terça-feira, 24 de abril de 2012

Sabor inesquecível

Não resisti ao encontrar no supermercado um dos ícones da minha infância: Mandiopã.

infância em caixa

Mandiopã é o precursor dos salgadinhos. Fabricado desde 1954 por Antônio Gumercindo, era uma verdadeira febre.

Chegaram a ser produzidas mais de 50 mil caixinhas por dia no final da década de 70 (nessa época eu ainda não dera o ar da minha graça neste mundo).

Mas como tudo em excesso faz mal, até sucesso, isso fez com que a empresa fechasse as portas. Rebatizado como Fritopan (assim que ele me foi apresentado) manteve sua produção pela Hikari.

Foi então, na década de 90, que nem o Fritopan resistiu. Com a oferta de inúmeros salgadinhos e a geração saúde que aboliu as frituras, o mandiopã sumiu de vez das prateleiras.

Agora, com a marca Mandiopã de volta às mãos de Antônio Gumercindo, podemos ter novamente este gosto da infância embalado em pequenas caixinhas.

Feito de fécula de mandioca é extremamente crocante, mas nada do que eu escreva aqui supera o espetáculo que é fritá-lo. Talvez esteja aí a maior saudade deixada por ele. Por isso não me contive e filmei bem de pertinho para compartilhar este momento por aqui.


Não vou dizer que o sabor é incrível (aliás, há várias opções de sabores), nem perder tempo tentando convencer alguém de suas propriedades nutricionais (tenho fé que exista algo além de caloria nesta maravilha) afinal, nada disso importa neste caso.

O que importa é que é Mandiopã. Que ele voltou e que ainda faz crooock!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A magia do Oriente

Reunir pessoas queridas ao redor da mesa é sempre um momento mágico. Tão mágico quanto as histórias do oriente de onde tiramos inspiração para nosso cardápio.

Já faz um tempo que eu estava aguada para testar uma receita de falafel, aproveitei para completar o cardápio com mais alguns pratos árabes e pronto. Um banquete começava a se formar.

E daquele tipo de banquete que mais me agrada. Aquele que não prende o anfitrião na cozinha por horas, mas parece prender os convidados à mesa. Quando todos deixam de sentir o passar do tempo enquanto cada um conta e ouve mil e uma histórias.

O falafel nada mais é que um bolinho de grão de bico (as bolinhas da felicidade).

O grão de bico contém triptofen, um aminoácido que nos faz produzir serotonina, que todo mundo sabe, traz uma sensação de felicidade. Resumindo, quando estiver triste, mergulhe no grão de bico e sorria.

bolinhas da felicidade

Continuando, é necessário deixar o grão de bico de molho de um dia para o outro. Na hora do preparo bata no processador 500g de grão de bico (cru), 1 colher (chá) de cominho, 1 colher (chá) de noz moscada, 1 colher (chá) de canela, 1 colher (chá) de bicarbonato de sódio, 2 dentes de alho, 1 cebola média, 3 colheres (sopa) rasas de farinha de trigo, pimenta do reino e sal a gosto, para finalizar, salsa e cebolinha.

Deixe bater por cerca de 10 minutos ou até virar uma pasta homogênea.

A parte mais trabalhosa é formar os bolinhos e fritá-los em óleo, não muito quente, até que estejam bem cozidos. Eu utilizei duas colheres de sobremesa para modelar e deixá-los mais ou menos do mesmo tamanho. Rendeu aproximadamente 50 bolinhos.

falafel - bolinho feito de grãos de felicidade

Quem prefere uma receita mais saudável, pode optar de acomodar os bolinhos em uma forma, pincelar com azeite e assá-los.

Claro, na minha opinião nada substitui um bom frit-frit, mas o coração agradece.

As especiarias conferem ao falafel um sabor exótico e bastante característico. Crocante por fora, macio por dentro e simplesmente delicioso a cada mordida.

frit-frit... insubstituíveis

Falafel também é o nome do sanduíche feito com pão pita e recheado com estes deliciosos bolinhos de grão de bico junto com os ingredientes que mais lhe agradarem.

Por aqui optamos por tabule e homus. Mais duas receitas de preparo muito fácil. O homus também é feito de grão de bico (dá-lhe felicidade), mas dessa vez ele é cozido e batido com temperos no liquidificador.

Os temperos para o homus são: suco de limão, tahine (molho de semente de gergelim), alho, sal e azeite. Não economize no azeite, mas tenha cuidado com o tahine e o suco de limão. Para 500g de grão de bico o suco de apenas 1 limão e 2 colheres (sopa) de tahine já são suficientes.

Fica ótimo no lanche, no pão, na torrada... sabor que conquista e cremosidade perfeita.

Para o tabule, a dica é afiar a faca. Basta picar todos os ingredientes bem miudinhos. Deixe 1/2 xícara de trigo para quibe de molho por 2 horas. Comece a picar: 2 tomates sem semente, 1 cebola média, o miolo de uma alface crespa e meio maço de hortelã. Misture tudo ao trigo e tempere com suco de limão, sal e azeite.

Leve e frequinho, existem poucos pratos de tão fácil harmonização.

Compramos o pão já pronto, o que não é uma boa dica, pois ele quebra inteiro e fica difícil montar os lanches. Mas fazer uma lambança até que faz parte de momentos descontraídos em família.

falafel com homus e tabule fazendo lambança no pão pita

Alguns pães picados e torrados para petiscar, lanches montados à preferência do freguês... Um jantar realmente inspirado.

E se o jantar está inspirado merece então uma sobremesa igualmente inspirada.

Sim, dessa vez fizemos um doce árabe para fechar a noite. O kneff.

Kneff é aquele doce árabe feito com macarrão aletria e recheado de ricota. Para o recheio misture 3/4 de uma lata de leite condensado com 400g de ricota. Acrescente 1 xícara de castanhas (pode ser amêndoa, avelã, pistache, eu abrasileirei e usei castanha do pará) picadas, 1 xícara de damascos picados e hidratados em água (basta uns 15 minutos) e meia xícara de uvas passa hidratadas em vinho do porto. Reserve.

Em uma frigideira, aqueça 2 colheres (sopa) de manteiga e doure 250g de macarrão aletria quebrado em pedaços não maiores do que 2cm. Mais 2 generosas colheres (sopa) de manteiga e doure mais 250g de aletria.

Unte uma forma com manteiga, coloque metade do macarrão, o recheio e a outra metade do aletria. Finalize regando com bastante mel. Cubra com alumínio e leve ao forno médio por 30 minutos. Retire o alumínio, regue com mais um pouquinho de mel e deixe dourar por 10 minutos.

kneff - doce árabe de aletria e ricota

Não sei se era efeito do grão de bico, mas me senti muito feliz com este doce. Texturas que se completam e sabores suaves. Nada de muito açúcar, porque até doçura deve vir na medida certa.

Já a felicidade... pode sempre vir em doses tão exageradas quanto preparar 1kg de grão de bico para 4 pessoas... Haja fome!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Bem Simples

De um jeito meio tímido e pouco articulado, o canal Bem Simples surgiu. E com uma mudança aqui, outra ali, foi crescendo até tornar-se um canal dinâmico e de conceito bem definido. Não era para menos, eles investiram não só em figurinos mais descontraídos e assuntos cotidianos, mas em apresentadores que realmente entendem do que falam.

Como o chef Rogério Shimura. Ninguém menos que o sócio da padaria "Em nome do pão" junto com Alex Atala. Quer mais? Diretor de Panificação da Associação Brasileira de Alta Gastronomia. Mais ainda? Que tal dizer que é professor de renomados cursos de gastronomia e panificação? Além de tudo isso ainda encontra tempo para apresentar o programa "A Confeitaria" no canal Bem Simples. Pois é, se alguém entende de panificação, esse alguém é Rogério Shimura.

schiacciata - nome nada simples

A primeira coisa importante é aprender que massa de pão não é feita a olho. Existem técnicas e proporções precisas para se conseguir um pão macio, fofinho, aromático, saboroso... lindo. Uma verdadeira aula de química.

E foi assistindo à uma dessas aulas (de química ou de confeitaria) que descobri a receita de schiacciata. Receita que me fez ficar com os olhinhos do Gato de Botas do Shrek ao encarar minha mãe pedindo que ela me desse a oportunidade de provar tal sabor.

Por que eu mesma não quis testar a receita? Bem simples esta resposta, porque minha mãe é o Rogério Shimura aqui de casa. Mas fiquei ali, observando o passo a passo, anotando cada detalhe e admirando cada movimento. Assim, quando eu me arriscar a fazer, já terei toda a teoria necessária.

Vamos à receita. Em um recipiente, misture 3 xícaras de farinha de trigo e 3 colheres (sopa) de açúcar. Acrescente meia xícara de leite e misture até ficar uma farofa. Esfarele então 21g de fermento biológico sobre a massa. Sove até que fique bem compacta. Junte 3 pitadas de sal, 5 colheres (sopa) de manteiga sem sal e coloque mais meia xícara de leite.

Agora vem a parte mais interessante desta receita.Estique a massa fazendo circunferências com a palma da mão. Junte a massa com o auxílio de uma espátula. Repita o movimento até que fique bem lisa e homogênea.

Deixe descansar em um recipiente com 50g de azeite, por 20 minutos. Enquanto isso... prepare o recheio.

Este é o momento de deixar a criatividade fluir. A receita original é com cebolas roxas, gruyère, tomilho e sal grosso. Na versão daqui de casa fomos de tomate seco, azeitonas, orégano e sal grosso.

Após o descanso, abra a massa em uma assadeira bem untada com azeite. Coloque o recheio apertando a massa com as pontas dos dedos. Mais descanso... deixe fermentar até dobrar de volume por mais ou menos 1 hora e asse a 180°C por cerca de 25 minutos.

o pão mais fofo que eu já provei na minha vida

Descrevendo o sabor em 3 passos:

1 Foi o pão mais fofo que eu já provei na minha vida. Sério!
2 Muito versátil, pois os sabores do recheio só dependem de criatividade.
3 Difícil é parar de comer.

Resumo da experiência? Nada como ter uma receita de quem entende do assunto.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Semana Santa

torta de bacalhau

Estamos em plena semana santa, e se para alguns este é um momento de romper tradições, por aqui é uma excelente oportunidade para nos deliciarmos com muitas receitas de bacalhau. E enquanto caçamos receitas de torta capixaba, bacalhoadas e bolinhos de bacalhau, já vamos petiscando uma sensacional torta, evidentemente, de bacalhau.

A massa é a mesma de sempre que pode ser conferida e seguida no post "Reciclagem" sobre a torta de peru. Quanto ao recheio... uma dica bem legal é usar lascas de bacalhau ao invés das postas. Além de mais baratas, dessalgam mais rápido e rendem muito. Para recheios é perfeito.

Nada de 2 dias para tirar o sal, com as lascas bastam 4horas... sim apenas 4horas. A dica de ferver em leite - de preferência com alguns ramos de tomilho e um dente de alho - para deixar a textura mais macia continua valendo e é a partir daí que começamos nosso recheio, com nossas lascas já dessalgadas e fervidas em leite.

Em uma panela, bastante azeite e cebola picados. Quando transparente acrescente alho também picado e depois alguns tomates. Azeitonas são sempre bem vindas. Depois que tudo estiver bem refogado acrescente as lascas desfiadas, uma rápida mexida, 3 generosas colheres (sopa) de cream cheese, corrijir o sal, acrescentar pimenta do reino a gosto. Para finalizar, o costumeiro toque da salsa e cebolinha. Pronto, esperar esfriar e rechear a torta.

Torta montada, forno pré-aquecido por aproximadamente 30 minutos (até que esteja dourada).

recheio de bacalhau feito com lascas: economia e agilidade para o preparo

O petisco ideal para a semana santa... para a semana antes da santa também... claro que é ótimo para preparar na semana seguinte, para a semana do dia das mães, das crianças, do natal, do ano novo... Afinal, quem é que precisa de desculpa para provar um bom bacalhau?