quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Gastronomia Doméstica's Show

Queridos leitores, queridas leitoras, estamos aqui hoje para mais uma receitinha que irá deixar a sua vida mais gostosa.

Sabe aquela visita inesperada? Aquele fim de tarde com as crianças, ou no começo de mais um maravilhoso dia cheio de possibilidades?
 
Pois então meus caros, minhas caras, algo doce e simples que você poderá fazer rapidamente e com isto conquistar merecidos elogios e um ambiente familiar leve e descontraído.
 
Faremos hoje um bolo de cerveja com canela.
 
 
Você irá precisar dos seguintes ingredientes para a massa do bolo:
 
2 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de cerveja
1/2 xícara de água
1/4 de xícara de óleo (canola ou milho)
4 ovos
e 1 colher (sopa) de fermento em pó
 
 
Para o mesclado de canela precisaremos de:
 
2 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de canela em pó
1/2 colher (chá) de noz moscada
 
 
Não esqueça da farinha e da manteiga para untar a forma.
 
 
Olha só como esta receita não dá trabalho nenhum, sujaremos apenas uma forma de bolo inglês, uma travessa, o liquidificador e uma peneira.
 
 
Agora não há desculpas amiguinho, amiguinha, mãos à obra começando com o preparo da massa do bolo.
 
Em um liquidificador coloque o óleo, o açúcar peneirado, os ovos e a água. Uma dica importantíssima, é sempre retirar a pele que envolve a gema do ovo. É isso mesmo meus queridos, minhas queridas, retire essa película em torno da gema e diga adeus às receitas com cheiro forte de ovo.
 
Cara feia para o aroma de seus bolos, nunca mais.
 
 
De volta à nossa receita do dia, deixe tudo bater no liquidificador muito bem, cerca de 3 minutos. Delicadamente acrescente esta mistura a uma travessa onde a farinha e o fermento devem estar já peneirados.
 
 
Misture com calma em movimentos circulares, somente quando estiver completamente uniforme junte a cerveja e mexa mais uma vez.
 
A cerveja ajudará na fermentação do bolo e o deixará mais leve sem afetar em nada o sabor.
 
Reserve a massa e prepare então o mesclado.
 
Para o mesclado, basta misturar todos os ingredientes e reservar.
 
Unte a forma e pré-aqueça o forno à 180º.
 
Despeje metade da massa na forma, polvilhe com todo o mesclado de canela e cubra com o restante da massa. Agora é só levar ao forno e esperar cerca de 40 minutos para ter um bolo lindo, macio, aromático e muito saboroso.
 
 
Para acompanhar uma deliciosa xícara de café passado na hora, fresquinho, fresquinho.
 
 
Outra sugestão minha colega, meu colega é sempre deixar umas raspinhas de limão para quem quiser colocá-las no café. Eu a-do-ro, mais do que isso, gosto também de colocar umas gotinhas de essência de baunilha no pó de café.
 
 
Meu amigo, minha amiga, não adianta admirar a foto, corra para a cozinha agora mesmo e comece os preparativos. E claro, não deixe de nos relatar como foi sua experiência e de acompanhar as peripécias culinárias do Gastronomia Doméstica aqui no meu, no seu, no nosso blog que é feito com todo carinho e dedicação sempre na intenção de deixar todo sabor ainda mais especial.
 
 
Até breve com novas histórias gastronômicas.
 
OBS: A receita do bolo foi tirada da revista Ana Maria, mas como sempre, foi feita contando com algumas liberdades poéticas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Flores

Feira é sempre um evento. Ainda na madrugada os feirantes começam a chegar, montar suas barracas e começam a vender seus produtos contando com a força do gogó.

Olha o Abacaxi! Tá barato, tá docinho.

É a forma de comércio mais antiga que se tem conhecimento. Talvez por isso traga em si toda uma atmosfera bastante peculiar. E entre as caracteríscas que mais me agradam está na oportunidade de comprar produtos da estação, frescos, e (normalmente) a preços justos.

Mais do que isso, os feirantes, como bons profissionais, sempre demonstram um grande conhecimento daquilo que ofertam. Justo por isso, sabem como ninguém indicar as mais variadas formas de preparo.

Foi o caso das mini alcachofras encontradas na feira por minha mãe. O feirante ao vê-la olhando fixamente para as petit-alcachofras não pensou duas vezes antes de passar mil receitas e contar causos sobre as bonitinhas.


Deu todos os detalhes e dicas, falou como outros fregueses costumam prepará-las e mais do que isso, a ensinou a escolher as melhores. Resultado? O óbvio, minha mãe chegou em casa com alcachofras pequenas e grandes e com mil idéias na cabeça. Isso é que é um bom vendedor.

Um almoço totalmente primaveril nasceu a partir daí com direito à entrada, prato principal e sobremesa feitos com flores.

Para preparar as mini-alcachofras basta cortar a parte superior, retirando desta forma as folhas mais duras e então parta-as ao meio no sentido do comprimento. Cozinhe por cerca de 10 minutos em água fervente suficiente para cobrí-las. Depois de cozidas passe no ovo batido com um pouco de sal e na farinha de rosca e frite.


Uma sugestão é temperar as alcachofras com azeite, sal, talvez algumas gotinhas de limão, antes de empaná-las.


E não é que o feirante tinha razão? Fácil de preparar e uma forma diferente de provar os tão apreciados corações de alcachofra. As alcachofras grandes foram cozidas também e suas folhas servidas junto com a entrada. Sempre, é claro, acompanhada de um molhinho feito com azeite, limão e sal.


Comer as folhas da alcachofra parece uma brincadeira, onde ficamos ali, molhando as folhinhas, comendo sem pressa enquanto o prato principal vai chegando ao ponto exato.

Bom, se as folhas das alcachofras grandes ajudaram a compor a entrada, seus miolos depois de limpos foram parar no risoto.


Em uma panela coloque azeite e uma cebola picada. Refogue e acrescente o arroz arbóreo, frite por pouco tempo e então junte meia xícara de vinho branco. Aos poucos já colocando o caldo de frango e mexa sempre.

Este caldo de frango eu fiz com ossos de ante-coxa, além é claro, de salsa, cebolinha, estragão, sal, um pouquinho de conhaque, louro, cebola, cenoura e um dente de alho.

Mais ou menos na metade do cozimento, acrescentamos os miolos de alcachofra cortados em 4 pedaços e no fim, tomates sweets partidos ao meio, uma generosa porção de queijo parmesão ralado e uma colher de manteiga para aveludar o risoto.


Sabor extremamente delicado, com suaves nuances. Daqueles que deixam o paladar mais confortável.

E para finalizar a panacota de lavanda. Lembrando que esta é uma daquelas receitas que exigem horas de geladeira e portanto deve ser feita um dia antes de ser servida.

Dissolva um pacote de gelatina sem sabor em meia xícara de leite e espere 10 minutos. Em uma panela coloque 450ml de leite, 1 xícara de açúcar, 2 colheres (sopa) de lavanda seca e uma fava de baunilha (abra a fava com a ponta de uma faca, raspe as sementes, coloque as sementes e a fava no leite). Espere ferver e desligue. Mantenha tampado por cerca de 5 minutos. Peneire o leite para retirar a lavanda e a fava de baunilha. Volte o leite ao fogo apenas para acrescentar a gelatina sem sabor, deixe que ela derreta bem e desligue o fogo. Junte então 500ml de creme de leite coloque em uma forma untada com um pouco de óleo e leve à geladeira por pelo menos 4 horas.


Fica bem treme-treme, textura cremosa e muito fresquinha. Tenho lá minhas dúvidas se a receita deveria ter toda essa quantidade de leite mesmo, pois a panacota acabou ficando em duas camadas. De qualquer forma ficou super charmosa com as sementes da baunilha.

Servimos com uma calda de frutas vermelhas, amoras e morangos, cozidos com um pouco de açúcar e algumas gotinhas de limão até formar uma geléia bem líquida e cheia de grandes pedaços.


O feirante tinha mesmo razão ao dizer que os morangos estavam docinhos e as amoras suculentas. Frutas como se espera na primavera, mais bonitas e saborosas como a estação parece deixar a vida também.

Afinal, é a estação da fertilidade. Com suas flores e muitas cores. Época que sempre traz muitas novidades. E, por que não? Traz também um pouco mais de poesia.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dois pastel e um chopps

Como criança em loja de doces. É esta a sensação que eu tenho todas as vezes que resolvo passear pelo Mercado Municipal de São Paulo, Mercadão para os intímos.

É simplesmente o paraíso dos apaixonados por gastronomia. O lugar onde se encontra tudo, até o que nem se imagina.

Lavanda seca, favas de baunilha, extrato de baunilha orgânico, nozes pecan agridoces, frutas secas diversas, castanhas das mais variadas e os queijos. Ah! Os queijos... uma infinidade deles.

Feta, de cabra holandês, grana padano, brie, camembert, gorgonzola, fresco, chanclix e sem esquecer do meu preferido, o queijo rambol com pistache, amêndoas ou damasco.


Há também as frutas exóticas, todas lindas, coloridas e perfumando o ambiente. Qualquer tipo de erva aromática, carnes, azeites, vinhos, cereais, temperos... resumindo: o lugar onde se concentra o maior número de ingredientes de altíssima qualidade por metro quadrado.

Além de exalar a tradição paulistana, com toda sua diversidade e sotaques.

Enfim, depois de percorrer seus corredores, provar muitas coisinhas aqui e ali, nada melhor do que parar para relaxar as pernas e abastecer o estômago.

Pastel de bacalhau para quem é de bacalhau e lanche de mortadela para quem é de mortadela. Sempre acompanhado de um bem tirado chopp black. Dessa vez optei pelo pastel e o chopp (assim mesmo no singular) no lugar que vende os mais famosos. O Hocca Bar que funciona ali desde 1952.


Massa crocante, recheio farto e azeite de primeira qualidade à vontade no balcão, tudo para fazer juz à fama que possui.

Fim do descanso, seguir o caminho para casa com a cabeça tão cheia de idéias quanto as mãos de sacolinhas. 

Chegamos então à melhor parte da visita ao Mercadão. Estar em casa e misturar tudo criando sabores fantásticos e inesquecíveis. Como os canapés de queijo de cabra, damasco e noz pecan agridoce.


Sugestão: faça uma tábua de queijos, frutas e castanhas e deixe cada um montar seu canapé com a combinação que preferir.

Harmonize com uma taça de vinho branco borbulhante, jogue as pernas para o ar, feche os olhos, dê um suspiro profundo, sinta a satisfação percorrer o seu corpo e perceba como a vida é bonita, é bonita e é bonita.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pão, pão. Queijo, queijo.

Fim de semana de céu cinzento e com o doce canto da chuva na janela. Clima perfeito para sentir-se inspirada, ligar o forno, deixar a casa com aroma acolhedor e comer algo bem quentinho embaixo das cobertas.

Nessas horas, nada melhor do que pão. Ainda mais se a receita vier lá de longe, onde uma amiga querida se esconde há alguns anos. Preparar a receita com carinho e deixar fluir a nostalgia que surge do momento.

Foi assim que decidi testar a receita do maravilhoso pão preto australiano.

Peneirei 2 xícaras bem cheias de farinha de trigo, 1 xícara de farinha de centeio, 1 colher (sopa) bem cheia de cacau em pó, 3 colheres (sopa) de açúcar mascavo e 1 colher (chá) de sal, coloquei na batedeira (com as pás próprias para massa).

Sempre em potência máxima fui acrescentando aos poucos 2 xícaras de água morna. Deixei bater por cerca de 5 minutos e só então comecei a acrescentar 2 colheres (sopa) de manteiga e 1/3 de xícara de melado de cana. O último ingrediente a se colocar é o fermento biológico, 2 tabletes (15g cada) e mais 10 minutos batendo sem parar.

Pobre batedeira, esquentou, chorou, mas foi brava até o fim e fez seu trabalho com louvor. Depois de tudo isso, um merecido descanso, para a massa, para a batedeira e também para mim.

Longos 30 minutos de paz e tranquilidade que precederam mais 10 minutos de batedeira em velocidade máxima. E mais 30 minutos de sossego e mais 10 minutos de batedeira e... chega.

Modelar o pão, colocar em assadeira untada e esperar que ele cresça (até dobrar de tamanho). Quando crescer, polvilhar com fubá e levar ao forno pré-aquecido a 180º, cerca de 40 minutos para ficar pronto.

Enquanto isso, ainda empolgada por descobrir como se faz manteiga, tentei brincar de fazer requeijão. Bom... não deu certo.

Como foi uma tentativa frustrada, não vou relatar. Basta saber que esta foi apenas a primeira, um dia eu chego lá. Mas aviso, qualhar o leite e tentar colocar no liquidificardor com sal e creme de leite, assim sem critério e sem medida, não dá certo.


Ainda bem que para curar a frustração eu tinha um delicioso pão adocicado, quentinho, extremamente aromático. Confesso que me empolguei com o melado e pesei a mão, acredito que se não fosse isso, o pão teria ficado mais leve.

Mas como eu dizia,  me curei com um pão de sabor impressionante e com um requeijão cremoso, que veio do mercado direto para minha geladeira.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Histórias de pescador

Quando criança eu não gostava de peixe (aliás, quando criança eu não gostava de muitas coisas). Mas então, um belo dia, aconteceu um longo passeio entre famílias onde passamos horas a fio à margem de um rio, pescando.

A falta de coragem de pegar as iscas para colocá-las no anzol (nojinho) fez do passeio um eterno ir e vir pedindo aos pescadores mais experientes para realizarem qualquer tipo de manobra entre o colocar da isca até a retirada do peixe.

Basicamente, as crianças ficavam ali, impacientes, espantando os peixes com risos e brincadeiras, recebendo olhares de reprovação daqueles que realmente esperavam fisgar alguma coisa e ansiosas para perceberem qualquer movimento em suas linhas. Não é a toa que pescadores inventam tantas histórias mirabolantes. Tempo para isso durante uma pescaria é o que não lhes falta.

Enfim, uma criança chatinha que não comia peixe de jeito nenhum, mas que havia pescado vários, muitos mesmo, peixes grandes e em absurda quantidade (olha o exagero típico de pescadores aí), quis provar o fruto de seu trabalho.

Pois é, essa foi a primeira vez que comi peixe na vida. Fritinho, crocante e delicioso. Depois disso, não parei mais (de comer peixes, porque pescar ainda está na lista das coisas que a criança chatinha aqui não gosta de fazer).

De qualquer forma, até hoje mantenho a preferência por peixes de sabor suave (aqueles com menos gosto de peixe), como a truta, a pescada branca, o cação. Quanto aos frutos do mar eu gosto mesmo é que façam como a Dory de Procurando Nemo e continuem a nadar. Quem sabe? Se um dia eu for pescar no mar esse cenário pode mudar (difícil, mas vai que).

Por todas essas limitações, acabo comendo sempre os mesmos peixes e com poucas variações de preparo (frito ou moqueca) e a criança chatinha aqui fica enjoada de sentir sempre os mesmos sabores. Resolvi então, começar a explorar um pouco mais as profundezas da gastronomia e montar novas receitas para apreciar essa carne branca de baixa caloria e extremamente saudável.

E já que a parte light da refeição fica por conta da escolha da carne, nada impede que o molho seja encorpado e cheio de sabores para contrabalancear.

Em 2 colheres (sopa) de manteiga refogue 2 cebolas médias e dois tomates, ambos em rodelas finas (para que a manteiga não queime, coloque também um pouco de azeite). Junte alcaparras, endro, pimenta do reino, algumas gotas de pimenta tabasco e sal a gosto. Cubra com um pouco de água e espere até que o tomate comece a se desfazer. Deixe a água secar e junte meia xícara de creme de leite fresco. Desligue o fogo e finalize com aquela costumeira generosa porção de salsa e cebolinha.

Grelhe pescadas brancas (ou qualquer outro filé de peixe, 3 minutos de cada lado são mais do que suficientes) e sirva cobertas pelo molho.

Para acompanhar, algo igualmente simples e genial: arroz. Mas não qualquer arroz. Arroz com leite de coco.

Em uma panela azeite, 1cebola e 1 dente de alho picados. deixar refogar, acrescentar uma xícara de arroz e fritar. Uma colher (chá) generosa de sal, um vidro de leite de coco, 1 xícara de água, deixar semi- tampado em fogo bem baixo e esperar a água secar.

Um purezinho de batatas também cai muito bem.


Jantar pronto em menos de meia hora. Taí mais um ponto positivo para os peixes, o preparo é rápido.

O arroz fica com textura mais macia e delicada. O molho fica com sabor intenso, grande cremosidade e não esconde o peixe, pelo contrário, ajuda a mante-lo suculento durante todo o jantar.

Um vinho leve como o Salton Lunae harmoniza muito bem. Frizante branco com aquelas deliciosas bolhinhas que fazem cócegas no céu da boca.


Algumas taças e muitos sabores depois, a vontade é de ficar ali, de bobeira, em volta da mesa, entre amigos e família contando muitos "causos". Talvez até alguns "causos" de pescador...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Versões

No geral versões são apenas versões e nunca superam os originais. Na maioria dos casos eu concordo com isso, mas há exceções.

Como algumas canções que só chegaram às paradas de sucesso após ganharem versões nas vozes de Adriana Calcanhoto, Elis Regina, Amy Winehouse, Aretha Franklin entre outros grandes intérpretes. E o que dizer de Twist and Shout sem os Beatles? A banda Top Notes não teria conseguido tirar a canção da inglaterra sem a ajuda do quarteto de Liverpool. Em contra partida, Joe Cocker tornou "With a Little Help from My Friends" completamente inesquecível (principalmente para os fãs de Anos Incríveis e dos conflitos existenciais de Kevin Arnold).

Na gastronomia isso também acontece. Cada chef é um intérprete único, que pode usar sua imaginação livremente e tornar um prato comum um grande sucesso, sem deixar, é claro, de compor pratos inéditos e cheios de personalidade. Afinal é a originalidade e o talento que consagram os maiores nomes da gastronomia e não apenas pegar carona na fama de pratos e chefs já consagrados.

Comecei a pensar em tudo isso depois de recriar alguns pratos já feitos e postados aqui no blog. Que tal um cordon-bleu de contra-filé com farinha de pão integral e um quibebe de mandioquinha?

Tudo bem, o cordon-bleu abre mesmo esse espaço para experiências gastronômicas, e inclusive fazê-lo com carne vermelha não é nada criativo, mas o quibebe está até definido no dicionário como prato feito de abóbora. Fazer um quibebe sem o ingrediente principal é algo que poderia gerar muitas críticas, tanto quanto as polêmicas que algumas versões geram entre os fãs da música original. Mesmo assim, vale a pena correr o risco.

Primeiro passo para o preparo deste cordon-bleu é ter bifes de contra-filé bem altos. Então, basta limpá-los e abrí-los sem chegar até o final, formando aquele envelope que irá envolver o recheio. Temperei com sal, pimenta do reino, alho e azeite e deixei descansar por poucas horas.

O recheio foi composto de presunto, queijo emmental e orégano. Então passei na farinha de trigo, no ovo batido com uma pitada de sal e na farinha de rosca. Essa farinha de rosca foi feita no processador com amêndoas sem pele torradas e pão de forma integral sem casca. Depois disso, azeite não muito quente em uma frigideira e fritar por cerca de 3 ou 4 minutos de cada lado. O suficiente para deixar a carne cozida, macia e suculenta e o queijo bem derretido.


Fica assim escuro mesmo, por ser feito com pão integral.

Para o acompanhamento, como dito acima, o quibebe de mandioquinha. Em uma panela refoguei em azeite 1 cebola picada e alguns cubinhos de linguiça calabresa. Quando a linguiça estava bem fritinha acrescentei 1 tomate picado e assim que o tomate amoleceu coloquei 5 mandioquinhas descascadas e cortadas em pedaços pequenos. Um pouco de água fervente e mexer sem parar, até a mandioquinha cozinhar, desfazer-se e formar um creme (isso demora um pouquinho, deve-se ir pingando a água sempre que necessário para que não grude no fundo da panela). Hora de temperar com algumas gotas de tabasco, um pouquinho de noz moscada (que tem se tornado cada vez mais frequente nos meus pratos), sal e pimenta do reino. Então juntei três generosas colheres (sopa) de requeijão e para finalizar uma colher (sopa) de manteiga e muita salsinha.


Os puristas que me perdoem, mas algumas versões merecem o sucesso que conquistam. A textura do quibebe ficou muito similar ao de abóbora, bem liso e uniforme. Mas o adocicado, o sabor tão característico da mandioquinha e a mistura de temperos bem medidos foram o complemento ideal ao crocante cordon-bleu que estava realmente suculento. O que podia ser comprovado a cada corte.

De se comer de olhos fechados na intenção de intensificar os sentidos, principalmente o paladar (óbvio) e de preferência harmonizado com a trilha sonora da rádio preferida... que neste momento tocava Behind Blue Eyes... mas a original do The Who que é infinitamente melhor do que a versão do Limp Bizkit.

É... fã sempre cria polêmica contra as versões.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fanáticos por berinjela

Basta o tempo começar a esquentar e por aqui já começamos a pensar em pratos fresquinhos e leves. Desta vez fizemos uma linda terrine de berinjela que eu já idealizava há tempos, desde que provei a muito elogiada terrine de um dos restaurantes que costumo frequentar com minha irmã.

Terrine ou terrina (em português) é uma forma funda onde eram feitos os patês franceses. Muito similar a forma de bolo inglês, que pode e deve ser utilizada para esta receita.

Não é das receitas mais rápidas e simples não. Demora e dá um trabalhão, mas o resultado final compensa todo o suor.


Primeiro fatiei em rodelas de mais ou menos meio centímetro duas Berinjelas médias. Mergulhei as fatias em água com sal e reservei.

Em uma panela uma colher (sopa) generosa de manteiga, uma colher (generosa tanto quanto a de manteiga) de farinha de trigo, depois de fritar a farinha acrescentei uma xícara de leite fervido e mexi até obter um creme liso e bem consistente. Caso haja necessidade pode-se acrescentar mais leite. Temperei o bechamel com noz moscada e pimenta do reino, ainda no fogo juntei uma gema de ovo sem pele e uma colher (sopa) de extrato de tomate. Para finalizar, coloquei um pote de cream cheese e corrigi o sal. Reservei o molho.

De volta às berinjelas, escorri bem a água, passei cada uma levemente na farinha de trigo e fritei em uma frigideira com pouco azeite até estarem bem molinhas. Essa é a parte que cansa um pouco. Reservei de novo.

Em uma frigideira coloquei azeite e um dente de alho, duas cebolas grandes em fatias finas e dois tomates também em rodelas finas. Temperei com shoyu, sal e orégano. Adivinhe! Reservei.

Ainda neste mise en place um pouco de queijo parmesão ralado.

Tudo pronto, untei uma forma de bolo inglês com um pouco de óleo de canola e comecei a brincar de intercalar camadas. Comecei com uma camada de berinjelas, depois uma camada de molho, na sequência a refoga de tomate e cebola, queijo ralado por cima e começo tudo de novo. Berinjela, molho, tomate e cebola, queijo ralado e para o acabamento final, a última camada de berinjela. Todas elas bem apertadas na forma.

Uma dica importante é não usar todo o tempero líquido da refoga de tomate e cebola. Deixar mais sequinho evita que ela desmorone depois de desenformar.

Hora de esquecer na geladeira por algumas horas. Quanto mais gelado, mais firme e mais fácil para desenformar.

Mas não acabou por aí. Para servir junto com a terrine preparei um molho pesto de rúcula sem alho.


No processador um maço de rúcula, um pouco de queijo parmesão ralado, castanhas de caju e muito azeite.

Hora de provar. Tirar da geladeira, desenformar, partir, colocar sobre a terrine o pesto e ver qual o resultado.

Como já disse, compensa qualquer trabalho. O ardidinho da berinjela se complementa com o da rúcula do pesto. Leve, fresco e rico em sabor. Sem falar da cremosidade do molho e da doçura do tomate e da cebola bem fritinhos e contrastando com o salgado shoyu do tempero.

Daquelas receitas que impressionam e arrancam elogios. Principalmente de fanáticos por berinjela (como todos aqui em casa).