segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Condimento

Con.di.men.to s.m. 1. substância que é acrescentada a um alimento, para dar um sabor particular, aroma ou realçar o seu paladar. 2. dar expressão, vida, realçar, valorizar 3. tornar excitante, picante.

Lendo a definição do termo, percebo que não poderia haver melhor descrição para o Bistrô Condimento do que o próprio nome.

Ao entrar a sensação é a de estar em uma casinha de bonecas. Decoração delicada e acolhedora que combina com os aromas que chegam da cozinha.

Atendimento atencioso e pratos deliciosos. A começar pela salada ou sopinha de entrada acompanhadas de uma crocante casquinha de parmesão e pãezinhos frescos e macios.

casquinha de parmesão crocante e pão caseiro acompanham a entrada

As opções de prato principal não deixam por menos. Lindas apresentações, com direito a flores em porções bem servidas e sabor impecável.

Como o Entrecote no ponto exato com molho de mostarda e fritas, ou o risoto de frutos do mar e Lagostin grelhado.


pratos de sabor impecável

Durante toda a refeição uma grande mesa de doces no salão provoca os clientes que não conseguem ir pra casa sem provar as sobremesas. Verdadeira tentação.  

grande variedade de irresistíveis sobremesas

Bolos de todos os tipos e sabores, doce de leite, banana, mirtilos, framboesa, morango, fubá, cenoura e claro, chocolate.

Cafés e chás especiais acompanham.

bistro condimento: rua Itapura, 1525 - Tatuape

Um lugar encantador para condimentar o dia.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Os dez mandamentos do Gastronomia Doméstica


nozes pecan agridoce, queijo de cabra e champanhe... agrega

Primeiro deve-se vestir-se adequadamente. Sabe como é, cabelos presos. Pode ser com elástico, touquinha, boné... E um belo avental, porque todo mundo gosta de se vestir bem.

Faca afiada é tudo. Daquelas de dar inveja no açougueiro. Mas tem que ter cuidado com sua integridade física, a segurança é fundamental. Nunca vá para a cozinha sem ter um bandaid por perto.

Definir um cardápio de puro luxo. Como por exemplo carré de cordeiro com crosta de hortelã acompanhado de risoto de açafrão com queijo de cabra e manteiga trufada.

Escolher os melhores ingredientes, os melhores cortes de carne. E o carré de cordeiro é um mito. Ele é macio, suculento, combina super com hortelã e fica lindo no prato. Tem uma coisa que é meio pesada, mas eu tenho que falar, em comemoração a volta do blog fomos buscar os ingredientes no mercadão... compramos tudo lá, o carré, a manteiga de trufas, o queijo de cabra, o açafrão em pistilo... porque o mercadão é status.

açafrão e manteiga trufada... mercadão é status

O acompanhamento não deve ser inferior ao prato principal. Afinal o acompanhamento é o que agrega. Agrega texturas, sabores, agrega tudo. E o risoto aqui é um acompanhamento, mas dependendo da situação ele pode fazer as vezes de prato principal. 

Quando a pessoa está na sala, ela é só mais um convidado, mas quando está na cozinha ela é chef. E aí o tempo que ela passa lá pode variar, desde 3 minutos, uma, duas, horas até o infinito. Então tem que ser um lugar agradável.

Champanhe. Harmoniza com tudo, e nunca se esqueça da regra básica: fica bem melhor gelado do que com fogo. Outra coisa que vale a pena lembrar é que deve ser aberto sem fazer barulho, discrição combina com esta bebida. Na verdade o que diferencia o espumante de um vinho comum é o gás na garrafa que auxilia na percepção de aromas e sabor, não os disperse tentando chamar atenção.

Liberdade poética na hora de cozinhar é básico. A receita de crosta escolhida para o carré é do famoso chef Claude, quando ele fez a crosta para um filé mignon no Que Marravilha Revanche, mas é claro que sofreu adaptações, não basta seguir os passos dos famosos, o toque pessoal é o que agrega personalidade ao prato.

Outra regra importante é depois do jantar conseguir traduzi-lo em textos que não se limitam a passar as receitas. Tem que ter entretenimento, poesia, diversão... porque uma boa literatura é um diferencial.

Por fim o fator água na boca. Nada adianta ter receitas cheias de glamour e lindos textos se ninguém ficar sabendo. Por isso bora lá, publicar o texto pra deixar todo mundo morrendo de vontade.

Tempere o carré de cordeiro (cerca de 750g) com três dentes de alho, azeite, sal, pimenta do reino e meia dose de cachaça. Leve à geladeira e deixe marinando de um dia para o outro.

Para fazer a crosta, misture 100g de manteiga, 1 maço de hortelã picada e 100g farinha de rosca.

Sele o carré com um pouco de azeite em frigideira bem quente. Três minutos de cada lado são mais do que suficientes. Retire do fogo, e coloque a crosta sobre o carré. 

liberdade poética transforma receitas em algo bastante pessoal

Leve ao forno bem quente até que a crosta esteja bem dourada (cerca de 20 minutos).

Ter um bom caldo de legumes é indispensável no preparo do risoto. O caldo utilizado foi feito com tomilho, salsa, cebolinha, 1 cebola, 2 dentes de alho, 1 tomate, 1 cenoura, 1 folha de louro, 2 cravos da índia e 1 anis estrelado, além de sal, bastante azeite e água (claro). Deixe ferver por aproximadamente 30 minutos. Coe o caldo antes do uso. 

Dissolva o açafrão em um pouco deste caldo. Reserve. 

Refogue em azeite 1 cebola picada com 1 colher (sobremesa) da manteiga de trufa. Adicione 1 xícara e meia de arroz arbóreo, frite rapidamente e acrescente uma dose de vinho branco. Aos poucos adicione calde de legumes e cozinhe aos poucos mexendo de vez em quando até que o arroz esteja no ponto. 

Acrescente então o queijo de cabra picado (cerca de 100g), o açafrão e finalize com mais uma colher (sobremesa) de manteiga de trufas. Misture tudo muito bem, salsa e cebolinha para ficar fotogênico e sirva ainda quente.

carré de cordeiro com crosta de hortelã e risoto de açafrão, pura ostentação

Preciso mesmo descrever o charme e elegância deste prato? Pura ostentação.

O carré é extremamente delicado, macio, suculento, a crosta contrasta bem por seu sabor crocante com toque refrescante de hortelã (porque na minha opinião hortelã fica refrescante até quente...). O risoto cremoso com muitos sabores que se mesclam em uma combinação única e intensa.

Um prato que só pode ser harmonizado honestamente com um bom prosseco ou champanhe, o importante é ter bolinhas borbulhantes estalando na ponta da língua. 

Sei que muitos não vão tentar a receita, que muitos vão criticar a dificuldade do prato, mas eu não ligo. Porque essa receita agrega.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Em um buraco no chão vivia um hobbit...

Primeiro a palavra, depois a história. Partindo deste princípio J. R. R. Tolkien, um dos mais aclamados autores do século XX, criou novas línguas que deram origem a todo um universo.

Filólogo, não se limitou a estudar mais de 16 idiomas além do inglês, também criou sistemas de escrita e várias outras línguas na construção da Terra Média como Quenya e Sindarin (idiomas élficos) e o Cirth (alfabeto rúnico dos anões).

Influenciou não só a literatura, mas a música, o cinema, os jogos e toda arte que possui em si uma pitada de magia.

Não à toa é conhecido como o pai da moderna literatura fantástica. Grande observador do mundo, transformou o lugar em que nasceu no condado, um vizinho virou Sam, sua esposa deu origem a Lúthien, personagem de "O Silmarillion" (a grande obra de Tolkien que descreve os acontecimentos desde a origem da Terra Média) e ao deparar-se com uma página em branco enquanto examinava os trabalhos de seus alunos apenas escreveu: "Em um buraco no chão vivia um hobbit" sem saber o que nem por que, mas assim surgiu "o Hobbit".

Quando o pequeno Bilbo parte em uma jornada junto com 13 anões e Gandalf. Tudo vai bem até que aparece o Um Anel pra atrapalhar... ou quase isso.

Bom... a história desse anel todo mundo conhece.  O instrumento máximo do poder que mesmo um grande mago como Gandalf receia cair sob seu domínio, deixando para o pequeno Frodo o dilema: ter o poder não é possuir o Um Anel, e sim destruí-lo.

Mas este ainda é um blog de gastronomia e não de literatura e é por isso que chegamos a Bombur. Um dos anões companheiros de Bilbo, o gordinho da turma... bem, gordinho é bondade... dizem que quando Frodo investigou sobre ele muitos anos depois ele estava tão gordo que precisava da ajuda de 6 jovens anões para ir da cama ao sofá. Mas isso foi só depois... O que nos interessa de fato sobre Bombur é que como a maioria dos gulosos de plantão ele também tinha umas receitas escondidas na manga.

Melhor ainda, não é que esse anão esperto as disponibilizou no site Receitas da Terra Média?

O fato é que na semana passada logo após o lançamento do trailer A Desolação de Smaug, sobre a segunda etapa da jornada de Bilbo que estreia dia 13 de dezembro, eu corri para a cozinha para arriscar-me na aventura que foi transformar receitas de um site promocional em algo realmente apetitoso.

E assim começa o que ficou conhecido como o jantar do condado, onde preparei com muita liberdade poética (muita mesmo), o "hobbit no buraco" e os "biscoitos do Bilbo"(ótimo para viagens).

Para o hobbit no buraco bata no liquidificador 2 xícaras de farinha de trigo, 2 xícaras de leite, 4 ovos batidos, 2 colheres (sopa) de manteiga e reserve. Agora no processador coloque 4 linguiças frescas sem a pele (na receita original elas vão inteiras, afinal seriam elas os hobbits no buraco, mas eu resolvi que eles passaram por um terremoto e ficaram meio moídos para que houvesse maior integração entre os ingredientes).

Em uma panela aqueça azeite e frite a linguiça moída até dourar, a partir daqui é tudo invencionisse da minha parte. Acrescente uma cebola picada e refogue bem, uma dose de cachaça e fogo neles (hobbits moídos e tostados). Alecrim seco para finalizar.

Forma retangular preaquecida e untada com um pouco de azeite, acomode a linguiça, despeje a massa que está descansando no liquidificador e forno em 180º até que fique dourado e estufadinho.


um dia eu aprendo a tirar fotos...

Parecido com um suflê, consegue equilibrar muito bem o sabor forte da linguiça com a suavidade da massa. De comer até perder a vontade de sair do buraco de casa.

Eis aí que chega o chamado para a aventura nos obrigando a encher os bolsos de biscoitos e dar início à viagem. Qual biscoito? Os biscoitos Bilbo é claro...

Comece batendo fervorosamente 500 ml de creme de leite na batedeira com uma pitada de sal. Exatamente como no post "Viu, como se faz..." A intenção dessa vez é mais do que fazer manteiga, mas a de obter o buttermilk. Deixe na geladeira para usar na hora do preparo.

Agora sim, misture em uma tigela grande 2 xícaras de farinha de trigo, 1 colher (sopa) de fermento em pó,  1 colher (chá) de sal, 1 colher (chá) de açúcar, 4 colheres (sopa) de manteiga gelada, 4 colheres (sopa) de azeite extravirgem 1 xícara de buttermilk frio (não disse que ia precisar?), amêndoas torradas sem pele e picadas. É importante colocar primeiro os secos, fazer uma farofa com a manteiga sem misturar muito e só depois acrescentar todos os demais ingredientes até que esteja homogêneo.

Na receita original deve-se abrir a massa com o rolo e cortar os biscoitos, eu preferi moldá-los com uma colher e colocá-los diretamente na forma untada. Forno preaquecido por cerca de 15 minutos ou até que fique dourado. Polvilhe canela antes de servir.

bom para viagens e para comer com muita geléia

Textura deliciosa, pode-se sim comer por dias, ótimo para ter um saquinho deles dentro da bolsa, mas é bom que tenha também um pote de geleia, pois o sabor é bem suave, como a receita tem pouco açúcar ele não chega nem a ser doce, mas são bem gostosinhos e vale a experiência de sentir-se como uma pequena parte do universo de Tolkien.

A gastronomia e a literatura possuem muitas semelhanças, uma delas é que ambas são deliciosas formas de viajar. Outra é que servem para lembrar que há diversos mundos lá fora e que vale a pena arriscar-se, pois só ficará desolado quem não embarcar em nenhuma jornada.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Extra comfort food

Não é de hoje que consumimos frango em larga escala aqui em casa. Por ser disparada a preferência de quem vos escreve, isto coloca a criatividade de mamãe à prova.

É franguinho no forno com bacon, cerveja ou desossado. Na laranja, na panela, com cream cheese ou grelhado. Cozido com vinho, gergelim, leite de coco ou recheado. Servido com mandioca, batata, tomate ou berinjela quando assado. Com manteiga, ervas, gengibre, até desfiado. Temperado com shoyu, frito, ou um filé bem passado. Rocambole de peito, inteiro, galeto ou em pedaços. Recheio de tortas, sanduíches, pastéis e folhados... haja versatilidade!

A última empreitada bem sucedida nesta área foram as saudáveis e deliciosas almôndegas de frango com aveia.

Bata no processador meio peito de frango e 2 antecoxas, ambos obviamente desossados. Tire do processador e reserve. De volta ao processador, bata 1 cebola, 2 dentes de alho, azeite, salsa e cebolinha. Misture os temperos batidos com o frango processado e acrescente 3 colheres (sopa) bem cheias de aveia. Para finalizar, sal e pimenta do reino.

Deixe descansar na geladeira por meia hora. Após este tempo, com a ajuda de um pouco de azeite nas mãos, faça pequenas bolinhas, se quiser incrementar um pouco, recheie as almôndegas com uma pequena porção de cream cheese.

Depois das bolotas prontas, sele em uma frigideira com azeite bem quente. Esta etapa é rápida, serve apenas para que as almôndegas não se desmanchem quando colocadas no molho. Não é necessário empaná-las.

Prepare o molho batendo no liquidificador alguns tomates e uma cebola. Refogue alho picado em um pouco de azeite, despeje os tomates e deixe apurar. Coloque as almôndegas no molho em fogo baixo por cerca de 30 minutos. Salsa e cebolinha sempre fazem o molho sorrir.

Para acompanhar as suculentas almôndegas nada melhor do que una bella pasta.

Escolhemos o fusilli napoletani. Um daqueles formatos que me dão certeza que quem os cria tem como objetivo fazer com que a gente se atrapalhe muito na hora de comer. E tem coisa mais gostosa do que sujar-se com macarrão ao deixar o molho espirrar para todos os lados? Eis aí o motivo pelo qual não se deve cortar jamais, sob hipótese nenhuma, qualquer tipo de massa (ok, lasanha tá liberado...).

Cozinhe a massa escolhida até que esteja al dente e puxe no azeite. Não misture o molho com a massa antes de levar à mesa. Quando misturados, a massa perde o ponto, pois começa a absorver o molho e a inchar, por isso dê preferência à realização desta união apenas no momento de servir.

Parmesão ralado é sempre bem vindo para a finalização do prato.

almôndegas de frango com fusilli napoletani

Agora coloque sua camisa mais branquinha e lambuze-se.

Acredite, essas suculentas e deliciosas almôndegas compensam o trabalho de tirar manchinha por manchinha mais tarde. Afinal, são de frango e só mesmo um franguinho para deixar um verdadeiro clássico do comfort food ainda mais acolhedor.