domingo, 30 de janeiro de 2011

Gostosuras

Às vezes simplesmente não dá vontade de pensar em um mega cardápio, com direito a entrada, prato principal e sobremesa e tudo regado a um bom vinho. Nessas horas a vontade é só de ter algo gostoso para beliscar entre amigos enquanto tomamos uma cerveja geladinha para combinar com todo esse calor.

Quando isso acontece, aqui em casa costumamos dizer que não vamos cozinhar, apenas fazer uma "gostosura".

A última gostosura que fizemos foi uma receita de esfihas de massa bem fofinha.

Para a massa comece dissolvendo 2 tabletes de fermento biológico em 1 colher (sopa) de açúcar. Acrescente então uma xícara de farinha e meio copo de leite morno. Misture tudo muito bem, cubra com um pano e deixe descansar por uns 20 minutos.

Passado este tempo acrescente meio copo de óleo, 1 ovo, 1 colher (café) de sal,  cerca de mais 500gr de farinha e misture bem, colocando mais leite morno até que a massa fique bem homogênea (a quantidade não é muito exata, depende da qualidade da farinha, do tamanho do ovo e etc, mas aproximadamente vai mais meio copo de leite nessa hora). Sove a massa sem dó.

Cubra com papel filme e deixe descansar por meia hora. Sove de novo (essa receita é boa para se fazer nos dias de fúria). Mais meia hora de descanso.

Agora está pronta para o recheio.


O recheio vai da criatividade e do que estiver disponível na geladeira de cada um. Para fugir das tradicionais esfihas de carne, fizemos o recheio de escarola com requeijão.

Primeiro frite algumas fatias bem finas de linguiça calabresa. Um pouco de azeite, alho picado, um maço de escarola lavada e cortada em fatias não muito grossas, sal e pimenta do reino.

Deixar a escarola reduzir bem. Espere esfriar, escorra bem a água e o recheio está pronto para a montagem.


Faça pequenas bolinhas com a massa, coloque o recheio no centro (foi nessa hora que acrescentamos requeijão ao nosso recheio) feche as esfihas formando um triângulo e pincele uma gema de ovo.

Disponibilize em uma forma untada com óleo e leve ao forno por cerca de 35 minutos (até estarem bem douradas).

Massa macia, sem gosto de fermento porque foi feita com calma, todo esse sovar e deixar a massa descansar é o que a deixa leve e a faz crescer como deve. Recheio saboroso, que pode ser feito de acordo com a preferência de quem fizer.

Resumindo, uma gostosura digna deste título.

OBS: A votação do melhores do ano acabou.

O cardápio ficou definido assim:

Entrada: salada caprese
Prato Principal: Nhoque com molho de cogumelos
Acompanhamento: Galinha caipira ao molho vermelho
Sobremesa: Peras ao vinho

A Sheyna será nossa convidada especial, e a Aline estará aqui de coração que eu sei. Obrigada pela participação meninas.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

457 anos da cidade de São Paulo

Quando falamos da cidade de São Paulo, a primeira coisa que veem às nossas cabeças,  é seu intenso movimento e agito.

Mas hoje no aniversário da capital não vou falar sobre algum restaurante onde encontra-se uma iguaria única, nem do melhor restaurante japonês fora do japão ou da melhor cantina italiana fora da Itália. Também não vou falar de suas peculiaridades. Muito menos reclamar de seu trânsito, ou da falta de lugares para estacionar, ou sobre esperas e filas. Nada que remeta ao fato de São Paulo não parar (até porque em dias de chuva, pára).

Vou falar é de um refúgio, no coração da cidade.

Ali, bem no centro, no Pateo do Collegio. Escrito assim mesmo com "E" e dois "Ls". Este que é o local que marca historicamente o nascimento da cidade.

E lá dentro, não tem apenas o Museu Anchieta, a Biblioteca Padre Antonio Vieira ou os eventos da igreja. Tem também um pequeno e charmoso restaurante.

Mais do que isso, um cantinho para fugir de qualquer tumulto, barulho e movimento da cidade.


Onde pode-se tomar um delicioso cafezinho, autenticamente paulista, sem pressa, admirando o lugar com toda a calma do mundo. Como se de repente por alguns instantes você fosse transportado para uma São Paulo mais antiga, onde o ritmo era bem diferente.

Um ótimo lugar para relaxar após uma tarde frenética de compras na 25 de março, ou dar uma pausa do trabalho naqueles dias mais estressantes.

Mas vá com paciência. Tudo lá tem o mesmo ritmo tranquilo, inclusive o atendimento.


Provei o café e uma deliciosa tortinha de amoras com chocolate.


Massa saborosa e crocante, com uma calda de amoras de sabor intenso e muitos pedaços de fruta, e chocolate. Bom, chocolate é chocolate.

O café foi muito bem tirado também.

E após respirar, adoçar a alma e beber um pouquinho de energia, basta atravessar a porta para voltar ao mundo real e a todo movimento desta cidade alucinante.

Parabéns São Paulo, e obrigada por ter opções para todos os gostos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Comer é o melhor remédio

Acho que muita gente vai concordar comigo quando digo que nenhuma culinária é mais acolhedora do que a italiana. Aquela comida que pede um ambiente tão confortável quanto o seu lar e que você não tenha nenhuma obrigação para depois do jantar, a não ser deitar no sofá para ver um filme, agarrar o cachorro, jogar conversa fora, ou simplesmente apreciar a companhia das pessoas que ama e dar valor para as pequenas coisas da vida.

O conceito de comfort food só pode ter surgido depois que alguém que estava muito mal comeu um belo prato de macarronada e se deu conta de que isso deixou todos os problemas em um cantinho há ser resolvido depois e pôde então aproveitar momentos de paz e satisfação.

Sim, eu sou apaixonada por comida italiana. A começar por seu preparo. Basta ter farinha e ovo e já se obtém uma belíssima massa.

A receita é simples, um ovo para cada 100gr de farinha e cada ovo corresponde a uma porção (ou seja, para fazer massa para 3 pessoas, faça 3 ovos e 300gr de farinha. Fácil, né?).

Quando falamos de farinha em massas lembre-se sempre daquela máxima de decoradores e fashionistas: menos é mais.

Peneirei 200gr de farinha de trigo, coloquei uma pitada de sal, abri um buraco no meio e acrescentei 3 ovos batidos (tirei a pele das gemas, evitar deixar tudo com cheiro de ovo é sempre bom). A massa ficou bem mole e grudenta, então, fui acrescentando as últimas 100gr de farinha aos poucos. Nem cheguei a utilizar tudo. Parei de colocar farinha assim que a massa parou de grudar na minha mão. Passei mais farinha em volta e cobri com um pano.


Com a massa pronta pode-se fazer o que quiser com ela, cortar em qualquer formato ou tamanho, com ou sem recheio e qualquer tipo de molho.

Depois de decidido o destino da minha massa, é a hora de dar forma.

Essa é a parte mais trabalhosa e complicada. Decidi fazer um rondelli. Então precisei esticar a massa até que ficasse bem fininha, em formato retangular.

Até aí, tudo bem, o problema começou na hora de pré-cozer a massa. Coloquei uma forma no fogão com água e um pouco de óleo. Quando começou a ferver tentei colocar a massa, que dobrou, ficou torta, não cabia na forma direito porque me empolguei e acabei esticando demais, depois que já estava no ponto não conseguia tirá-la da forma sem quebrá-la inteira. Foi um verdadeiro furdúncio.

Resultado. Tive que esticar mais massa e começar tudo de novo. E o que fazer com a massa arruinada? Jogar fora? E a sustentabilidade?

Pois é. Lembra aquela história de que qualquer formato é válido quando trata-se de macarrão? Essa massa picada com um molhinho... ainda vai render um outro post.


Na segunda tentativa, calculei melhor o tamanho da forma, tive mais cuidado ao colocar a massa para não dobrá-la, mas ainda teria o problema de como tirar a massa já cozida da forma sem que ela quebrasse.

E foi nessa hora que olhei para o escorredor de pratos e vi a tábua de vidro, aquelas bem fininhas para cortar legumes, percebi que ela tinha o tamanho aproximado da massa e que sua expessura permitia que a colocasse dentro da água por baixo da massa a ser retirada.

Sacada genial que me fez tirar a massa de lá sem grandes sacrifícios ou contra tempos.

Coloquei a massa sobre um pano de prato e vamos ao recheio.

As opções de recheio também são das mais variadas. Eu fiz uma mistura de queijos e amêndoa.

Misturei 400gr de ricota, 50gr de gorgonzola, 50gr de parmesão ralado, 50gr de queijo do reino, 200ml de creme de leite fresco, 100gr de cream cheese, amêndoas torradas quebradas em pedaços, uma cebola picada bem miudinho, sal, pimenta do reino e salsa e cebolinha, até que obtivesse uma massa uniforme.

Então sobre a massa coloquei uma generosa camada desse recheio (sobrou mais da metade do recheio, o que seria suficiente para a massa que estraguei).


Com a ajuda do pano, enrolei a massa como um rocambole, então envolvi em papel filme e levei ao freezer por cerca de 1 hora.


No freezer ela ganha consistência e facilita o corte das fatias. Medi aproximadamente 2 dedos de espessura para cada uma. E não descartei as pontas.


Não ficou lindo? Um dia de trabalho recompensado. Pode-se congelar assim e guardar no freezer para uma ocasião especial, mas como eu acho que todo dia é um dia especial, claro que fui correndo pensar no molho.

O molho ficou por conta da minha mãe que bateu no liquidificador 8 tomates sem pele e meia cebola. Em uma panela aqueceu azeite e despejou os tomates batidos. Temperou com sal e pimenta do reino e deixou apurar, colocando um pouquinho de água de vez em quando. Depois de muitas horas fervendo, acrescentou algumas folhinhas de manjericão.

Hora do jantar, colocar os rondellis em uma forma, cobrir com o molho e muito queijo ralado e forno para gratinar por cerca de uns 20 minutos.

Enquanto isso. Uma boa saladinha para começar.

Folhas de rúcula e tomates sweet cobertos pela redução de vinagre balsâmico de framboesa com caramelo de açúcar mascavo (aquele que aprendemos no Atelier Gourmand).


Mais uma vez, acompanhamos nosso jantar com um vinho verde. O Casal Garcia, afinal, nada de arriscar um jantar comfort com vinhos que ainda não experimentamos.


Rondelli pronto, gratinado, só provar, com ainda mais queijo ralado por cima.


Sensacional. Massa no ponto certo, apesar de muitos queijos diferentes no recheio os sabores não brigaram em nenhum momento, e a amêndoa além de agregar sabor ainda deu um toque crocante para quebrar a textura uniforme de massa, recheio e molho.

Fazer massa em casa, pode até dar um certo trabalho, mas compensa muito. E ter um pretexto para ficar reinando na cozinha o dia inteiro às vezes também é algo bem interessante.

Sim, tem um acompanhamento ali no fundo. Fizemos umas tiras de antecoxas de frango, temperadas com sal, azeite, alho e vinho branco. Passadas na farinha de trigo com creme de cebola e depois em um ovo batido antes de fritar. Ficaram bastante suculentas e levemente crocantes. Um excelente e rápido acompanhamento.

Para acabar o jantar completamente satisfeitas e prontas para largar o corpo no sofá, só falta a sobremesa.

Todo mundo já deve ter ouvido falar de toucinho do céu. Uma receita típica portuguesa. Como eu andava meio traumatizada com receitas de doces portugueses por conta dos famigerados ovos nevados, resolvi arriscar e ver no que ia dar.

Bati no processador 125gr de amêndoas torradas e sem pele. Em uma travessa bati 6 gemas (sem pele sempre) e uma clara. Em um potinho no microondas derreti 25gr de manteiga e  acrescentei 1 colher (sopa) rasa de farinha de trigo. Em uma panela coloquei 250gr de açúcar e 100ml de água e deixei derreter até que ficasse bem transparente e borbulhasse, então acrescentei a manteiga, os ovos e a amêndoa, mexendo sempre. Até que chegasse em um ponto semelhante ao de brigadeiro, um pouco grosso e desgrudando da panela.

Então coloquei em uma forma onde a receita ficasse com mais ou menos uns 2cm de altura e cobri com lâminas de amêndoa. Deixei no forno por cerca de meia hora.

Quando tirei do forno deixei esfriar e só depois desenformei. Confesso que não consegui desenformar inteiro, então cortei aos pedaços e fui tirando aos poucos da forma.


Provei ainda quente e não gostei muito não, ficou com uma consistência um pouco melada. Mas depois de frio o sabor e a textura são surpreendentes. De se entender porque ouve-se tanto falar deste doce, e nem se importar com calorias.

Me responda agora, depois de um jantar desses quem é que tem problemas na vida?

OBS: Menos de uma semana para acabar a votação. Corre lá: votação melhores do ano.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Uma receita portuguesa com certeza

Tem receita mais portuguesa do que bolinho de bacalhau?

Essa é ótima, porque vão pedaços generosos de bacalhau e poucos ingredientes, o que faz com que o sabor fique bastante acentuado.

O nome do prato é pataniscas de bacalhau e é praticamente um bacalhau empanado.

Compramos o bacalhau em lascas e dessalgamos em água gelada por um longo dia, trocando a água de tempos em tempos. No dia seguinte pela manhã colocamos em leite com suco de limão (o leite é para dar aquela amaciada no bacalhau, pode fazer isso apenas umas 2 horas antes de começar a receita).

Em uma vasilha colocamos farinha, ovo, azeite, cebola bem picadinha, sal, pimenta do reino, salsa e cebolinha. Coloque água aos poucos até que a consistência fique igual a do bolinho de chuva, como se fosse uma "cola". Nessa mistura acrescentamos o bacalhau em pedaços.


Deixamos descansar por 15 minutos. Modelamos pequenas porções entre duas colheres e fritamos em azeite.

  
Escorrer em papel toalha para tirar o excesso de óleo e só falta deliciar-se com os petiscos. Acompanhado de cerveja fica tudo de bom.


Bolinhos de bacalhau cheios de batata, e com pequenos fiapos de bacalhau, nunca mais. As tais pataniscas já foram parar com certeza na minha lista de receitas a serem feitas com frequência.

OBS: Sim, até dia 26 todos os posts terão observações.
Alguns esclarecimentos sobre a eleição. Os votos devem ser colocados nos comentários do post "Está aberta a votação" . Vote em um cardápio completo (entrada, prato principal, acompanhamento e sobremesa) e, se acertar o cardápio eleito por nós, idealizadores do blog, será convidado a participar de um almoço. Os pratos que estão concorrendo são todos os que estão no blog a partir do "melhores do ano" do ano passado. Pode votar até dia 26 de janeiro. No fim ficamos todos felizes. Aqui está o link do post, só clicar, votar e cruzar os dedos para acertar o cardápio.

sábado, 15 de janeiro de 2011

De olhos vermelhos e pelo branquinho...

Primeiro sábado do ano, e lá vamos nós começar as invencionices. Nada melhor do que uma carne que nunca antes havíamos provado. Coelho.

Tá eu sei, coelho é fofinho, saltitante e entrega ovos de Páscoa, mas puxa vida, o frango e a vaquinha são tão feios assim?

Enfim, mais uma vez rompendo nossos paradigmas, nos aventuramos no preparo de uma nova iguaria.

Embora nunca tívessemos provado, sabemos que toda carne merece uma boa marinada. Começamos por aí então.

Cortamos o coelho em pedaços, e temperamos com sal, alho, pimenta do reino, o suco de uma laranja, as raspas dessa laranja, um cálice de vinho do porto, salsinha e bastante azeite.

Deixamos assim cerca de 6 horas. Agora na panela de ferro, aquecemos um pouco de azeite, fritamos os pedaços de carne até que ficassem bem dourados.

Acrescentamos água fervente até cobrir a carne e deixamos cozinhar até que ficasse macia (aproximadamente 2 horas). 


Quando já estava no ponto adicionamos uma colher (sopa) de mel e os gomos de uma laranja. Uma última fervura e está pronto para servir.

Claro que não nos esqueceríamos de fazer um acompanhamento para ornar com a carne. Lavamos algumas folhinhas de endívia e recheamos.

O recheio era uma mistura de cream cheese, fatias bem finas de repolho roxo, uma cenoura ralada, uma cebola bem picada, um pouco de ricota, muito azeite, sal, maionese para dar a consistência de um paté e salsa e cebolinha para colorir ainda mais. Alguns tomatinhos sweet também resolveram aparecer por aqui.


As endívias ficaram muito boas, fresquinhas, crocantes, bem temperadas, sem falar que ficam muito delicadas. Pequenas canoinhas saudáveis e repletas de um recheio com várias texturas. Tudo para tornar-se uma constante por aqui.

Ainda assim, achei que faltava um pouco de carboidrato para completar o prato. Fatiei um pãozinho amanhecido, reguei com azeite e coloquei no forno. Infelizmente, esqueci no forno. Fui lembrar quando me sentei para aproveitar o jantar. Já era tarde demais.


Segundo a minha mãe, queimadinho é mais gostoso, mas sinceramente, não sou muito a favor dessa filosofia não. Prestar atenção ao que se faz é sempre a melhor dica. Fazer o que? Falhas acontecem até nas melhores cozinhas.


Tcham tcham tcham tcham. Hora de provar o coelho. O tempero ficou sensacional, os gomos de laranja deram um toque incrível e a carne é bem suave e de sabor bastante delicado.

Confesso que esperava um pouco mais. Afinal para levar ao prato um bichinho tão fofinho, saltitante e que entrega ovos de chocolate, só justifica-se quando esse sabor é realmente incomparável e espetacular. O que eu não considerei (na minha humilde opinião) que fosse o caso. Lembra carne de frango, aquele gosto característico de carnes de caça fica muito suave e quase imperceptível dependendo do pedaço que pegar.

Entendam, é bom, vale a pena provar, para surpreender em um jantar é uma ótima opção. Mas não é algo que eu tenha a intenção de repetir a qualquer oportunidade.

No que depender de mim, os coelhinhos continuarão sendo fofinhos e saltitando por aí ao entregar ovos de Páscoa para todo mundo.

Quanto às nossas taças, além de novas (presente de Natal do meu cunhado mais legal) também estavam cheias de um vinho que até então não havíamos provado (presente de Natal do meu cunhado mais legal).

O vinho é o Montes Cherub, um Rosé of Syrah, que pode ser identificado facilmente porque no rótulo tem um querubim, gordinho, rosado e levemente alcoolizado.


Vinho muito bom. O primeiro gole foi antes do jantar e o vinho me pareceu bem leve e de sabor bem suave, mas ao acompanhar o jantar eu não sei explicar o porque (sim, eu preciso de um curso de enologia) tanto o vinho como o prato pareciam ter seus sabores realçados por causa da harmonização.

Com certeza dá para combinar facilmente muitos jantares com esse vinho, isso sem falar que ele tem uma cor muito bonita e um tanto quanto cristalino. Adorei.

De sobremesa, crepes.

Minha mãe faz uma massa de crepe fantástica, e já fazia tempo que nessa busca por coisas novas, não repetíamos essa receita já tão consagrada por aqui.

Bata no liquidificador 1 xícara e meia de farinha de trigo, uma pitada de sal, meia lata de leite condensado, as raspas de uma laranja ou limão, 1 colher (sopa) de óleo, 3 ovos, 2 colheres de conhaque e 2 xícaras de leite.

Depois é só fritar em uma frigideira pequenas porções.

Para o recheio pode inventar a vontade, ganaches, geléias, queijo e goiabada, frutas caramelizadas, brigadeiro, doce de leite. Só depende da imaginação e dos ingredientes disponíveis.

No caso da nossa sobremesa, minha mãe colocou em uma panela um pouco de açúcar, morangos picados e o suco de meio limão. Deixou cozinhar até que os morangos já tivessem soltado bastante água. Bateu no liquidificador para que ficasse em pedaços menores. A parte, ela derreteu chocolate branco e misturou com creme de leite e conhaque.

Para finalizar misturou tudo, a geléia com a ganache, formando um creme meio opaco e bem cor-de-rosa.


Cada uma montou a sua em seu prato, com uma ou duas dobras, com uma ou muitas massas e muito creme. Foi ótimo relembrar porque gostamos tanto dessa receita.

Muitos acertos, poucos erros e novidades à vontade harmonizados com boas recordações. Uma excelente forma de aproveitar o fim-de-semana.

OBS: Claro que a votação ainda está aberta, todas as informações sobre como votar clique aqui. Tá esperando o que? Clica rápido e vai votar que é só até dia 26, ou quer perder a oportunidade de participar de um desses jantares que aparecem aqui no blog?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Verão + Chuva = Cupcakes + Arco-íris

É verão, sol, parques, e piqueniques. Certo?
Não parece funcionar bem assim, já que o verão também é a época das chuvas diárias e abundantes.

E até que cheguem as águas de março para encerrá-lo, uma boa parcela do tempo dos fins-de-semana, ficamos presos em casa, sem ter muito o que fazer.

Nessas horas tem coisa melhor do que bolo quente com café?

O problema é o tempo que o preparo de um bolo leva, o trabalho que ele despende e depois o que fazer com o restante do bolo. Pelo menos aqui em casa é assim, tiramos o bolo do forno, cada um come o seu pedaço e depois o bolo fica ali, pairando sobre a mesa por tempo indeterminado.

Foi então que em pesquisas pela internet minha irmã descobriu os bolos de caneca. Sim, os cupcakes que estão tão em alta nos últimos tempos.

Mas não os cupcakes em forminhas enfeitadas e cheios de confeito, os bolinhos de caneca mesmo, onde os ingredientes podem ser misturados ali na própria canequinha e assados no microondas. E então em 5 minutos temos um bolinho quentinho e gostoso para acompanhar o café enquanto a chuva nos faz de reféns.

Confesso que me peguei cercada de preconceitos quando li a receita e vi a palavra microondas, mas nada melhor do que experimentar para libertar-se disso.

A primeira receita que testamos foi o do bolo de laranja.

Coloque um ovo na caneca (para fazer direto na caneca, ela deve ser de 300ml, nós preferimos fazer em uma travessa e depois dividir em xícaras pequenas, de menos de 100ml) bata bem com o garfo, acrescente três colheres (sopa) de óleo,  4 colheres (sopa) de açúcar, 4 colheres (sopa) de suco de laranja e misture bem, agora coloque 5 colheres (sopa) rasas de farinho de trigo e 1 colher (café) de fermento em pó.

Quando estiver bem homogêneo leve ao microondas por 3 minutos se você fez na caneca grande, nas nossas micro canequinhas cada bolinho demorou 1 minuto e 15 segundos.

Inventamos umas coberturazinhas, doce de leite e o que mais encontramos pelo armário.



Podem não ser os bolos mais fantásticos do mundo, mas ficam muito gracinha, fofinhos, gostosinhos e formam o par perfeito para as tardes chuvosas.

Mas claro que ninguém passa uma tarde dessas sem chocolate, então é lógico que na sequência, mais bolinhos, agora com o derivado mais gostoso do cacau.

O esquema do tamanho das canecas e de tempo de microondas é o mesmo.

Comece batendo um ovo com o garfo, acrescente 3 colheres (sopa) de óleo, 4 colheres (sopa) de leite, 4 colheres (sopa) rasas de açúcar,  e 2 colheres (sopa) de chocolate em pó (se você for usar alguma marca que já vem adoçada, pode diminuir a quantidade de açúcar de acordo com a preferência). Misture tudo, por último coloque 4 colheres (sopa) rasas de farinha de trigo e 1 colheres (café) de fermento em pó.

Fizemos ganache para cobrir.


É bolo, é de chocolate, coberto com mais chocolate, preciso mesmo falar que ficou bom?

Depois de passar a tarde na casa da minha irmã, brincando de chá de bonecas, fazendo mini bolinhos, em mini canequinhas, e esperando a mega chuva passar, segui meu caminho para casa.

E eis que me deparei com mais uma boa surpresa trazida pela chuva: um arco-íris. Não muito grande e meio apagado, mas do jeito que o céu paulistano ainda nos permite ver em raras ocasiões.


Não pude deixar de tentar registrar o momento, mesmo com o carro em movimento, embora mal dê para ver a faixa de cores no céu, não é nada que um pouquinho de imaginação não permita enxergar.

OBS: Não esqueçam, a votação continua rolando até dia 26 de janeiro, e quem votar poderá ganhar um almoço aqui em casa com as melhores receitas testadas por nós em 2010. Para participar da eleição do melhores do ano 2010 clique aqui.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Está aberta a votação

A gente passa o ano todo inventando, criando, recriando, provando, testando, pesquisando. Agora resta colher os frutos desse trabalho.

Ou seja, está oficialmente aberta a eleição do melhor cardápio de 2010.

Para começar o ano bem, gostamos de fazer logo de cara, ainda no mês de janeiro, um encontro culinário com a melhor entrada que fizemos em 2010, seguida pelo melhor prato, junto com o melhor acompanhamento e encerrar com a melhor sobremesa, obviamente.

Aliando esta votação com a vontade que estou há algum tempo de trazer mais convidados aos nossos encontros (mas só gente que aceita colocar a mão na massa) e tendo em vista que ano passado tivemos um empate na sobremesa e só pudemos contar com  um voto de minerva nada imparcial, esse ano teremos novas regras.

Antes valiam todos os pratos preparados por nós em conjunto, dessa vez vale todos os pratos preparados por nós (em conjunto ou não), mas obrigatoriamente postados aqui no blog.

Todo mundo que acompanha o blog pode votar. Tem que escolher o cardápio completo, da entrada à sobremesa.

Aqui, somos em 4, cada um fará seu cardápio. Caso dê empate, os votos que viermos a ter aqui no blog, servirão como critério de desempate.

Quando definido o cardápio vencedor, quem tiver votado pelo blog no cardápio vencedor ou quem chegar mais perto (pela ordem de importância: prato principal, entrada, sobremesa, acompanhamento) será convidado a participar do melhores do ano aqui com a gente.

O almoço acontecerá no dia 30 de janeiro (data sujeita a mudança de acordo com a agenda da minha irmã) e serão válidos os votos deixados aqui nos comentários até o dia 26/01.

Comente, vote de a sua opinião, ela é muito importante para nós, porque o cardápio desta história alguém tem que decidir.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

2011 superstições de ano novo

A virada do ano é uma data marcada por muitas superstições. De todos os tipos, desde a cor da roupa,  até (e esta é a parte que me interessa) a escolha do cardápio.

No ano novo não pode-se comer aves, porque elas ciscam, e por isso, na virada provar uma deliciosa penosa seria empurrar a vida para trás durante todo o ano. Já ouvi também que o problema das aves é que, por elas voarem, deixá-las à mesa seria deixar a sorte "voar" para bem longe.

Já a carne suína e os peixes são muito bem recomendados. Como o porco fuça, empurra a terra para frente, e esse gesto significaria que teríamos vários empurrões da sorte. Enquanto os peixes vivem na água, que simboliza purificação, ou seja, deixar o ano velho para trás e como não há como nadar de marcha a ré também estaríamos durante o ano todo impulsionando nossas vidas.

Crendices a parte, sei que toda essa história foi uma ótima desculpa para preparar uma nova receita de bacalhau. Se garante ou não a sorte, eu não faço idéia, mas prefiro simplesmente não duvidar, porque pode ser que não faça o bem, mas com certeza mal nenhum virá disso.

Mas vamos do começo. O ingrediente clássico e que não pode faltar à mesa na virada é a lentilha. Afinal, quem é que não espera viver o ano todo sem se preocupar com dinheiro?

Lentilha pode ser sim um prato saboroso e nada dolorido de se comer à meia noite em cima da cadeira enquanto dá três pulinhos com o pé direito e separa 7 caroçinhos de romã e 12 de uvas para enrolar em uma nota e colocar na carteira. Ufa.

Primeiro cozinhei na pressão só com sal e azeite por 10 minutos. Não mais que isso.

Em uma panela fritei bastante bacon, cebola picada, um tomate sem pele e sem sementes também picado, um pouquinho de pimenta e orégano. Deixei ferver um pouco toda essa refoga e fui acrescentando aos poucos a lentilha com bastante do caldo em que ela foi cozida.

Deixei ferver por uns 5 minutos. Até a lentilha chegar no ponto. Então acrescentei uma generosa colher de manteiga, salsa e cebolinha picadas para dar uma cor.


Servimos em cumbuquinhas, como uma sopinha de entrada da nossa ceia. Ficou deliciosa. Bacon e lentilha combinam demais (na verdade para mim tudo combina com bacon), tinha um toque picante e a lentilha estava bem macia. Espero que ganhar dinheiro esse ano esteja mesmo associado a este prato, porque comi aos montes.

Quanto às bebidas, tudo foi regado a espumantes. Claro, por todos os significados que esta bebida traz consigo (como alegria e realeza) e também porque toda comemoração é sempre uma ótima oportunidade de provar champagnes, espumantes ou qualquer outra bebida que entre na descrição do monge beneditino Don Pérignon ao provar o primeiro vinho deste tipo do mundo "é como beber estrelas".

Ora pois, vamos ao preparo do bacalhau. É simples e não muito trabalhoso, mas demora um bocadinho. A receita escolhida chama-se "bacalhau a trasmontana", prato tradicional da região de Trás-os-Montes.

Compramos lombo de bacalhau congelado e já dessalgado. É um pouco mais caro do que comprar o bacalhau da forma tardicional, mas em compensação aproveita-se tudo, sem desperdício.

Para descongelar colocamos no leite com sal (orientação da embalagem era em água salgada para corrigir o sal das partes mais finas). Por que em leite? Porque o leite amacia o bacalhau, e dessa forma consegue-se manter o sabor característico, mas com a textura de um peixe fresco, fantástico.

Depois de algumas horas no leite cortamos as postas. Então as enxugamos, passamos em um ovo batido, e na sequência em farinha de trigo e fritamos em azeite.


Só assim, ele já fica com aspecto bem interessante, mas esse é só o começo. Lembra o leite em que estava o bacalhau? Usamos para fazer um molho bechamel.

Em uma outra panela, manteiga para fritar a cebola picada e então acrescentamos o leite já misturado com a farinha de trigo (uma média de uma colher de farinha para cada xícara de leite e uma colher de manteiga para cada duas xícaras de leite), um pouquinho de noz moscada e pimenta do reino e esperar engrossar.

Enquanto o molho era preparado, no mesmo azeite onde o bacalhau foi frito, fritamos batatas em rodelas até que ficassem douradas.

Agora a montagem. Em uma forma colocamos as batatas, por cima arrumamos as postas já fritas, cobrimos com o molho, e cobrimos com parmesão ralado.


Agora só falta gratinar. Levar ao forno pré-aquecido até que o queijo esteja derretido e dourado.


As postas desmanchavam na boca. O molho ficou intenso por ter incorporado o sabor do bacalhau. Fica um prato bastante leve e suculento. As batatas, colocadas por baixo na forma, impedem que o calor excessivo do forno resseque o bacalhau e formam um excelente acompanhamento para as postas.

Perfeito, mas molho para quem é de molho. Para quem não é de molho preparamos outra opção.

Na mesma frigideira (auquela em que fritamos o bachalhau e a batata) fritamos lâminas de alho. E deixamos esse alho em um pouco de azeite, para saborizar. 

Tentamos preparar a receita do bacalhau a pil-pil. Uma receita basca que eu e minha irmã provamos na degustação de vinhos só para mulheres. Trata-se basicamente de bacalhau e azeite (aquele saborizado com o alho) em uma frigideira que mexe sem parar, esse mexer serve para misturar a gordura do bacalhau com o azeite emulsionando levemente.

Bom, creio que ter a panela própria (aquela que dispensa cinco minutos de uma ininterrupta dança para balançar a frigideira) deva facilitar em muito a vida de quem estiver preparando o prato. Sem falar que ela também deve evitar constrangimentos, como fotos tiradas ao lado do fogão enquanto você se sacode junto com a panela. Sim, essa foto existe. Não, eu não vou colocá-la aqui porque a pessoa em questão é a que vos escreve e não por coincidência, também quem escolhe as fotos do blog.

Enfim, de qualquer forma, deve ter outros segredos para o preparo dessa tão famigerada receita basca, porque não obtive o resultado esperado.

No final consegui um bacalhau frito em azeite saborizado com alho e depois aproveitei para fritar umas cebolas rodeladas e servi tudo junto. O alho, a cebola e o bacalhau.


Acho que sou de molho, mas também posso não ser. Obviamente provei as duas versões. Difícil dizer qual a minha preferida.

O molho bechamel deixou o prato mais suave, e a quantidade de elementos (o molho, as postas, as batatas) agregaram várias nuances de sabor e textura, isso não havia na versão de alho frito com o bacalhau só no azeite, porém nesta o sabor era mais marcante.

Mas nem só bacalhau e lentilha estavam à mesa, afinal ceia de ano novo deve ter muita fartura e ser muito colorida.

Nada melhor para dar vida e cor do que uma saladinha com brócolis verdinhos, tomates vermelhinhos e azeitonas pretas.


Temperada com mais azeite (espero que azeite também traga bons fluídos), sal e vinagre balsâmico.

Para encerrar a ceia, torta de pera com gorgonzola.

A princípio sei que para muitos essa combinação vai parecer um tanto quanto inusitada, mas acredite, a pera está para o gorgonzola assim como a goiabada está para o queijo minas.

Primeiro a massa.

Misture dois tabletes de manteiga culinária gelada, duas gemas, amêndoas torradas e moídas (cerca de pouco mais de meia xícara) e então acrescente farinha até desgrudar da mão. Coloque a massa em um saco plástico e leve à geladeira por uma hora.

Para o recheio coloque açúcar em uma panela e forme uma calda com um pouquinho de licor (usamos Contreau). Junte algumas fatias de pera não muito grossas e sem casca. Deixe até que as peras estejam cozidas mas não moles de mais a ponto de quebrarem com o manuseio. Tire as peras e deixe a calda reduzir até a metade.

Na montagem da torta abra a massa e cubra a parte de baixo da forma. Fure com a ponta de um garfo para evitar que crie bolhas e deixe a torta com uma forma irregular. Coloque as peras cozidas e um pouco da calda, espalhe sobre as peras pedaços generosos de gorgonzola de forma espaçada. Cubra a torta com lâminas de amêndoa.

Leve ao forno pré-aquecido até que as amêndoas e a massa estejam douradas. Depois de tirar do forno cubra a torta com o restante da calda.
 

Sensacional. A massa parecia um biscoitinho amanteigado de amêndoas (fiquei imaginando fazer essa massa como pequenas bolachinhas e cobrí-la de chocolate). Definitivamente pera e gorgonzola nasceram um para o outro, sabores complementares que se mesclam de forma única e para fechar, a crocância das lâminas de amêndoa. Para ficar melhor só acompanhada de sorvete, que faltou na foto, mas não no prato.

Depois da sobremesa sempre fica mais fácil ver o lado doce das coisas que aconteceram no ano que terminou. Entre outras coisas, em 2010 nasceu este blog, o que foi algo muito significativo para mim ao escancarar a paixão de todos aqui de casa por gastronomia. Se 2011 for como 2010 já estou no lucro. Mas é claro que sempre desejando melhorar e ter novas metas a serem conquistadas.

Se superstições funcionam não tenho como afirmar, mas na minha humilde opinião não há porque não se prevenir e usar como tema das festas de ano novo torcendo para que cada gesto, cada prato, cada simpatia traga boas energias, esperança e tudo aquilo que buscamos e desejamos a todos que conhecemos nas mensagens de fim de ano.

O ano já começou,  mas continuo desejando a todos pelos próximos 355 dias um 2011 cheio de realizações (culinárias ou não) boas energias, esperança e tudo aquilo que costuma-se dizer em mensagens de fim de ano.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Caçada gastronômica



Todo final de ano é assim, muitos cardápios a serem decididos, muitos pratos para preparar, pensar na melhor maneira de acomodar a todos, e todas essas coisas que cansamos de saber e repetir por aí.

Para relaxar um pouco, entre o Natal e o ano novo resolvemos acender a churrasqueira e nos refugiarmos no conforto de nosso quintal. Nada de mega eventos, apenas uma carne queimando na brasa, algumas cervejas e muito sossego em família.

Churrasco é churrasco, todo mundo tem as suas dicas e técnicas e não estou aqui para discutí-las, até porque se fosse esse o objetivo do post deixaria nas mãos do meu cunhado, o grande mestre churrasqueiro por aqui.

A graça deste churrasco foi a tal picanha suína. Ano passado procurando alguma carne diferente para um jantar especial, achei quase sem querer alguns cortes suínos no mercado. Maturados e já temperados. E depois de provar a picanha suína no forno não pude deixar de imaginá-la na brasa.

Aproveitamos a oportunidade e não precisamos fazer absolutamente nada além de acender a churrasqueira e colocar a carne no espeto. Depois disso foi apenas esperar o seu tempo de preparo.


O final da história não poderia ser outro. A gordura derreteu, a carne ficou macia e suculenta (bem como deve ser mesmo) e muito, muito saborosa.

Eu e minha mãe que já havíamos provado a picanha não tínhamos dúvidas de que ficaria excepcional na churrasqueira, e minha irmã e meu cunhado ficaram surpreendidos com o resultado.

Cansamos de ouvir sobre o espetáculo que é esse corte e como daqui por diante ele estará sempre presente na lista de compras para os futuros churrascos ao lado da picanha tradicional e da linguiça.

Mas não vamos parar por aí, afinal estamos sempre atrás de novidades e dispostos a fazer experiências gastronômicas das mais diversas.

Então continuaremos com nossa caça pelos sabores desconhecidos, a começar pelos outros cortes suínos e maturados que disputam espaço com essa maravilhosa picanha na geladeira do supermecado mais próximo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Reciclagem


Nada mais em alta do que a sustentablidade do planeta.

De uns tempos para cá esse termo ficou bastante recorrente e estendeu-se para todos os campos de atuação. A gastronomia não poderia ficar de fora. E sustentabilidade na cozinha, nada mais é do que evitar desperdícios.

Ou seja, fazer aquele reaproveitamento básico das sobras, como os tradicionais bolinhos de arroz das nossas mães ou aquelas tortas de liquidificador que usamos o que tiver na geladeira para compor o recheio.

Às vezes (e só às vezes) a gente tem que dar o braço a torcer e dizer que sim, as mães sempre sabem das coisas (a gente sabe disso, mas se repetimos isso demais elas ficam muito convencidas). Nada de jogar comida fora, tudo pode ser transformado sem perder qualidade e sabor.

Confesso que aqui em casa há tempos não sei o que é um bolinho de arroz (infelizmente), nem tortas de liquidificador (felizmente) e nem todas as outras habituais formas de reciclagem culinária. Não, não jogamos comida fora, mas sempre procuramos fazer as coisas na medida certa, ou seja, não há sobras a serem metamorfoseadas.

Mas, no Natal houve um certo exagero. E com mais de meio peru na geladeira precisávamos fazer algo pela sustentabilidade. Para tanto decidimos enlouquecer o peru.

Sabe aqueles lanchinhos que serviam nas festas de criança nos anos 80? De carne desfiada com molho e muito tempero?

Pois é, os famosos sanduíches de carne louca nos inspiraram a fazer um delicioso recheio com a carne de peru desfiada. Então porque não batizar esse recheio de peru louco?

Controvérsias batismais das mais diversas não impediram que a idéia fosse executada de forma primorosa e digna de ser postada no blog.

Vamos à receita:

Misture dois tabletes daqueles de manteiga de culinária gelada com uma colher (chá) de sal e duas gemas (uma dica legal é sempre tirar a pele que envolve a gema, isso evita que você deixe suas massas com aquele cheiro forte de ovo) e vá acrescentando farinha até desgrudar da mão (isso vai acontecer mais ou menos após 2 xícaras, mas tem muitas variáveis portanto não é uma medida exata, coloque sempre o mínimo necessário para desgrudar da mão) coloque a massa em um saco plastico e leve a geladeira por uma hora.

Depois desse tempo abra a massa entre dois plásticos, isso irá facilitar sua vida, porque essa massa fica bastante esfarelenta (excelente para fazer empadinhas).

Para enlouquecer o peru retire todas as sobras e desfie. Em uma panela refogue em azeite cebola e alho bem picados, um tomate sem pele também picado. Depois de tudo muito bem refogado acrescente o peru e algumas azeitonas pretas picadas. Coloque um pouco de água se necessário, o recheio deve ficar bem desfiado e com a consistência bem macia. Quando atingir a consistência e já estiver bem seco acrescente bastante requeijão e salsa e cebolinha.

Monte a torta, pincele uma gema de ovo sobre a massa e leve ao forno pré-aquecido em 180º até que esteja bem dourada.


Sensacional! O recheio fica bastante úmido por causa do requeijão e a massa fica bem quebradiça, bem como deve ser mesmo.

Sei que muitos pedaços de torta depois, acompanhados de um café passado na hora me peguei pensando que a preocupação com o aquecimento global e a sustentabilidade do planeta pode ser bastante saborosa.

Viva a reciclagem!