quarta-feira, 30 de março de 2011

Casinha de Monet

O Restaurant Week acaba no próximo domingo, ainda bem. Ainda bem, porque eu vou precisar de umas boas semanas para me recuperar de toda essa orgia gastronômica proporcionada pelo evento.

Este ano tive boas surpresas em todos os restaurantes que escolhi. Acredito que seja porque realmente houve um maior envolvimento por parte dos restaurantes participantes, o atendimento em todos foi muito bom e os pratos nitidamente preparados com muito zelo.

Foi o caso do Le Poème e do Floriano que já mencionei em posts anteriores e também o do Casinha de Monet que é o tema deste post.
O Casinha de Monet não foi propriamente uma experiência nova. Já o conhecia e indicava por manter a qualidade desde a rua Francisco Leitão (endereço anterior onde fui apresentada ao restaurante).

Como todo bistrô, mantém um clima aconchegante e acolhedor, tranquilo para esperar a amiga que se atrapalha com o relógio (ou não). Fomos petiscando o couvert devagar, composto de tapenede de azeitonas pretas, queijo de cabra, uma manteiga temperada bastante suave e muitos pães de vários tipos, todos fresquinhos, macios e ainda quentes.
 

E já que é para esperar, um bom vinho também é sempre uma boa companhia. Pedimos o vinho Agnus, um merlot brasileiro com toque bastante perceptível de frutas vermelhas que agradou em muito nosso paladar.


A última amiga chegou à mesa e então pudemos pedir nossos pratos.

De entrada salada verde com harumaki de cogumelos. O harumaki estava bem crocante e o recheio com tempero bem suave e as folhas estavam deliciosamente cobertas por uma redução de vinagre balsâmico de framboesa.



Outra opção de entrada era o brandade de bacalhau, também acompanhado de folhas verdes, e tinha um sabor bastante suave e delicado.
  

Na hora do prato principal a falta de criatividade da mesa imperou, ou talvez tenhamos um certo preconceito com a pobre anchova. Resumindo, todas pedimos o confit de pato ao mel de especiarias com trigo e legumes.

Ninguém se arrependeu da escolha. Carne macia, suculenta, desgrudando do osso. Dava para sentir as especiarias do molho, notando-se que estavam todas muito bem dosadas e portanto uma não sobressaía à outra. O trigo deu o seu toque acrescentando mais uma textura ao prato.


De verdade, às vezes fico meio receosa de pedir pato em restaurantes. Dependendo do preparo o gosto de caça fica muito evidenciado (se bem que nem sei se o pato é realmente uma caça, embora durante toda a infância tenha visto isto nos desenhos). O que quero dizer é que as vezes a carne fica com um sabor residual muito forte, a carne muito rígida e mesmo no tempero percebe-se a ausência de uma longa marinada.

Desta vez me surpreendi muito positivamente, agora quando eu estiver com vontade de comer pato já sei para onde correr.

A opção que não provamos era a anchova com purê de wasabi e molho de gergelim torrado. Que também não deve ser nada mau.

Mas claro, a chave de ouro de todo jantar é sempre a sobremesa. Nas opções do Restaurant Week profiteroles ou pera ao zabaione.

Apesar dos profiteroles estarem lindos e com muito chocolate, resisti bravamente e optei pela pera.


Macia, delicada e o creme estava realmente incrível.

A reação de minhas amigas ao profiteroles também não deixou por menos, parecendo que estava igualmente fantástico.


O Restaurant Week é uma ótima desculpa para reunir amigos, comer bem e pedir a sobremesa sem culpa, mesmo não sendo fim-de-semana e claro, conhecer lugares capazes de surpreender até os mais exigentes paladares.

Mal posso esperar o próximo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Floriano

Como não poderia deixar de ser, nesta última semana analisei muitos cardápios e visitei mais alguns restaurantes participantes do Restarurant Week.

Fui em dois que me impressionaram bastante. O que vou falar neste post é o Floriano. Onde fui muito bem atendida.

Mal cheguei e já me trouxeram o cardápio não só do Restaurant Week, como o cardápio da casa. O que acho ótimo, porque assim já posso dar uma espiada e pensar em opções para quando resolver voltar.

Enfim, começamos pedindo a carta de vinhos e escolhemos uma meia garrafa do vinho Villa Montes um Cabernet Suvignon chileno, muito honesto.


Entre as opções de entrada, tínhamos a salada verde com três cítricos e escabeche de merluza negra. Prato que eu provei e achei muito bem feito. Uma generosa quantia de merluza e o tempero da salada bastante ácido, assim como sugeria realmente o nome do prato.


Outra opção de entrada era a salada verde com brie ao mel de laranjeira. Prato com sabores bastante equilibrados e também muito bem servido.


No descontraído ambiente do restaurante ficamos batendo papo e conhecemos o maitre da casa, o Fernando, que foi bastante atencioso e nos deu algumas dicas sobre a Hoegaarden (cerveja belga que uma de minhas amigas havia pedido).

Na sequência os pratos principais. Risoto de salmão ao azeite trufado com dill, de sabores suaves e bem medidos, mas confesso que após a entrada de merluza, este prato foi um certo exagero. Mas a textura do salmão estava perfeita e o azeite estava bem apurado, dava para sentir nitidamente o sabor da trufa.


A opção para minha amiga vegetariana foi o ravióli de ementhal com uvas verdes, também totalmente aprovado.


Para encerrar a noite, as sobremesas. Nem tive que pensar muito para escolher, com uma opção que continha chocolate, nozes e damasco, o pobre pudim de claras não teve a menor chance de ser o eleito.

A torta estava deliciosa, o damasco dando aquele toque azedinho, as nozes além do sabor com sua textura crocante e o chocolate... bom, chocolate é chocolate. Foi a chave de ouro do jantar.


Mas ao contrário de mim, minha amiga já elegera o pudim de claras desde a hora que viu o cardápio pela primeira vez.


Também, em uma generosa porção, e com incrível appetite appeal.

Bom atendimento, porções generosas de pratos bem preparados, com certeza o Floriano entra na lista dos repetecos fora do Restaurant Week. E no que depender de mim, será indicado sempre que alguém me pedir uma sugestão de um bom lugar para estar entre amigos e sair satisfeito.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Toque de Midas

Segundo a mitologia grega, Midas era um rei que transformava em ouro tudo o que tocava. É mais ou menos desse jeito que me sinto em dias como o do jantar deste post. Onde tudo flui, tudo dá certo na primeira tentativa e supera toda e qualquer expectativa. Tão perfeito, simples e fácil como era para Midas transformar o que quisesse em muitos quilates de ouro.

Só receitas inventadas e que surgiram aos poucos. Pela manhã minha mãe já tinha idealizado a entrada. Rolinhos de berinjela recheados de paté de pimenta biquinho.

Para fazer o paté ela comprou aqueles potinhos de creme de ricota. A este creme, misturou muitas pimentas biquinho em conserva bem picadinhas, azeite um pouquinho de sal, salsa e cebolinha.

Levou à geladeira para que sua consistência não ficasse muito mole e dificultasse desta forma o trabalho de enrolar. Na sequência, fez fatias finas em uma berinjela no sentido do comprimento. As temperou com shoyu, azeite e sal e deixou que tostassem no gril.

Depois de esfriar por alguns minutos, ela colocou o recheio e enrolou a berinjela sobre ele. formando rolinhos.


Na hora de servir não resisti e reguei com bastante azeite.

Bem diferente e simples de fazer. A pimenta biquinho em conserva tem um ardor bastante suave que combinou perfeitamente com aquele ardidinho próprio da berinjela.

Para acompanhar o nosso jantar abrimos uma garrafa de um vinho super especial, que foi presente do meu cunhado mais legal. O Salton Virtude, um chardonnay de tonalidade amarelo claro, extremamente aromático e leve. Com incríveis aromas frutados, bastante cítrico e cheio de especiarias. Servimos bem gelado e apreciamos devagar todos os seus sabores muito bem equilibrados.


Mas se foi simples escolher o vinho e a entrada, a história do prato principal (que ficara por minha responsabilidade) não foi tão curta assim. Acordei sem nenhuma inspiração, já passava da metade da tarde e ainda não fazia a menor idéia do que faria para harmonizar com este vinho. Surgiu da minha mãe a idéia de irmos passear no mercado à caça de inspiração.

Não é que deu certo? Quando olhei as massas frescas meus olhos brilharam e as papilas gustativas ficaram entusiasmadas. Há muito, muito tempo que eu não provava uma lasanha.

Manjericão na sacola, alguns queijos e correr para casa, misturar farinha e ovo e colocar a mão na massa.

A receita de massa é sempre a mesma, 100gr de farinha para cada ovo, quanto menos farinha melhor e calcular a quantidade de um ovo por pessoa. Enfim, resolvi fazer pequenas alterações.

Acrescentei à massa um fio de azeite, um bocadinho de sal e uma generosa quantia de queijo parmesão ralado. Coloquei farinha até que desgrudasse da mão e comecei a esticar para que ficasse bem fina. Haja braço.

Acredito que foi culpa da gordura do queijo, mas a massa ficou mais fácil de esticar e ser trabalhada. Então cortei em retângulos e os pré-cozi utilizando uma forma sobre o fogão com água e óleo. Conforme tirava os retângulos da água, os colocava sobre um pano de prato, tomando cuidado para que um não grudasse no outro.

Depois das finas fatias de massa prontas, hora de preparar os molhos.

O primeiro molho é muito fácil, no processador bati um maço de manjericão fresco, um dente de alho, uma porção de castanhas de cajú, bastante queijo parmesão ralado e aos poucos fui acrescentando aquela generosa dose de azeite.

Sim, é o famoso molho pesto. Para terminar os ingredientes da lasanha fiz também um molho ainda mais fácil e rápido. Creme de leite e queijo brie derretido até que ficassem em uma consistência que ao fazer um risco com o dedo nas costas da colher, o risco permanecesse sem que o molho escorresse sobre ele.

Depois é aquela velha história de camada, molho, camada, molho. Comecei com um pouco do molho de brie, massa, muito pesto, massa, mais brie, massa de novo, mais pesto, massa mais uma vez, última de molho de brie e muito parmesão ralado por cima para gratinar.

Levei ao forno bem quente e deixei até que estivesse dourada.


A lasanha ficou muito boa. A massa ficou fina e saborosa, os molhos estavam na consistência certa, exalava aromas fantásticos de manjericão e azeite. Amei de paixão minha invenção. Mas, sendo bastante franca, o brie ficou completamente escondido. Não poderia mesmo colocar um queijo muito forte, como o gorgonzola por exemplo, porque brigaria com o pesto, mas um queijo de sabor tão suave ficou completamente mascarado pelo restante dos ingredientes. Numa próxima versão guardo o brie e uso mais parmesão.

Como sempre, um bom jantar só termina na sobremesa. Voltamos do mercado com a lasanha já montada na cabeça, os rolinhos já definidos desde cedo, mas ainda faltava decidir qual seria a sobremesa. Foi aí que em conjunto recorremos mais uma vez ao blog A Cozinha Coletiva de onde tiramos a receita do Cobbler e fizemos algumas pequenas modificações.

Também foi absurdamente fácil de fazer e com resultados muito além dos esperados.

Comece pré-aquecendo o forno a 220°. Em uma tigela misture fatias de frutas com mais ou menos 1 cm, (usamos 4 ameixas frescas e 1 maçã),  o suco de um limão, 1 xícara e meia de açúcar e 2 colheres (sopa) de amido de milho, como toque de chef minha mãe adicionou uma pequena dose de contreau.


Untamos 5 tigelinhas (ramequins, formas ou o que estiver à mão) com manteiga e colocamos essa mistura de frutas distribuída entre elas.  Leve ao forno já quente por 10 minutos.

Enquanto isso, prepare a massa misturando 1 xícara e meia de farinha de trigo, 3 colheres (sopa) de açúcar, 1 colher (chá) de bicarbonato de sódio, 1/2 colher (chá) de fermento, as raspas de um limão e uma pitada de sal. Adicione 1/4 de xícara de manteiga picada em cubos e amasse com as pontas dos dedos até virar uma farofinha. Adicione 2/3 de xícara de leite e mexa devagar somente para misturar (a massa deve ficar empelotada).

Quando retirar as frutas do forno, as cubra com colheradas da massa, polvilhe açúcar cristal e volte o doce ao forno por mais 25 minutos, até o recheio borbulhar e a crosta ficar dourada.


Sem dúvida foi a parte mais surpreendente da noite. A massa ficou com uma camada crocante, cresceu bastante, as frutas ficaram como se fossem em calda. O azedinho do suco de limão com o doce da camada de cima ficou tão gostoso que mesmo depois de uma lasanha e muito vinho ainda era simplesmente irresistível.


Depois do jantar, a sensação de satisfação pessoal por tudo ter fluído tão bem, e claro, a satisfação proporcionada por todos estes aromas e sabores incríveis.

Nada poderia deixar a noite de sábado mais especial e aconchegante. Definitivamente, uma noite tocada por Midas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Restaurant Week 2011

Está aberta oficialmente a Restaurant Week São Paulo 2011. Desta vez o evento abrange todo o estado.

É aquela velha história, no Restaurant Week temos um preço fixo (29,90 no almoço e 39,90 no jantar) por um cardápio que inclui entrada, prato principal e sobremesa, bebidas são a parte. O importante é ter paciência e olhar com calma os cardápios dos restaurantes participantes para não se sentir enganado depois. E claro, ligar e fazer reserva sempre evita dores de cabeça além da espera.

É uma excelente oportunidade de conhecer novos lugares sem gastar absurdamente, e assim avaliar o atendimento, ambiente e preparo dos pratos servidos, para poder programar um retorno e fazer muitas indicações aos amigos.


Este ano, o Restaurant Week teve uma novidade, uma pré-semana para clientes MasterCard. Nós saimos correndo, como não poderia deixar de ser, para aproveitar e experimentar um dos cardápios antes mesmo da abertura oficial da semana.

Primeiro selecionamos 15 restaurantes para o almoço de domingo que nos pareceram ter os cardápios mais interessantes (Arturito, Casa da Fazenda, Casinha de Monet, Chakras, Chez Fabrice, Dui, Fidel, Fillipa, Govinda, Le Poème Bistrô, Maria Lima Bistrô, Oscar Café & Bistrot, Proteína, Suez Gastronomia MediterraneaVitrô Restaurante).

Lembrando que só analisamos os cardápios dos restaurantes que servem almoço e estariam abertos no domingo, portanto alguns apetitosos cardápios de lugares que só abrem para o jantar, ou que atendem apenas de segunda à sábado ficaram de fora desta seleção.

Batemos o martelo pelo Le Poème Bistrô. Ao chegarmos já nos encantamos com o clima e ambiente, todo bonitinho e bem arrumado.

De entrada, quinele de batata doce e cordeiro ao perfume de alho (croquete de cordeiro com buquê de folhas ao molho de pimenta e molho teryaki). Não se iluda com a aparência inocente e similar a azeite deste molho apimentado. Ir com muita gana pode arrancar lágrimas.


Ou salada de endívias (endívias grelhadas com salmão defumado ao vinagrete de endro dill e maçã).


As duas entradas aprovadíssimas. Muito bem preparadas, temperadas e apresentadas.

Para o prato principal, robalo ao fumê de laranja (filé de robalo grelhado ao molho de laranja com risoto de ervas).


Ou  escalope com rosti de batatas (escalope de filé com rosti de batatas e cogumelo paris caramelisado ao molho roti).


O risoto que acompanha o filé de robalo tem um sabor bastante pronunciado de alecrim e mais uma vez tudo estava no ponto certo, como o risoto que estava al dente e cremoso.

O escalope estava macio, suculento e com o molho levemente adocicado e a batata rosti recheada de queijo complementou o prato muito bem. Nota-se que tudo foi feito com muito cuidado.

Para a sobremesa o cardápio também inclui mais de uma opção, no caso, rocambole de chocolate com sorvete de côco.


 Ou creme brûlée.


Diz a lenda que a qualidade de um restaurante mede-se pela qualidade de seu creme brûlée, por ter um preparo trabalhoso e quando não feito com o devido primor fica simplesmente com gosto de nada.

Não foi este o caso. O creme brûlée estava perfeito, com uma fina casquinha de fazer os olhos brilharem ao quebrar, cremosidade na medida certa e com delicado sabor da baunilha. Claro que o rocambole não ficou nada atrás.

Adoramos e aprovamos nossa escolha. Começamos o Restaurant Week deste ano muito bem atendidas e satisfeitas em um ambiente tranquilo e gostoso.

Agora correr e analisar mais cardápios para tentar um jantar entre amigos durante a semana oficial. Quem sabe a gente não se encontra por aí?

sábado, 19 de março de 2011

Bles D'or

Em alguns dias, a melancolia paira no ar. Naquelas tardes em que a chuva cai copiosamente por exemplo. E nesses dias nada como ter um lugar aconchegante para tomar uma café bem tirado e comer alguma coisinha para adoçar a vida.

Foi nesse clima que conhecemos o Café Bles D'or. Onde provamos o eclair chocolat e o eclair café (bombas de chocolate ou café).


E também uma deliciosa e muito bonita tortinha de limão.


Tudo acompanhado, claro, de um café expresso muito bem tirado.


Enquanto nos deliciávamos com nossos pedidos, ficamos espiando intrigadas a comprida mesa que abrigava o café da tarde. Com muitos pães na gaveta, 4 tipos de bolos e muitas coisinhas apetitosas que nos fizeram prometer voltar lá para prová-las.

Tudo isto em um ambiente muito aconchegante e acolhedor, ótimo para admirar a chuva que caía lá fora e esquecer da vida.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Mil e uma receitas

Apesar da culinária árabe já ser bastante popular nos restaurantes de São Paulo, ainda há um ar de mistério sobre seu preparo e seus ingredientes.

Nós resolvemos nos arriscar a desvendá-los, e agora vou contar um pouquinho desta experiência.

Em primeiro lugar vou apertar a tecla SAP e esclarecer algumas coisinhas. Em duas das receitas que vou descrever a seguir utilizamos um tempero chamado Tahine, não é muito difícil de encontrar e hoje em dia existe a opção de comprar latas pequenas. O tahina nada mais é do que uma pasta feita de sementes de gergelim.

Outra explicação que julgo necessária é sobre a forma fulgor. Uma das receitas foi feita nela.  É uma forma para assados e pizza que utiliza-se não no forno, mas sobre a boca do fogão, pois ela possui uma tampa com válvula que permite esta manobra. Para quem não tiver esta forma pode colocar em uma forma comum, cobrir com alumínio e levar ao forno pelo mesmo tempo.

Se não restam mais dúvidas vamos às receitas.

Resolvemos começar pelas mais tradicionais, como o homus e o babaganush, pulamos a coalhada seca por causa do tempo de preparo, como queríamos testar mais de um prato deixamos a coalhada para uma próxima oportunidade.

Então no cardápio, homus, babaganush e quibe. Não o cru, nem o frito, o de forno, ou no nosso caso, de forma fulgor.

Para o babaganush leve ao forno 1 berinjela embrulhada em papel alumínio até que esteja cozida, bem molinha mesmo (aproximadamente 30 minutos), descasque a (a pele vai soltar facilmente) e bata no processador com um dente de alho duas colheres de tahine, o suco de um limão, sal e uma generosa quantidade de azeite. Para finalizar, salsa e cebolinha.

Fica na consistência de um paté. Fica levemente ardido por causa da berinjela, tome cuidado, este prato é extremamente perigoso, pois ele desencadeia compulsão nas pessoas, é impossível parar de comer. Depois, não diga que não avisei.

Mantenho o mesmo aviso para o homus. Comece batendo no processador 300gr de grão de bico bem cozido, com um dente de alho, duas colheres de tahine, o suco de um limão, sal e claro, aquela generosidade sempre bem vinda na hora de colocar o azeite.

Delicioso, é um pouco mais denso do que o babaganush e o sabor é um pouco mais suave. Ambos ficaram perfeitos, não devendo nada para nenhum restaurante por aí, desde aqueles que cobram menos de 1 Real até aqueles que usam muitas casas nos seus preços.

Mas nem só de pratos frios se faz um almoço. Por isso preferimos o quibe de forno ao invés do cru. Algo para aquecer o estômago.
Para preparar o quibe deixe 500g de trigo para quibe de molho até que dobre de volume, esprema bem para retirar toda a água, misture 500g de carne moída, cebola e alho bem picados, sal, algumas folhinhas de hortelã, azeite, uma pimenta dedo de moça picada, o suco de um limão e salsa e cebolinha.

Em uma frigideira frite algumas tirinhas de bacon em azeite, e acrescente parte da mistura de carne e trigo preparada anteriormente. Frite bem e separe.

Unte uma forma fulgor com manteiga e coloque metade da mistura de carne e trigo crua, como se fosse um recheio coloque a carne já frita (nessa hora também dá para inventar um pouquinho, se quiser colocar coalhada, requeijão ou qualquer coisa assim é muito bem vinda também) e cubra com o restante da massa crua.

Com uma faca marque losangulos sobre o quibe e acrescente pequenos pedaços de manteiga sobre toda a superfície. Tampe a forma e leve ao fogo bem baixo por meia hora.

Acompanhe de pães sírios, torrados e temperados ou não, abra uma cerveja bem gelada, junte pessoas queridas e divirta-se.


Quibe já é bom, com bacon, eu realmente preciso falar alguma coisa?

Decididamente adoro este tipo de refeição, onde pode-se beliscar o tempo todo, um pãozinho com homus, outro com babaganush, um pedacinho de quibe e assim estende-se a hora do almoço até a hora do lanchinho da tarde, com muita conversa, muita história e  foi então que descobri de onde Sherazade tirou inspiração para tantas histórias.

Mas melhor do que os pratos árabes, só mesmo os doces árabes.


Mas esses não fomos nós que fizemos. Veio diretamente da padaria. Fresquinhos e deliciosos, mas falo deles com mais calma outra hora.

No dia em que eu resolver me aventurar nas receitas doces cheias de aletria.

sábado, 12 de março de 2011

Promessa é dívida

Desde o melhores do ano que meu cunhado mais legal estava devendo uma receita de nhoque para nós. Pois bem, baixei da internet um vídeo do Claude Troigros (o Claude tem aparecido demais por aqui, assim logo mais o Curtis vai ficar com ciúmes), bom, baixei o vídeo, mandei para o Léo com todas as dicas para uma boa massa e fiquei esperando ele marcar a data.

Finalmente a dia chegou. Aproveitamos o carnaval para comer e descansar bastante, e claro, cozinhar tanto quanto, então não havia data melhor para o pagamento de dívidas.

As dicas do Claude foram essenciais, mas vou falar sobre elas no passo a passo.

Comece enrolando individualmente 4 batatas médias com casca em papel alumínio e leve ao forno a 180° por cerca de 40 minutos, ou até que seja possível amassar as batatas.

No forno aqui de casa demorou quase o dobro do tempo. O importante é não colocar as batatas na água para cozinhar. Assando as batatas é mais fácil para trabalhar a massa depois e exige menos farinha.

Minha irmã, achando que estava demorando demais, resolveu colocar uma batata no microondas para testar. Colocou com casca e tudo em um prato, dentro de um saquinho próprio para microondas e deixou 8 minutos em potência alta. A batata ficou perfeita, o que nos dá uma opção mais rápida para a próxima vez que repetirmos essa receita.

Batatas assadas, hora de descascá-las. Pegue um pano para auxiliar e não queimar as mãos, pois deve-se descascar as batatas ainda quentes.

Em seguida amasse como se fosse fazer um purê. Nós utilizamos o espremedor para isto.


Acrescente 3 gemas, um pedaço pequeno de queijo parmesão ralado e um pedaço um pouco menor de mussarela ralada também, um pouco de sal, pimenta do reino e noz moscada, aos poucos acrescente a farinha até que seja fácil manipular a massa sem que grude nos dedos. Na receita original dizia 120g farinha de trigo, talvez pelas batatas serem mais secas usamos apenas a metade dessa medida.


Massa perfeita, hora de comemorar. Abrimos uma garrafa de Salton Volpi Gewurztraminer, um vinho leve com sabor de frutas, e claro, fizemos um brinde especial ao Léo, para que ele queira repetir essa receita muitas e muitas vezes. Ficamos realmente todos muito animados com essa massa.


Depois do brinde, de volta ao trabalho. Mãos na massa, literalmente, para enrolá-la e cortá-la no formato de nhoque. 


Nhoques prontos, cozinhar por cerca de 5 minutos em água fervente (até que o nhoque suba à superfície da água), retirar da água quente e colocá-lo imediatamente em uma travessa com água gelada para interromper o cozimento e impedir que passe do ponto. Tirar da água gelada e secar em um pano de prato delicadamente.


Mais uma pausa no nhoque. Antes de finalizar o prato principal, começamos a trabalhar na entrada. Mais um item riscado da lista, mais uma dívida paga. Lembra aquele atum em crosta de gergelim que meu cunhado preparou para minha irmã e não convidou mais ninguém para experimentar? E como se não bastasse, ainda mandaram um post para o blog só para nos deixar com água na boca. Pois é, se redimiram da melhor maneira possível. Ou seja, preparando o prato para que pudéssemos prová-lo e tirar nossas próprias conclusões.

Para ver a receita do atum com crosta de gergelim acompanhada de salada de couve-flor basta clicar aqui.


Agora sim, posso dizer que foi feita com muito esmero e comentar que a couve-flor preparada desta forma ficou super crocante, o molho tem uma combinação de sabores intensos mas que se misturam sem conflitos e o atum fica super macio, no ponto exato. Mais uma receita do Claude que foi testada e aprovada (definitivamente o Curtis vai ficar com ciúme desse post). A melhor parte? Posso dizer tudo isso com conhecimento de causa, afinal essa história de deixar os outros com água na boca é especialidade minha neste blog.



Só esse atum já seria uma refeição completa, mas não para nós em um dia de carnaval de bobeira no conforto do lar. Mais uma garrafa de vinho e seguimos para a finalização do nhoque. 

O vinho que escolhemos para o segundo tempo deste almoço foi o Syrocco Zenata, um Syrah produzido em Marrocos. Achei o vinho muito aromático e bem equilibrado.


E no meio do brinde ao atum já estávamos fritando o nhoque com um pouco de azeite para que ficasse bem dourado. Em outra panela, simplesmente creme de leite e gorgonzola (300 ml de creme de leite para 200g de gorgonzola) até criarem consistência.


Acrescentamos ervilhas frescas cozidas ao nhoque. Um toque todo especial que além de dar um sabor suave que ajuda a quebrar um pouco a intensidade do gorgonzola, deixou o prato bonito na foto. As ervilhas não são super fotogênicas?


Em uma travessa os nhoques, as ervilhas e o molho. Tudo coberto, obviamente, por muito queijo ralado.


Preciso mesmo descrever este nhoque? Vão faltar adjetivos e superlativos para expressar o sabor a textura e todas as sensações deste prato. Super leve, o queijo da massa estava derretido, dava basicamente para dispensar o molho, a ervilha, o queijo ralado e ficar petiscando essas incríveis bolinhas de batata puxadas no azeite.

Sem dúvida um fortíssimo candidato ao próximo melhores do ano.

E sem dúvida também que eu nem menti ao dizer que as ervilhas são fotogênicas, para confirmar basta dar uma espiada na foto aqui de baixo.


Bom, depois desse almoço, confesso que fiquei exaurida. Só tive forças o suficiente para caminhar até o sofá e olhar a TV, onde passava os melhores momentos do desfile das escolas de samba. Pois é, eu realmente não tinha mais forças mesmo, porque não tive coragem de pegar o controle remoto na estante para trocar de canal. Me limitei a fechar os olhos e ficar bem quietinha, deixando o esquindô-esquindô que saía da TV embalar meus felizes sonhos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Le Castellet

Nada mais encantador do que chegar a um local que lhe traga boas lembranças. Foi exatamente esta a sensação que tive ao entrar no Le Castellet em Pinheiros.

Este charmoso bistrô já era bastante conhecido por sua longa existência na cidade de Paraty, onde era carinhosamente conhecido como a "creperia do francês". Justamente por serem os crepes o carro chefe da casa. E desde dezembro do ano passado mudou-se para a Vila Madalena (Rua Delfina 38/42).

Comandado pelo chef Yves Lepide, o bistrô tem todo um ar nostálgico, com uma decoração que junta diversos elementos da cultura e tradição francesas da região de Provence, como as cigarras (que estão representadas por todos os cantos) e é simbolo de sorte para eles.

Com atendimento acolhedor e super atencioso, com certeza quem for a primeira vez voltará muitas outras. Claro, isso sem falar das opções gastronômicas, que são de fato o ponto mais forte da casa.

Tudo é produzido pelo chef, desde os variados pães super frescos e servidos com o sensacional queijo de cabra temperado, e um saboroso paté de azeitonas pretas.


Até os azeites saborizados, que são um capítulo a parte. De lavanda, nozes, alecrim. Dão um toque todo especial aos pratos.


Lá existe a opção de buffet, e a la carte, mas como não poderia deixar de ser, quisemos matar a saudade dos crepes de Paraty. Aliás, o cardápio ainda é o mesmo de lá.


Todos os crepes são acompanhados de tomate com molho pesto e uma pequena tartelete de batatas. O crepe que pedi era com ingredientes dos mais simples, presunto, queijo e um ovo estalado bem no meio.


Um grande diferencial da casa é que os crepes são servidos abertos, o que deixa a apresentação dos pratos de despertar ainda mais o apetite.

O sabor da foto de cima era de camarão ao molho de vinho branco. E na foto de baixo o de queijo de cabra com nozes e mel.


Todos aprovadíssimos. Saímos de lá extremamente satisfeitas.

Outro detalhe importante, é que o chef circula pelas mesas e conversa com seus clientes. Hábito já conhecido dos clientes de Paraty. O que me faz crer que é o que garante a qualidade, sem falar de sua simpatia que é ainda mais um fator que faz ficar difícil ir embora de lá.

Tudo bem que a chuva torrencial que caía lá fora também contou para que prolongássemos nossa estadia.

Para finalizar o almoço o chef nos serviu um tipo de licor de uvas. Também produzido por ele e também de qualidade inquestionável. 


Como a chuva não parava, decidimos enfrentá-la. O que nem foi tão doloroso, já que fomos acompanhadas de guarda-chuva até o carro pelo próprio Yves, comprovando em mais esta atitude sua simpatia e preocupação com seus clientes.

Definitivamente um lugar para se sentir em casa.