quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Comer é o melhor remédio

Acho que muita gente vai concordar comigo quando digo que nenhuma culinária é mais acolhedora do que a italiana. Aquela comida que pede um ambiente tão confortável quanto o seu lar e que você não tenha nenhuma obrigação para depois do jantar, a não ser deitar no sofá para ver um filme, agarrar o cachorro, jogar conversa fora, ou simplesmente apreciar a companhia das pessoas que ama e dar valor para as pequenas coisas da vida.

O conceito de comfort food só pode ter surgido depois que alguém que estava muito mal comeu um belo prato de macarronada e se deu conta de que isso deixou todos os problemas em um cantinho há ser resolvido depois e pôde então aproveitar momentos de paz e satisfação.

Sim, eu sou apaixonada por comida italiana. A começar por seu preparo. Basta ter farinha e ovo e já se obtém uma belíssima massa.

A receita é simples, um ovo para cada 100gr de farinha e cada ovo corresponde a uma porção (ou seja, para fazer massa para 3 pessoas, faça 3 ovos e 300gr de farinha. Fácil, né?).

Quando falamos de farinha em massas lembre-se sempre daquela máxima de decoradores e fashionistas: menos é mais.

Peneirei 200gr de farinha de trigo, coloquei uma pitada de sal, abri um buraco no meio e acrescentei 3 ovos batidos (tirei a pele das gemas, evitar deixar tudo com cheiro de ovo é sempre bom). A massa ficou bem mole e grudenta, então, fui acrescentando as últimas 100gr de farinha aos poucos. Nem cheguei a utilizar tudo. Parei de colocar farinha assim que a massa parou de grudar na minha mão. Passei mais farinha em volta e cobri com um pano.


Com a massa pronta pode-se fazer o que quiser com ela, cortar em qualquer formato ou tamanho, com ou sem recheio e qualquer tipo de molho.

Depois de decidido o destino da minha massa, é a hora de dar forma.

Essa é a parte mais trabalhosa e complicada. Decidi fazer um rondelli. Então precisei esticar a massa até que ficasse bem fininha, em formato retangular.

Até aí, tudo bem, o problema começou na hora de pré-cozer a massa. Coloquei uma forma no fogão com água e um pouco de óleo. Quando começou a ferver tentei colocar a massa, que dobrou, ficou torta, não cabia na forma direito porque me empolguei e acabei esticando demais, depois que já estava no ponto não conseguia tirá-la da forma sem quebrá-la inteira. Foi um verdadeiro furdúncio.

Resultado. Tive que esticar mais massa e começar tudo de novo. E o que fazer com a massa arruinada? Jogar fora? E a sustentabilidade?

Pois é. Lembra aquela história de que qualquer formato é válido quando trata-se de macarrão? Essa massa picada com um molhinho... ainda vai render um outro post.


Na segunda tentativa, calculei melhor o tamanho da forma, tive mais cuidado ao colocar a massa para não dobrá-la, mas ainda teria o problema de como tirar a massa já cozida da forma sem que ela quebrasse.

E foi nessa hora que olhei para o escorredor de pratos e vi a tábua de vidro, aquelas bem fininhas para cortar legumes, percebi que ela tinha o tamanho aproximado da massa e que sua expessura permitia que a colocasse dentro da água por baixo da massa a ser retirada.

Sacada genial que me fez tirar a massa de lá sem grandes sacrifícios ou contra tempos.

Coloquei a massa sobre um pano de prato e vamos ao recheio.

As opções de recheio também são das mais variadas. Eu fiz uma mistura de queijos e amêndoa.

Misturei 400gr de ricota, 50gr de gorgonzola, 50gr de parmesão ralado, 50gr de queijo do reino, 200ml de creme de leite fresco, 100gr de cream cheese, amêndoas torradas quebradas em pedaços, uma cebola picada bem miudinho, sal, pimenta do reino e salsa e cebolinha, até que obtivesse uma massa uniforme.

Então sobre a massa coloquei uma generosa camada desse recheio (sobrou mais da metade do recheio, o que seria suficiente para a massa que estraguei).


Com a ajuda do pano, enrolei a massa como um rocambole, então envolvi em papel filme e levei ao freezer por cerca de 1 hora.


No freezer ela ganha consistência e facilita o corte das fatias. Medi aproximadamente 2 dedos de espessura para cada uma. E não descartei as pontas.


Não ficou lindo? Um dia de trabalho recompensado. Pode-se congelar assim e guardar no freezer para uma ocasião especial, mas como eu acho que todo dia é um dia especial, claro que fui correndo pensar no molho.

O molho ficou por conta da minha mãe que bateu no liquidificador 8 tomates sem pele e meia cebola. Em uma panela aqueceu azeite e despejou os tomates batidos. Temperou com sal e pimenta do reino e deixou apurar, colocando um pouquinho de água de vez em quando. Depois de muitas horas fervendo, acrescentou algumas folhinhas de manjericão.

Hora do jantar, colocar os rondellis em uma forma, cobrir com o molho e muito queijo ralado e forno para gratinar por cerca de uns 20 minutos.

Enquanto isso. Uma boa saladinha para começar.

Folhas de rúcula e tomates sweet cobertos pela redução de vinagre balsâmico de framboesa com caramelo de açúcar mascavo (aquele que aprendemos no Atelier Gourmand).


Mais uma vez, acompanhamos nosso jantar com um vinho verde. O Casal Garcia, afinal, nada de arriscar um jantar comfort com vinhos que ainda não experimentamos.


Rondelli pronto, gratinado, só provar, com ainda mais queijo ralado por cima.


Sensacional. Massa no ponto certo, apesar de muitos queijos diferentes no recheio os sabores não brigaram em nenhum momento, e a amêndoa além de agregar sabor ainda deu um toque crocante para quebrar a textura uniforme de massa, recheio e molho.

Fazer massa em casa, pode até dar um certo trabalho, mas compensa muito. E ter um pretexto para ficar reinando na cozinha o dia inteiro às vezes também é algo bem interessante.

Sim, tem um acompanhamento ali no fundo. Fizemos umas tiras de antecoxas de frango, temperadas com sal, azeite, alho e vinho branco. Passadas na farinha de trigo com creme de cebola e depois em um ovo batido antes de fritar. Ficaram bastante suculentas e levemente crocantes. Um excelente e rápido acompanhamento.

Para acabar o jantar completamente satisfeitas e prontas para largar o corpo no sofá, só falta a sobremesa.

Todo mundo já deve ter ouvido falar de toucinho do céu. Uma receita típica portuguesa. Como eu andava meio traumatizada com receitas de doces portugueses por conta dos famigerados ovos nevados, resolvi arriscar e ver no que ia dar.

Bati no processador 125gr de amêndoas torradas e sem pele. Em uma travessa bati 6 gemas (sem pele sempre) e uma clara. Em um potinho no microondas derreti 25gr de manteiga e  acrescentei 1 colher (sopa) rasa de farinha de trigo. Em uma panela coloquei 250gr de açúcar e 100ml de água e deixei derreter até que ficasse bem transparente e borbulhasse, então acrescentei a manteiga, os ovos e a amêndoa, mexendo sempre. Até que chegasse em um ponto semelhante ao de brigadeiro, um pouco grosso e desgrudando da panela.

Então coloquei em uma forma onde a receita ficasse com mais ou menos uns 2cm de altura e cobri com lâminas de amêndoa. Deixei no forno por cerca de meia hora.

Quando tirei do forno deixei esfriar e só depois desenformei. Confesso que não consegui desenformar inteiro, então cortei aos pedaços e fui tirando aos poucos da forma.


Provei ainda quente e não gostei muito não, ficou com uma consistência um pouco melada. Mas depois de frio o sabor e a textura são surpreendentes. De se entender porque ouve-se tanto falar deste doce, e nem se importar com calorias.

Me responda agora, depois de um jantar desses quem é que tem problemas na vida?

OBS: Menos de uma semana para acabar a votação. Corre lá: votação melhores do ano.

3 comentários:

  1. eu nao entendi direito.... sabe que sou devagar!!!
    vc abre a massa e coloca ela esticada no forno para cozinhar, eh isso???

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  2. Sim Li
    Tem que colocar a massa aberta em um forma com água para cozinhar antes de colocar o recheio, senão depois só no forno ela não cozinha direito. Não tirei foto dessa parte :(
    Vou ficar devendo p/ a próxima vez q eu fizer... bjs

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  3. huuuuuuuuummmmmmmm desse jeito engordo de ver!!! diliça!!!

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