quinta-feira, 28 de abril de 2011

Experiências

Como mencionei no último post, a carne com que acompanhamos o espaguete com molho de abóbora era bastante exótica.

Mais do que isso, uma carne exótica, extremamente saudável, que possui o menor índice de gordura saturada e calorias entre todos os cortes consumidos. É rica em creatina (proteína que regula o metabolismo energético do coração), em ômega 3 e 6 que diminuem o colesterol, possui grande quantidade de carnitina (proteína responsável por transformar gordura em energia), altos valores de ferro, cálcio, magnésio e fósforo e ainda é livre de hormônios do crescimento e antibióticos além de seu alto valor protéico.

Tudo isso é muito bom, mas pode ficar ainda melhor quando eu disser que é uma carne vermelha e que lembra muito o filé mignon em sabor e aparência.

Que carne mágica, talvez milagrosa é essa?

Avestruz.

Sim, aquela ave originária da África, grande e que em todos os desenhos animados costuma esconder a cabeça na terra quando está com medo.

Já existe criação de avestruzes no Brasil há mais de 15 anos (estrutiocultura), e há um abatimento anual para consumo no país de aproximadamente 60mil aves. Ainda assim, não é tão simples de encontrar e o preço não é nem um pouquinho tentador.

Mas para experimentar e saber do que se trata, lá fomos nós em busca de receitas para seu preparo na intenção de acompanhar o macarrão mais fininho que eu já fiz na minha vida.

A maioria dos sites onde pesquisei, reforçava a similaridade com o filé mignon, tanto em maciez quanto em sabor, a partir desta premissa e sabendo que toda carne sempre fica melhor depois de uma boa marinada, começamos os trabalhos.

Temperamos a carne com um dente de alho picado, sal, pimenta do reino, bastante azeite e uma generosa quantidade de vinho branco. A carne marinou por algumas horas e então levamos ao forno. De tempos em tempos dávamos uma olhada, regavamos com um pouquinho do tempero e fomos deixando.

Depois de aproximadamente 45minutos no forno, decidimos que era hora de prová-la.


Ao partir percebemos que estava bastante rígida e nada suculenta, por isso deixamos cada fatia bem fininha, combinando com o macarrão fininho...

O sabor realmente é muito bom e muito similar ao da carne bovina, mas por ter pouca gordura acho que erramos no preparo ao deixar tanto tempo no forno. Nosso avestruz ficou bastante seco e até um pouco duro.

Mesmo assim pudemos perceber que é uma ótima carne além de uma alternativa saudável à outros tipos de carne, o que faltou mesmo foi uma boa receita que levasse em conta o baixo percentual de gordura da peça que preparamos.

Não adianta, mesmo quando a receita não é tão boa ainda assim nos enche de idéias e vontade de experimentar coisas novas. Este erro será uma ótima desculpa para fazermos novas tentativas. Agora com mais conhecimento as próximas vezes serão mais elaboradas, o que com certeza, deixará esta inusitada ave mais saborosa e tentadora.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Faça você mesmo

Aqui sempre fomos adeptos do "faça você mesmo". Quando trata-se de gastronomia não é diferente, eu por exemplo, nunca dispensei uma boa massa caseira, mas sendo bem honesta: dá trabalho.

O trabalho não é o preparo da massa, essa é a parte rápida e que não exige prática, nem tão pouco habilidade, mas esticá-la e dar a forma desejada... Haja braço e muita disposição.

Mas meus dias de sofrimento acabaram. Não, não descobri a prateleira de macarrão e nem a geladeira das massas frescas no supermercado, essas opções já me eram familiares. 

Comprei uma reluzente máquina de macarrão.

Brinquedo novo que estica a massa com 9 níveis de espessura e ainda tem cortes para tagliarini e espaguete, o que a gente faz? Estréia!


O desafio era fazer o macarrão mais fininho e humanamente impossível de fazer sem o auxílio de um equipamento adequado. Massa esticada na mínima espessura, mais fininha do que uma folha sulfite e então cortada como espaguete.

Não dá para descrever a bagunça de farinha que fiz pela cozinha e a felicidade e empolgação desta criança com sua nova brincadeira.

Mas essa é outra história, aqui estamos para falar de receitas e vamos começar justamente pela massa. Como sempre, 100gr de farinha para cada ovo, um ovo por porção e um toque de sal e azeite. Amassar tudo e então deleitar-se com o novo utensílio da cozinha.


Massa pronta, arrumada sobre um pano de prato esperando apenas um preparo à altura. Escolhemos um molho a base de abóbora.

Primeiro levei ao forno a abóbora em pedaços envolta em alumínio. Cozinhou por cerca de 40 minutos, até que a abóbora estivesse bem macia, utilizei o espremedor de batatas para fazer um purê. Reservei.

Em uma panela coloquei bastante azeite, dois dentes de alho picados, uma cebola média também picada e deixei refogar bastante. Acrescentei dois tomates sem pele picados e deixei mais tempo refogando. Esse é o momento de adicionar o purê de abóbora e aproximadamente 150gr de queijo parmesão ralado. Mexa bem. Agora já pode desligar o fogo, acrescentar uma lata de creme de leite e meia medida da lata de leite. Corrigir o sal, misturar até que fique homogêneo e para finalizar salsa e cebolinha. 

É chegada a hora de cozinhar o macarrão. Espaguete não é a forma mais fácil de preparar. Ele pode grudar e virar uma verdadeira gororoba, por isso é importante utilizar uma panela grande e não economizar na água. Mais do que isso, um pouco de azeite sempre ajuda, mas o mais importante é mexer o tempo inteiro com um garfo.

Massa caseira e super fina, cozimento rápido. Para ficar al dente não demorou nem 5 minutos, portanto nem é um grande sacrifício a atenção dispensada para evitar qualquer tragédia.

Molho pronto, massa cozida, só misturar tudo e servir com muito queijo ralado.


O espaguete, como já disse, ficou al dente. Por estar exageradamente fino mesclou-se ao molho de tal maneira que pareciam ter sido feitos juntos, nascidos um para o outro. A abóbora e o creme de leite conferiram ao molho sabores suaves e textura sedosa. 

Sem dúvida foi uma noite de estréia com muito sucesso.


Sim, sim... há uma carne acompanhando questa pasta... e não é uma carne qualquer, é mais uma daquelas carnes exóticas que não resistimos a experimentar... mas este é assunto para o próximo post.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vou te mostrar que é de chocolate...


Todo feriado é sempre cheio de muitas guloseimas e receitas típicas. A Páscoa não é diferente, o tradicionalíssimo bacalhau na sexta-feira santa por exemplo, que deixa o preço do peixe nas alturas nesta época do ano.

Mas sejamos francos, nada é mais tradicional e característico da Páscoa do que o chocolate.

Pode ser branco, ao leite ou meio amargo, até diet se bobear, o importante é ser chocolate. E não me venha com chocolate hidrogenado ou fracionado não, chocolate bom é chocolate cremoso, daqueles que já te fazem sorrir só com o aroma e depois derretem na boca fazendo com que você feche os olhos e sinta uma leve sensação de flutuamento.

Uma das melhores partes da Páscoa aqui em casa são os pães de mel. Aquele bolinho fofinho e com cheiro e sabor de especiarias banhado em muito chocolate.

O meu preferido é o que leva recheio de abacaxi, pelo contraste do azedinho da fruta com o doce do chocolate. Simplesmente divino, e não, não adianta procurar por aí, esse pão de mel só aqui em casa. Ainda na minha lista de preferidos os pães de mel licorosos, que não teem recheio, mas são embebidos em conhaque com leite condensado antes da generosa camada de chocolate.

Especialidade esta, que também nunca encontrei em lugar nenhum e é simplesmente surpreendente. Ao morder sente-se o gosto do pão de mel e o licor escorre pela sua boca misturando-se com o chocolate e proporcionando uma sensação única e que garante o bom humor mesmo no mais terrível dos dias e até na tpm.

Enfim... é Páscoa, não deixe de aproveitar essa desculpa perfeita para comer muito chocolate sem culpa e teste as receitas de pão de mel porque sem dúvida valem muito a pena e irão proporcionar sensações únicas e inesquecíveis a quem provar.

Em uma tigela peneire 2 xícaras e meia de farinha de trigo, 1 xícara de açúcar mascavo e 2 colheres (café) de bicarbonato de sódio. Acrescente cravo moído e canela em pó (1 colher de chá de cada). Aos poucos adicione 1 xícara de leite e 1/2 xícara de mel.

Unte forminhas individuais para os pães de mel recheados ou uma forma retangular para os pães de mel licorosos. Despeje a massa na forma e leve ao forno médio. O tempo no forno depende do tamanho da forma, as forminhas individuais assam mais rápido, para saber se já estão prontos basta verificar da mesma forma que um bolo, com um palito que deve sair sequinho.

A primeira parte já está pronta. Se você optou por fazer o pão de mel licoroso misture uma lata de leite condensado com a mesma medida de conhaque. Corte o pão de mel em quadradinhos e despeje a mistura sobre o pão de mel, pode fazer uns furinhos com o garfo para ajudar a absorção.

Então leve ao freezer por algumas horas, se ele não for ao freezer fica impossível banhá-los depois.

Se você optou por fazer o pão de mel recheado é a hora de preparar o recheio. Aí vai da criatividade de cada um, pode ser doce de leite, brigadeiro, trufa de qualquer sabor, ou o mel preferido: o recheio de abacaxi.

Parta meio abacaxi em pedaços pequenos e leve à uma panela com um pouco de açúcar. Não há uma medida exata de açúcar, depende da acidez do próprio abacaxi, se ele estiver mais ácido e portanto mais azedo, acrescente mais açúcar, se ele já estiver bem docinho, coloque o mínimo possível. Varia de acordo com a fruta e gosto pessoal. Deixe reduzir bastante e reserve.

Em outra panela coloque manteiga e leite condensado e leve ao fogo até o ponto de brigadeiro. Misture o abacaxi ao brigadeiro branco e mãos a obra.

Depois que o recheio estiver frio, parta os pães de mel ao meio e não economize no recheio.


Para finalizar a parte mais importante. O chocolate.

Pegue uma barra de chocolate e pique em pedaços, não precisam ser muito pequenos. Coloque em uma travessa de vidro e leve ao microondas. O tempo de microondas depende da quantidade de chocolate, do tamanho dos pedaços e da potência de cada microondas, sugestão, coloque um minuto, tire, mexa, veja a necessidade de colocar mais um minuto até que o chocolate esteja bem derreetido. Não coloque muito tempo de uma vez, você arriscará queimar seu chocolate e perder tudo o que estiver na travessa.

Quando o chocolate já estiver bem derretido misture bem. Se for para banhar os pães de mel licorosos então basta mergulhá-los individualmente no chocolate, com a ajuda de um garfo, retire e deixe escorrer para tirar o excesso. Depois coloque em uma bandeja com papel manteiga e leve à geladeira por alguns minutos. Enfeite com chocolate branco, mais alguns minutos de geladeira.

Para os pães de mel recheados, que não estavam no freezer, é necessário antes de banhá-los temperar o chocolate. Explico. Coloque o chocolate sobre uma pedra e com uma espátula mexa bem, até tirar todas as bolhinhas do chocolate. Volte o chocolate para a travessa e agora sim, banhe os pães de mel.


Sim, o chocolate fracionado é mais fácil de utilizar neste caso, pois ele dispensa esse "tempero" e com isso consegue-se uma camada mais fina e um melhor aproveitamento, sem falar da economia de tempo e trabalho. Mas se estamos falando de Páscoa, a ocasião merece o melhor dos chocolates.

Embrulhe-os individualmente e está pronta a receita que é a sem dúvida a maneira mais fácil de chegar aos céus.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Beijinho doce

Dia 13 de abril é dia do beijo.

Que receita combinaria mais com a data do que os tradicionais docinhos de leite condensado e coco?

Resumindo, dia 13 de abril é dia de se acabar no beijinho.

Comece hidratando um pacote de coco ralado em 100ml de leite de coco e espere alguns minutos.

Em uma panela coloque uma lata de leite condensado e o coco hidratado, deixe o fogo baixo. Mexa sempre até engrossar e desgrudar da panela.

Quando estiver no ponto despeje sobre uma travessa de vidro e espere esfriar. Então divirta-se...

Ataque com uma colher, enrole e passe em açúcar cristal e enfeite com cravinhos da índia, ou coloque em copinhos (eu particularmente não dispenso os cravinhos).


Receita clássica, doce e com gosto de infância que deixa o dia do beijo uma data ainda mais doce.

Um grande beijo a todos.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dia de folga

Tem momentos em que a gente sabe que tudo o que precisa e merece é de um dia de folga.

Daqueles de ficar de bobeira em casa. Curtir o cachorro, o sofá e a Sessão da Tarde. Ou mesmo aproveitar para fazer coisinhas comuns de forma divertida e prazerosa ao invés da maneira habitual sempre tão corrida e simplesmente por obrigação.

Segunda-feira passada eu me presenteei com um desses dias.

Aproveitei para fazer as compras de mês com minha mãe. Onde pudemos passear calmamente pelos corredores vazios do mercado e escolher tudo com tranquilidade. E claro, planejar um jantar especial para encerrar o dia e encontrar um bom vinho para acompanhá-lo.

O Cardápio ficou decidido assim:

Entrada: Salada de folhas verdes, tomate e azeitona
Prato Principal: Picanha de cordeiro com molho de hortelã
Acompanhamento: Mini batatas recheadas

Como sempre, gostamos de começar com uma leve saladinha. Nada especial, não requer prática nem tão pouco habilidade.

Folhas de escarola e de rúcula, tomates partidos em 6 e algumas azeitonas pretas. Para temperar, vinagre balsâmico, azeite e sal. Leve, básico e comer verduras para balancear a refeição é sempre necessário, até para amenizar a culpa do que viria a seguir.


Vamos começar pelas batatas. Cuidadosamente procuramos batatinhas pequenas, mas não tão pequenas que não fosse possível rechear. Cerca de uns 3,5cm de diâmetro (não vale levar régua para a feira).

Em uma forma coloquei as batatas, reguei com azeite, sal grosso e funcho e levei ao forno a 180º por cerca de 40 minutos, ou até que as batatas fiquem macias.

Todos esses temperos servem só para saborizar a casquinha. Depois que já estavam assadas tirei com uma faca a pontinha e com uma colher de chá fui retirando o miolinho das batatas e reservando.

Quando já estavam todas ocas, preparei o recheio. Ralei queijo gouda, a mesma porção de queijo gruyére, um tomate sem pele e sem sementes picado em pedaços bem pequenos, salsa e cebolinha, um pouco de azeite e um toque de noz moscada.

Em cada batata coloquei uma colher (café) de manteiga, preenchi com o recheio e depois cobri com queijo parmesão ralado. Voltei ao forno para que gratinasse.


Ficaram ótimas. Os queijos bem derretidos, a batata bem macia. Nem vou me estender muito tentando explicar, porque tem coisas que simplesmente todo mundo está cansado de saber que funciona. Batata com queijo obviamente está entre elas, e se ainda tiver um tomatinho e temperos para dar um toque... Perfeito.

Lembra que disse que reservei o miolo retirado das batatas? Pois então, misturei com o restante do recheio, um pouco de sal, manteiga e requeijão cremoso até que ficasse na consistência de um purê.

Mas a sensação da noite sem dúvida era a picanha de cordeiro. Corte até então desconhecido de nossos paladares. No mercado compramos a carne congelada e já temperada. Claro que prefiro os produtos frescos aos congelados, mas era a oferta que tínhamos e estava de fato muito bonita. É a mesma coisa em relação ao tempero, sim, ela já veio temperada. Claro que prefiro dar meu toque pessoal e escolher o tempero que mais me agradar, mas era a oferta que tínhamos e estávamos de fato, dispostas a experimentar este corte.

Muito empolgadas com nossa escolha chegamos em casa e fui procurar uma receita de molho de hortelã para acompanhar o cordeiro e não resisti a dar uma encrementada no tempero.

Acrescentei à carne dois dentes de alho picados, uma generosa colher (sopa) de geléia de hortelã, um pouco mais de sal e um copo de vinho branco seco. Deixei que descongelasse nessa marinada durante toda a tarde. Depois de bem descongelada coloquei a peça em uma forma, sobre finas fatias de cebola, a posicionei com a gordura virada para cima, joguei sobre ela o tempero onde estava e levei ao forno sem cobrí-la. O forno estava a 180° graus, de tempos em tempos eu dava uma espiada no forno e com uma colher regava a carne com o tempero que estava na forma.

Enquanto isso, fui preparar o molho. Refoguei uma cebola bem picada com um pouco de azeite. Acrescentei um maço de hortelã picado finamente (bati no processador), um pouco de sal, algumas gotas de tabasco e meia xícara de vinho branco seco. Deixe ferver por uns cinco minutos e pronto.

Após 2 horas de forno tirei o cordeiro e esperei uns 15 minutos antes de fatiar.


Extremamente macia e suculenta de sabor suave e ainda deixou um maravilhoso aroma por toda a cozinha. Fantástico.

Na hora de servir usei aquele purê (lembra?) para acomodar a batata no prato, e sobre a carne o molho de hortelã que ficou picante e realçou o sabor do cordeiro.


Fiquei aqui salivando ao descrever o cordeiro que quase me esqueci de falar do vinho com o que o acompanhamos. O Merlot Francês J. P. Chenet. Ao contrário da tradição do velho mundo, este vinho apesar de ser produzido na França marca no rótulo qual a uva utilizada, o que facilita para quem gosta de beber, mas não conhece tão profundamente o assunto para saber quais as uvas que o compõe só pela região e o ano.

Esse vinho é bastante leve, o que foi ótimo para o nosso cordeiro porque desta forma eles não brigaram em nenhum momento.


Adorei me dar este dia de presente. Um passeio tranquilo pelo shopping, ter calma e espaço para escolher tudo e planejar o jantar, reinar na cozinha sem pressa... e só poderia terminar com muito chocolate e episódios inéditos dos meus seriados preferidos.

Ainda bem que de vez em quando essas pausas são possíveis.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Forças do Acaso


As grandes invenções da humanidade sempre contaram com uma forcinha do acaso. Na gastronomia não poderia ser diferente.

Muitos pratos são inventados assim, por acidente, esquecimento, um erro mesmo ou um descuido qualquer. Quando esse erro dá certo passamos a tentar repetí-lo e aprimorá-lo, até chegar ao ponto exato.

É o caso da torta Bekewell. Diz a lenda que lá pelos anos de 1800, um cozinheiro, de uma estalagem na cidade de Bakewell, preparava uma torta de geléia tradicional, mas então cometeu um erro. Esqueceu simplesmente de acrescentar à massa, ovos e amêndoas. Na tentativa de consertar a receita acabou colocando a mistura dos ingredientes sobressalentes sobre o recheio.

A mistura resultou em um creme úmido e os fregueses adoraram a inovação.

Bom, se foi inventada por acidente como diz a lenda eu não sei. O que sei é que com certeza os fregueses pediriam de novo, porque a torta é um verdadeiro sucesso.

Chega de história e vamos à receita.

Comece preparando a geléia. Na nossa torta utilizamos geléia de mirtilos. Em uma panela coloque açúcar (mais ou menos 500gr), algumas gotinhas de limão (meio limão é suficiente), muitos mirtilos (usamos 2 caixinhas daquelas que vende em super mercado) e duas colheres (sopa) de vodka (essa dica ajuda a dar brilho na geléia, deixar a cor mais viva e aumenta sua durabilidade também). Deixe tudo ferver muito bem até virar geléia. E claro, deixe esfriar.

Enquanto isso prepare a massa. Misture 1 xícara e meia de farinha de trigo, as raspas de 1 limão, 1/4 de xícara de açúcar e meia xícara de margarina gelada cortada em pedacinhos (daquelas margarinas de culinária). Misture com as pontas dos dedos até formar uma farofa. Acrescente 1 gema e 2 colheres (sopa) de água gelada e amasse levemente.

Forme uma bola, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por 15 minutos.

Cubra o fundo e as laterais de uma forma (de fundo removível) com a  massa. Apare as bordas com uma faca e fure toda a massa com um garfo, cubra-a com 4 folhas de papel alumínio sobrepostas e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por 20 minutos.

Retire o papel alumínio e deixe mais 12 minutos pra dourar. Deixe esfriar (dentro da forma mesmo) e reserve.

Hora de preparar o recheio. Bata, na batedeira, 1 xícara e mais 1/4 de manteiga amolecida,  e 1 xícara de açúcar. Até ficar bem cremoso.

Desligue, e adicione aos poucos 2 xícaras e mais 1/4 de farinha de amêndoas. Misture até ficar bem homogêneo.

Separadamente, bata 3 ovos com o auxílio de um fuê e incorpore à mistura de amêndoas delicadamente. Deixe na geladeira por 20 minutos.

Agora com todas as partes da torta pronta, basta montar. Sobre a massa distribua uma farta camada de geléia. Sobre a geléia distribua colheradas da mistura de amêndoas. Sobre a mistura, uma camada de amêndoas laminadas. Está pronta.

Leve ao forno, pré-aquecido a 160 graus, por 40 minutos, até o creme firmar e dourar. Antes de servir espere esfriar por uma hora, e polvilhe açúcar de confeiteiro para enfeitar.


Torta fantástica. Cremosa, une o azedinho da geléia com o doce do creme e o crocante das lâminas de amêndoa. Combinação tão perfeita de texturas e sabores que quase nem dá para acreditar que é uma simples obra do acaso.

OBS: A receita e as informações sobre a origem da Bakewell foi tirado do blog A Cozinha Coletiva. Já falei desse blog aqui antes, virei fã mesmo. Receitas incríveis e bem detalhadas, fotos ótimas, blog feito com muito capricho e que sempre me deixa com água na boca.

domingo, 3 de abril de 2011

Gente miúda na cozinha


Não é novidade para ninguém que o livro Gente Miúda na Cozinha me acompanha desde a mais tenra infância em minhas descobertas gastronômicas.

Justamente em respeito ao livro venho aqui fazer uma pequena correção. No primeiro post do blog fui enganada por minha memória ao dizer que o livro recomendava incansavelmente que as crianças tivessem sempre a ajuda de um adulto. Isso não é verdade. O mais interessante é que é um livro para crianças e que incentiva as crianças a reinarem sozinhas na cozinha, sempre tomando muito cuidado, mas de maneira autônoma e com muita confiança de que é capaz de preparar muitos pratos.

Mais do que isso, o livro é ousado, com receitas de suflês, bolos, saladas, carnes, todo o necessário para um cardápio bem balanceado.

Merecido então, fazer uma homenagem a esse livrinho que tanto nos inspirou. Resolvemos montar todo um cardápio com receitas tiradas de suas páginas, com direito à releituras ou simplesmente um preparo zeloso ao seguir à risca cada dica do livro.

O Cardápio escolhido:

Entrada: Cestinhas de tomate
Prato principal: Carninha do Lalau acompanhada de cenourinhas no arroz
Sobremesa: Salada brasileirinha 

Ao ler a receita das cestinhas de tomate tive várias idéias e não me contive a fazer uma releitura completa do prato.

Lavei bem os tomates, tirei a tampa e o miolo e reservei. Em uma travessa misturei mussarela picada, peito de peru também picado, uma generosa porção de castanhas de cajú moída, muito requeijão cremoso para misturar tudo, um pouco de azeite, salsa e cebolinha para dar uma cor.

Com esta mistura recheei os tomates, cobri com queijo parmesão ralado e levei ao forno bem quente apenas para gratinar.



Para quem quiser saber as diferenças da minha versão das cestinhas de tomate para a do livro, basta ampliar a foto da receita aí em cima. 

Definitivamente, foi uma outra receita, usei o livro apenas como livre inspiração no melhor estilo Gastronomia Doméstica.

Já minha irmã, achou que se a proposta era homenagear o livro, nada mais justo do que seguir à risca suas receitas e sugestões, e foi desta forma que ela preparou a carninha do Lalau.

Em uma tigela colocou meio quilo de carne moída, 1 cebola média finamente picada, 2 ovos inteiros, 1 tomate picado, 2 colheres (sopa) de farinha de rosca,  2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado, sal e cheiro verde picadinho. Misturou tudo muito bem.

Então colocou essa massa de carne e temperos em uma forma untada com azeite. Marcou com uma faca losangos sobre a carne e regou com azeite.

Deu seu toque de chef acrescentando castanha de cajú moída polvilhada sobre tudo e levou ao forno pré-aquecido por 40 minutos.



Um bolo de carne simples e bem saboroso que qualquer criança pode fazer sem grandes dificuldades.

Para acompanhar a carninha do Lalau, cenourinhas no arroz. Além de dar uma cor toda especial ainda ganhamos em vitaminas. Preocupação esta que o Gente Miúda demonstra por todas suas folhas ao explicar sobre os grupos alimentares e como montar um cardápio completo e saudável.

Para fazer é muito fácil. Em uma panela coloque um fio de óleo, uma cenoura bem picada, depois de refogar a cebola coloque 2 xícaras de arroz e frite por alguns segundos. Acrescente uma cenoura  média em cubinhos e sal a gosto. Cubra com 3 xícaras de água fervente e deixe a panela semi tampada.

Quando já estiver quase seco acrescente a ultima xícara de água e tampe a panela. Quando o arroz secar tire do fogo e espere uns cinco minutos antes de servir.

Outra dica do livro é sobre a apresentação do prato. Sugere que se pegue uma xícara molhada, então coloque o arroz na xícara e aperte bem com o auxílio de uma colher. Vire o arroz no prato formando montinhos.




Seguimos a sugestão de apresentação, mas trocamos a xícara por uma forminha que achamos mais bonitinha. O alecrim para decorar deixou o prato ainda mais bonito e fotogênico.

Almoço leve, saudável e de preparo fácil.

Mas para ser completo falta a sobremesa. A salada brasileirinha, que nada mais é do que uma fresca salada de frutas.

Minha mãe, assim como eu, também abusou da liberdade poética oferecida pela oportunidade de criar uma releitura do prato. Ao invés de seguir a combinação de frutas da receita preferiu utilzar as frutas da estação que estavam mais bonitas e apetitosas.

Picou caquis, melão, maçãs, ameixas e bananas, também algumas uvas verdes sem caroço. Cobriu tudo com suco de laranja e deu seu clássico toque acrescentando  uma pequena dose de Contreau (o que não deixa a salada politicamente correta, já que seria uma receita infantil, mas que não teve problema nenhum aqui em casa onde as crianças já são bem crescidinhas).

Como tudo que é bom fica melhor com sorvete, não nos contivémos e servimos uma generosa bola de sorvete de creme e muita calda de caramelo junto com a salada de frutas.



Uma folhinha de hortelã sempre ajuda a fazer uma foto mais bonita.

Depois deste almoço estou pensamento seriamente em ir à alguma livraria, me dirigir à sessão de livros infantis, buscar um novo livrinho de receitas culinárias mirins.

Acho que seria interessante analisar as diferenças das receitas de uma década para a outra além de ter mais uma desculpa para outro almoço como o desse domingo.