Doce e saboroso, ela ficou realmente fascinada com o café, mesmo tendo queimado a língua na ansiedade de prová-lo.

Mas como disse, a placa na entrada nos prometia não só café, mas cultura. E não, a idéia de cultura por ali, não se resume aos pilares de jornal, mas há todo um agradável espaço com livros dos mais diversos assuntos, revistas e jornais, que ficam à disposição dos clientes, para acompanharem seu café ou refeição com uma boa leitura.


Como não podia deixar de ser, fui lá procurar um livro e não tive dúvidas ao escolher o tema: gastronomia.

Mais especificamente o livro Viagem Gastronômica através do Brasil.


Saí de lá tão inspirada pelo sabor do café e pela evolução da gastronomia brasileira que resolvi  evoluir também.

O primeiro passo dessa evolução foi mudar o endereço aqui do blog. Que agora passa a ser apenas http://www.gastronomiadomestica.com.

Um pequeno passo para a gastronomia mas um grande passo para a Gastronomia Doméstica. Viva a curiosidade que nos leva sempre a novos lugares...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Caldinho de inverno

O céu se fecha, o vento é frio, essa neblina, o inverno acaba de chegar...

O clima hoje não está exatamente assim, mas isso não impede uma bela recepção à minha estação preferida. Muitos amam o verão, alguns são apaixonados pela primavera e outros ficam completamente felizes com o outono, mas eu faço parte daqueles poucos que se inspiram mesmo é com o inverno.

Não é para menos, o tempo frio traz com ele pratos deliciosos, muito aconchego e conforto, roupas elegantes e um melancólico e gélido ar que favorece reflexões profundas e muitos momentos prazerosos entre família e amigos.

Mais do que isso, o dia 21 de junho sempre foi para mim uma data especial. Longe de ser por causa do início da estação, mas por ser o aniversário da minha irmã mais legal. Portanto há muito o que comemorar. Embora ela particularmente, esteja incluída naqueles que aguardam ansiosamente os dias de céu azul e temperaturas elevadas, aliás, como todos aqui de casa.

E enquanto estamos entretidos com os preparativos da festa junina de aniversário, caçando receitas de pamonha, curau, cuscuz e pipocas caramelizadas, deixo aqui a receita de um dos motivos culinários que me fazem amar os dias frios. Caldo verde.


Cozinhe cerca de 1kg de batatas com um gomo de linguiça portuguesa. Depois de cozidas retire a linguiça e bata as batatas no liquidificador com o caldo do cozimento.

Em uma panela grande frite bacon em azeite até ficar bem crocante, acrescente 1 cebola  média picada e um dente de alho também bem picadinho. Frite mais um pouco,

Despeje nessa panela então o caldo de batatas e a linguiça que agora deve estar fatiada. Acrescente sal, uma pimenta vermelha picada e um maço de couve manteiga em tiras finas. Finalize com salsinha. Umas torradinhas acompanham muito bem.

Caldinho simplesmente espetacular. Quentinho, cremoso, sabores fortes que aquecem a alma, o corpo e o coração fazendo os olhinhos piscarem mais rápido e um sorriso aparecer quase involuntariamente no canto dos lábios.

Para mim essa receita está na topo da lista daquelas onde cada colherada é um suspiro.

Bom inverno para todos.

domingo, 19 de junho de 2011

Quem bate?

Mantendo a temática dos últimos posts, vou continuar falando de pratos que combinam com mantas e cachecóis.

Um clássico dos dias frios: o fondue.

Pode ser de queijo, carne, chocolate... não importa. O importante é fazer um molho cremoso para molhar pequenos petiscos e se deliciar sem pressa.

Optamos pelo fondue de queijo pela simplicidade com que é feito.


Comece passando um dente de alho por todo o interior de uma panela levemente aquecida. Duas colheres de azeite, 150g de queijo gruyére e 150g de queijo emmental, ambos ralados grosseiramente.

Lembre-se de manter o fogo sempre bem baixo. À parte, misture meio cálice de  conhaque, 1/4 xícara de vinho branco seco e uma colher (chá) de amido de milho. Acrescente esta mistura ao queijo, um toque de pimenta do reino, uma pitada de noz moscada e pouco sal.

Depois que estiver bem uniforme finalize com duas colheres (sopa) de creme de leite. Estas medidas servem duas pessoas.

Molho pronto, despeje no rechaud ou dentro de um pão italiano sem miolo, daqueles redondos onde servem sopas.

Tradicionalmente este fondue é acompanhado apenas de pedaços de pão. Como aqui em casa sempre gostamos de dar um toque criativo, além do pão minha irmã sugeriu que tivéssemos como opção pequenos cogumelos Paris puxados no azeite e brócolis cortados do tamanho de uma bocada.

Para o preparo do brócolis apenas cozinhamos em água fervente por cerca de 5 minutos.


Mesa posta, hora de instalar-se confortavelmente ao redor e brincar de banhar as pequenas porções no queijo derretido e bem puxa-puxa, controlando a chama do rechaud, que hora queima o queijo, hora  deixa o molho muito frio... e parte da graça está justamente aí.

Afinal, fondue transforma qualquer ocasião em um verdadeiro evento. Onde um perde seu pedaço de pão dentro do molho, o outro rouba, alguém suja a camisa e principalmente todos ficam satisfeitos, felizes e descontraídos.


Claro que um bom vinho sempre ajuda na descontração.

O escolhido da noite foi o alentejano Monte Velho. Um vinho maduro e profundo, para ser apreciado com calma, combinou muito bem com a socialização proporcionada pelo fondue. Definitivamente um vinho impressionante que merece respeito.


Encerrando a noite o sempre muito bem vindo chocolate.

Dessa vez em forma de bolo. Não um bolo qualquer, mas simplesmente o mais sensacional bolo de chocolate que eu já comi na minha vida. Feito com cerveja stout (sim, você leu direito, CERVEJA) e cacau em pó.

Para ficar ainda melhor, coberto de ganache com um leve toque de stout e physalis que decoram e impressionam pela combinação do azedinho da fruta com o doce da cobertura.


Mas se o assunto é cerveja, mesmo que misturada com outros ingredientes, já vira assunto do outro blog em que escrevo. O mulheres e cerveja, e é lá que a receita estará descrita no post Castigo em seus mínimos detalhes para quem quiser confirmar que este é o melhor bolo da vida.

Bom, se quem bate é o frio, nem adianta bater que eu não deixo entrar. Afinal, a gastronomia sempre ajuda a aquecer os lares às vezes de maneira ainda mais eficiente que flanelas, lãs e cobertores...

domingo, 12 de junho de 2011

Clássicos


Clássicos tornam-se clássicos por algum motivo. Partindo desta premissa, com o clima ainda frio de inspiração e uma maravilhosa receita do recém comprado livro "As Preferidas do Chef Curtis Stone" resolvi me aventurar a testar a sopa de cebola francesa.

Para começar fatiei finamente 8 cebolas pequenas, sendo 4 roxas. Em uma panela um pouco de azeite, aquecer e colocar a cebola para fritar e fritar e fritar. Sempre mexendo, cerca de 40 minutos, até que a cebola fique bem escura, caramelada mesmo. Não se incomode se grudar no fundo, pois será feito na sequência o deglacê com meia xícara de conhaque e meia xícara de vinho seco (branco ou tinto, usamos branco).

Com as bebidas raspei bem o fundo da panela e então já dá para perceber o tom escuro característico deste prato.

Vamos aos temperos então, pimenta do reino, tomilho e uma folha de louro. Adicione 8 xícaras de caldo de carne e deixe apurar por aproximadamente 25 minutos. Deixe para colocar o sal somente no final.

Para acompanhar o caldo grossas fatias de pão torradas cobertas com queijo de cabra (aquele que esquecemos na receita da salada de inverno, lembra?) e um pouco de salsa salpicada.

Basta deixar o queijo gratinar para tirar as torradinhas do forno.


Nada poderia ser melhor em uma noite fria. Caldo levemente adocicado pela própria cebola queimada, de sabor intenso, as torradas ficam excepcionais, tanto amolecidas quando mergulhadas no caldo, quanto ainda crocantes com algumas cebolinhas por cima.

Definitivamente nenhuma receita torna-se clássica sem merecimento. 

Encerrando o jantar, mais um clássico, desta vez não uma receita, mas uma dupla: morango com chocolate.

Morangos caramelizados em açúcar e manteiga. Chocolate em pó dissolvido em leite e reduzido até engrossar bem, formando uma calda densa.

Como tudo sempre fica melhor com sorvete, mesmo no inverno, uma bola de sorvete coberta por morangos com calda de chocolate quente e para ficar ainda melhor uma pequena colher de chantilly. 


Essa sobremesa se encaixa naquela categoria das que são impossíveis de dar errado. O gelado do sorvete contrastando com o quente do chocolate, e o caramelo do sorvete endurecido pelo choque com o sorvete. Diferentes texturas, diferentes temperaturas e sabores que se envolvem construindo algo único.

Simples, rápido e sem erro, o tipo de sobremesa que vem ganhando espaço aqui em casa.

Conclusão da noite: clássicos são sempre garantias de acerto. E após um bom jantar, clássico mesmo é terminar a noite com um bom filme na TV.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ainda sinto teu perfume pela casa...

Dizem que a gente come primeiro com os olhos, isso é uma grande mentira. Na verdade a gente come primeiro é com o olfato. Sim, ele mesmo, nosso nariz se antecipa aos olhos e à boca.

No caminho do prato até a mesa nosso olfato já está trabalhando para aguçar nosso paladar. Aliás, antes disso, começa a trabalhar durante o preparo das receitas.

O aroma de um pão caseiro ainda no forno perfuma toda a cozinha e nos faz salivar enquanto esperamos seu cozimento já com a manteiga na mão.

Mas nada ganha do cheiro de bolo que se espalha não só pela cozinha, mas pela casa inteira. Abrir a porta de casa e ser guiada pela fragrância que nos leva direto à frente do forno onde o bolo cresce calmamente, é uma das melhores formas de ser recebida.

Só então nossa pupila se dilata para admirar aquele monte de ingredientes misturados que se transformam em uma deliciosa iguaria. Aguardamos ali, parados, ansiosamente até tirá-lo do forno e comê-lo ainda quente. Quem aguenta esperar?

Se a intenção é preparar algo que nos faça salivar, produzindo toda essa escala de sensações que teem início com o aroma, nenhuma receita é melhor do que bolo de tangerina.


A receita é bem simples, em menos de 10 minutos a massa está pronta para ir ao forno e deixar a casa toda mais aconchegante.

Bata no liquidificador 4 ovos, 2 colheres (sopa) de manteiga, 2 xicaras de açúcar, 3 xicaras de farinha de trigo, suco de 1 tangerina (mixirica para os íntimos), 1 tangerina (afinal de contas, porque a mixirica virou tangerina?) sem as sementes e o miolo branco (com casca) e 1 colher (sopa) de fermento.

O tempo de bater os ingredientes é o tempo de ligar o forno e untar a forma. Enquanto estiver no forno aproveite para preparar uma calda com suco de tangerina e algumas colheres de açúcar. Cubra o bolo ainda quente para que ele absorva a calda e fique ainda mais úmido e delicioso.

Fofo e saboroso essa receita faz jus ao perfume que exala.
Se uma mulher sem perfume é uma mulher sem identidade, então uma casa sem cheiro de bolo é uma casa fria e sem vida...

domingo, 5 de junho de 2011

Um dia frio...

...um bom lugar pra ler um livro... e claro, comer sem culpa.

Eu tenho que dizer: adoro o frio. Ficar aconchegada entre mantas e edredons, banhos quentes e deliciosamente demorados, moletons, ponchos e casacos, a lembrança de um lugar onde o aroma era composto pelas pinhas na lareira e claro, muitas comidas quentinhas e saborosas.

Este foi o tema deste domingo onde o cardápio escolhido começa com uma salada quente e termina com um deliciosa sobremesa alcoólica.

Para a salada primeiro descasque meia abóbora japonesa e corte em pedaços não muito regulares. Pré-aqueça o forno a 200°. Em uma forma, coloque a abóbora e regue com azeite, alecrim picado, sal, pimenta do reino a gosto e uma colher (chá) de açúcar. Misture bem e leve para assar.

Em 20 minutos elas já estavam macias e prontas para serem utilizadas. Reserve.


Lave um maço de acelga e pique grosseiramente. Em uma frigideira aqueça azeite e alho picado e então refogue a acelga até que esteja cozida. Reserve.

Misture em um vidro 50ml de azeite extra virgem, 2 colheres (sopa) de vinagre balsâmico e 1 colher (chá) de mel e mexa até que emulsione. Agora basta montar os pratos.

Primeiro a acelga, depois a abóbora, algumas amêndoas torradas e a finalização fica por conta do molho.

Eu tirei essa receita do site Gourmets Amadores e só agora me dou conta que esquecemos de um ingrediente importantíssimo em nossa versão. O queijo de cabra. Esquecemos na hora da montagem, agora serei obrigada a fazer o sacrifício de comer este queijo para não estragar na geladeira. Coisa triste, né?


Triste foi esquecer o queijo na salada, isso é, mas na verdade a estrela dessa receita é mesmo a abóbora. Sutilmente adocicada, macia contrastando a crocância dos talos da acelga. Quem disse que salada é uma opção apenas para o verão? Comer de forma saudável é importante em qualquer clima, e essa alternativa de misturar um legume cozido ainda morno à um verdura recém refogada é excelente para aquecer o estômago.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas nem só de salada se compõe um cardápio. Nosso prato principal veio diretamente do Medida Certa, ou melhor, do que foi vetado ao Zeca Camargo no desafio. Justo o seu prato preferido, o rosbife feito por sua mãe e que ela gentilmente passou a receita no programa Mais Você.

Tudo começa com uma peça limpa de filé mignon de mais ou menos 1kg enrolada com barbante e temperada com sal, pimenta do reino e um dente de alho picado.

Em uma assadeira sobre o fogão derreta 100g de manteiga com 1 colher (sobremesa) de açúcar. Depois de derretida acrescente uma cebola grande picada e deixe dourar. Na sequencia uma xícara de bacon picado para também ser levemente dourado.

É chegada a hora de fritar a carne. Vá virando devagar, com o auxílio de um garfo, para que cozinhe por igual em todos os lados. Esse processo demora aproximadamente 10 minutos.


Depois que estiver na cor da foto aí de cima coloque meia xícara de conhaque e flambe. Na foto aqui de baixo eu tentei captar esse momento, não fui muito feliz, mas ainda assim dá para ver ali no canto esquerdo um pouco da chama.


Assim que o fogo apagar retire a peça da assadeira, solte o barbante e então faça fatias de mais ou menos 1cm de espessura. Ela deve ter o centro rosado e bastante suculento. Coloque então as fatias em uma nova assadeira.


Voltando para a assadeira onde a carne foi preparada. Ela deve continuar em fogo médio para que agora seja feito o molho. Acrescente 500ml de creme de leite fresco, 200ml de leite, 1 xícara de uva passa (misture uva passa preta e branca) e 1 xícara de queijo parmesão ralado. Deixe ferver até encorpar (aproximadamente 15 minutos).

Despeje o molho sobre o filé mignon fatiado e cubra com mais parmesão ralado para gratinar (fogo alto por mais 10 minutos).


Quando o queijo estiver bem derretido, basta servir. 


Um acompanhamento simples como o arroz branco do dia a dia complementa o prato.

Carne macia, molho cremoso, sabores intensos e bem equilibrados. Se a salada aqueceu o estômago essa carne aqueceu a alma. O que posso dizer? O Zeca Camargo está coberto de razão. Esse prato é FANTÁSTICO.



Bom, se os pratos foram responsáveis pelo calor, a animação ficou por conta do vinho. O Santa Alicia Reserva Cabernet Sauvignon, um chileno bem encorpado e aromático.


Mas se estamos falando de frio e comida não pode faltar chocolate. Por isso nossa sobremesa foi um denso chocolate quente, e como dito acima, incrementado com um pouquinho de álcool. Para ser mais exata, licor de amêndoas.

Em uma panela coloque 1 1/3 xícara de leite, 1/3 xícara de licor de amêndoas e 2 colheres (sopa) de açúcar. Deixe ferver mexendo para que o açúcar se dissolva.

Acrescente 150g de chocolate derretido, misture bem, deixe ferver e desligue.

Nas taças ou copos onde a sobremesa será servida coloque um bola de sorvete de sua preferência (o nosso era de doce de leite com nozes), cubra o sorvete com o chocolate quente e enfeite com algumas raspas de chocolate.


Tudo se mistura, se envolve, o sorvete derrete rapidamente deixando o chocolate quente denso e acrescentando mais um sabor.

Não tem jeito, até no frio tudo pode ficar ainda melhor com sorvete.

Depois de um almoço desses certeza que tudo nascerá mais belo, o verde faz do azul com o amarelo, o elo com todas as cores pra enfeitar amores gris...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Oh, bring us some figgy pudding!


Programar o cardápio é sempre bom, tudo combina, uma entrada mais pesada é contrabalanceada por um prato principal mais leve e existe apenas uma sobremesa para adoçar a vida e fechar com chave de ouro.

Mas existe outro tipo de evento que também muito me agrada. Aqueles onde cada um leva um prato e no fim a mesa fica parecendo um buffet de restaurante self-service. Encontra-se de tudo, arroz, feijão, macarronada, empadão, talvez até um sushi.

Com as sobremesas acontece a mesma coisa, a mesa abarrotada de opções e cada um faz um pratinho com um pedacinho de cada. Resultado, uma montanha de doces que nos fazem ir da mesa direto para o sofá.

Mas de uma certa forma o ambiente leve e descontraído destes eventos disfarça uma velada competição gastronômica, onde todos querem ter seus pratos elogiados e o vencedor é facilmente identificado pela quantidade de vezes que sua receita é repetida.

Justamente por isso, nem sempre é muito fácil decidir o que levar, o que não será repetido e conseguirá agradar o maior número de pessoas possível.

Pois bem, da próxima vez em que eu for convidada para um evento desses vou me inspirar em uma famosa música natalina para matar dois coelhos com uma cajadada só. Decidir qual o prato e ter sucesso garantido.

E já que a "We wish you a Merry Christmas" pede que alguém traga pudim, será ele o escolhido. Mas não qualquer um não, mas o que minha irmã fez recentemente e claro, foi uma verdadeira sensação.

Só espero ter o mesmo capricho e cuidado que ela para conseguir um resultado tão bom quanto.

A receita deste pudim de castanhas é da chef Ana Luiza Trajano e seu preparo é bastante simples.

Bata no liquidificador 1 lata de leite condensado, a mesma medida de leite, 4 ovos, 100g de castanha do pará e 100g de castanha de cajú.

Em uma forma de pudim coloque 100g de açúcar e leve ao fogo para caramelar.

Despeje na forma a mistura do liquidificador. Tampe a forma e leve ao forno preaquecido a 180° em banho-maria por aproximadamente 30 minutos.

Agora é só esperar esfriar e então servir de preferência regado com muita calda.

Fica extremamente cremoso e a castanha do pará principalmente dá uma incrível textura à camada de baixo do pudim. Doce na medida certa, mas aquele doce que não cansa, o que é sempre ótimo (assim pode-se repetir a sobremesa incansavelmente).

E continuando no embalo da música vou tomar a liberdade de fazer uma pequena modificação na letra (já que ainda estamos longe do Natal) e sair por aí cantarolando e lembrando do delicioso sabor desse pudim...

"Oh, bring us some figgy pudding... and will be praised it here!"
"(Oh, traga nos algum pudim... e será elogiado aqui!)"