quarta-feira, 25 de julho de 2012

Parmigiana di melanzane

Enquanto fazia, a quatro mãos, uma maravilhosa berinjela à parmegiana, já ia maquinando na minha cachola alguns detalhes sobre o texto que colocaria aqui no blog.

Além da receita detalhada, já pensava em entrar nos pormenores da região de Parma. Falar do queijo parmesão, do presunto e do molho ao sugo que corre na veia de todo aquele nascido desta inspiradora região... Pois bem, a berinjela ficou pronta, provamos e aprovamos e aqui estou eu, me preparando para escrever, a começar por algumas pesquisas e eis que... PARA TUDO.

Descubro o mais improvável: a berinjela à parmegiana não tem nenhuma relação com Parma. Pois é... segundo Fabiano Dalla Bona no blog Cozinha, literatura & outras artes a história é assim:

"Ao contrário do que se pensa, o nome parmigiana, não significa absolutamente berinjelas à moda da cidade de Parma ou berinjelas com queijo Parmigiano Reggiano, mas deriva de parmiciana, ou seja o conjunto de listras de madeira, sobrepostas, que formam uma persiana e que lembram a arrumação das fatias de berinjela no preparo do prato.

Parece que o prato é uma herança da dominação árabe e grega na ilha, com grandes semelhanças com a moussaka grega e a tiani árabe. A berinjela é uma planta originária do continente asiático e foi introduzida na Europa, provavelmente por obra dos mercadores árabes na Baixa idade Média. Porém, foi somente à partir do século XVIII que passou a fazer parte dos cardápios italianos, primeiramente só nas refeições populares, e depois, naquelas aristocráticas. E é o caso também do tomate, que desembarcou no Velho Mundo após a descoberta da América em 1492, foi cultivado inicialmente como planta ornamental, se somente no século XVIII transformou-se em ingrediente da cozinha.

Com base nas observações acima, confirma-se a tese de que a parmigiana tenha nascido entre a segunda metade do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX."

berinjela a parmegiana

Pois é, persianas. Quem diria? Vivendo, aprendendo e descobrindo blogs de gastronomia cheios de história... mas vamos ao que interessa, a receita.

Comece cortando as berinjelas (para 4 pessoas utilizamos 3 berinjelas grandes) em fatias de pouco mais de meio centímetro de espessura. Mergulhe estas fatias em uma travessa com água e sal por alguns minutos. Quando for manuseá-las, primeiro aperte bem entre as mãos para escorrer toda a água. Passe levemente na farinha de trigo e frite com pouco óleo. Escorra em papel toalha e reserve.

Em uma panela faça uma refoga de azeite, alho e cebola e acrescente meio quilo de carne moída e espere fritar. Tempere com sal e pimenta do reino e depois que estiver bem frita junte uma lata de tomates pelados previamente batidos no liquidificador. Um pouco mais de água e deixe apurar fervendo durante bastante tempo em fogo baixo. Finalize o molho com bastante salsa e cebolinha (manjericão também é sempre bem vindo). Corrija o sal se necessário e reserve.

Tenha à mão fatias de muçarela, queijo parmesão ralado, orégano e azeite. Agora basta seguir a sequência.

Um pouco de molho, uma camada de berinjela, mais molho, azeite, orégano, berinjela, molho, muçarela, orégano, azeite... termine com uma generosa camada de queijo parmesão ralado. Leve ao forno bem quente para gratinar e sirva a seguir.

De dar água na boca só de lembrar. Para fanáticos por berinjelas é sem dúvida a receita responsável pela renovação desta paixão a cada garfada.

Molho, queijo, berinjela... mas tudo fica ainda melhor com um bom vinho (nada de sorvete).

espanhol macio e muito bem harmonizado com este bem temperado molho

Harmonizamos com o vinho Pata Negra 2004. Um espanhol macio, autêntico e que combinou muito bem com o tempero do molho da parmigiana di melanzane.

Combinação de se comer com as persianas fechadas. Assim, não corre-se o risco de aparecer nenhum intruso para atrapalhar este momento tão especial. 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Caseirinho

Fome saciada pela divina omelete com gorgonzola e a generosa antecoxa de frango, hora de voltar à cozinha e preparar a marmita do dia seguinte.

Dizem ser coisa de pobre, mas sinceramente? Nada melhor do que quebrar o expediente com um almoço com aroma e sabor de casa. É para mim algo como um momento de meditação.

Por isso, mesmo depois do jantar, quando bateu aquela vontade de sofá, espantei a preguiça e fui lidar com as panelas, preparar algo saudável, cheio de sabor e com alma bem doméstica.

A começar por uma boa saladinha. Daquelas que basta misturar o que se tem na geladeira, neste caso, folhas de espinafre rasgadas, ricota e damascos picados. Sal e azeite bastam para o tempero.

saladinha de espinafre com ricota e damasco

Já o prato principal exige um pouco mais de zelo, mas não deixa de ser também uma grande mistura de ingredientes.

Cortei dois bifes de contrafilé em tiras, temperados com alho, azeite, sal e pimenta-do-reino. Frite em uma panela com um pouco de azeite. Quando já estiver bem fritinho, acrescente uma cebola em fatias finas, Uma porção de azeitonas pretas picadas, e uma abobrinha picada em cubos de tamanhos irregulares.

Abaixe o fogo, tampe a panela e deixe cozinhar por cerca de 20 minutos. Caso necessário, adicione um pouco de água.

Adicione meio maço de hortelã picada e uma generosa porção de amêndoas torradas. Corrija o sal e está pronto para servir.

cozido de contra-filé com hortelã e amêndoas

Múltiplas texturas e sabores complementares que deixam este picadinho bem caseirinho e despretensioso com ares de comida de chef.

Para acompanhá-lo, arroz com cenourinha, para agregar mais uma cor ao cardápio e torná-lo ainda mais nutritivo.

arroz com cenourinha pra completar um cardápio saudável...

Agora, algo bem característico da administração doméstica, é o reaproveitamento. E foi assim que depois de saborear este cardápio no almoço e no jantar, o final do picadinho ainda foi parar no processador.

Juntou-se em uma grande panela à uma lata de tomates pelados previamente batida no liquidificador com um pouco de água, um pouco mais de sal, salsa e cebolinha e estava pronto o molho de um belo espaguete totalmente sustentável.

macarronada sustentável
Assim, criando e recriando a semana foi passando. Até que chegou a sexta-feira, onde tudo voltou ao normal.

Uma mamãe estava de volta ao lar, pronta para ser recebida de braços abertos por uma filha cheia de saudades, com direito a casa limpa e arrumada, comida na geladeira e uma cachorra feliz e bem alimentada que abanava o rabinho sem parar, mas nada de dar uma lambidinha de boas vindas...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Quando os gatos saem...


... os ratos se comportam direitinho. 

Os novos papais da patota passaram alguns dias vivenciando o workshop: "Como Cuidar do Seu Bebê" - curso intensivo destinado aos pais de primeira viagem, oferecido por ninguém menos que a vovó. E se a vovó está com sua pequena netinha, é sinal que por aqui ficamos apenas eu e minha filhota de 4 patas.

Pois é, nada daquela magia em que se vive quando a mamãe está em casa, alguém que sempre pensa em todos e cuida de tudo com tanto capricho e carinho. Chegar do trabalho e já sentir o cheirinho especial da comida prontinha posta à mesa é uma dessas pequenas mágicas que deixei de vivenciar nestes longos dias.

E eu que costumo acordar sempre em cima da hora, me vi acordando com boa margem de antecedência. Muita coisa para fazer. Cuidar de um ajinho de quatro patas, lavar quintal, ajeitar as coisas e claro, cozinhar muito. Tudo para que na volta ao lar minha mãe o encontrasse arrumadinho e acolhedor, afinal, já imaginava que ela precisaria de um bom descanso depois de tantas noites embaladas pelo hit do momento, o "ué é é" da Maria Clara.

Acredito que me saí muito bem. No primeiro dia cheguei como sempre, azul de fome, e fui correndo atacar a geladeira. Só conseguia pensar que bastaria ser algo rápido para me apetecer.

Acabei por grelhar uma antecoxa de frango e acompanhá-la com uma omelete de gorgonzola. Ninguém merece cozinhar com fome.

A antecoxa já estava temperada na geladeira, com sal, alho, azeite, pimenta do reino, limão e vinho branco. Apenas a coloquei no grill e esperei seu tempo de cozimento.

Para a omelete quebrei dois ovos em uma travessa de vidro, acrescentei uma colher (chá) de manteiga, uma pitada de sal, pimenta do reino, uma porção de pequenos cubos de queijo gorgonzola, e o toque final, dado por 2 colheres (sopa) de creme de leite fresco.

O creme de leite deixa a omelete mais leve e fofa, ao mesmo tempo seu centro fica úmido e com uma textura incrível. Todos os ingredientes na travessa hora de bater muito bem com um garfo. Tudo junto e misturado, despeje esta mistura em uma frigideira previamente aquecida com azeite (deve estar bem quente).

Deixe fritar, mexendo para que a parte mais líquida da mistura vá aos poucos entrando em contato com o fundo da frigideira e crie uma crosta na parte inferior. Quando essa crosta já estiver suficientemente grossa, dobre a omelete ao meio, tampe a panela deixe fritar, vire a omelete para que frite por igual.

Um tomate bem picado, temperado com sal, azeite e hortelã completam este rápido jantar.

prato rápido para quem chega em casa azul de fome...

Sou suspeita para falar, adoro omeletes, mas ficou fantástica. Poderia repetí-la durante toda a semana, mas... variar faz parte do cardápio e por isso, após matar a fome que me consumia, voltei para a cozinha para preparar meu almoço e jantar do dia seguinte (sim acreditem, muita disposição para lidar com as panelas).

Desta forma, ao chegar em casa já teria um jantar prontinho me esperando na geladeira. Um delicioso picadinho com abobrinha e arroz com cenourinha, bem saudável e caseirinho, mas esta receita fica para o próximo post...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Viva! Viva! Viva!

Com tantas novas atrações, nada mais natural que a patota deixasse de lado alguns eventos que em outros anos foram tão esperados. 

Nesta lista encontra-se nosso já tradicional "arraiá", cheio de gostosuras típicas.

Sendo bem sincera, isso nem nos incomodou, afinal, estamos prevendo uma grande festança para o ano que vem. Mas enquanto ela não vem... fizemos uma singela receita de bolo de milho, assim não deixamos as festas juninas passarem totalmente em branco e já aproveitamos para cantar parabéns ao 2º ano do nosso amado blog Gastronomia Doméstica.

É isso aí, muito foguetório para comemorar este 5 de julho onde fazemos 2 anos de muitas histórias, receitas, momentos especiais, dicas, e tudo o mais que envolve este pequeno universo que construímos com tanto carinho.

Esta receita é super rápida, mesmo quando não sobrar tempo para mais nada ainda haverá tempo para o bolo de milho.

No liquidificador bata 4 ovos, 1 lata de leite condensado, 2 colheres (sopa) de manteiga, 1 lata de milho, 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo, 1 colher (sopa) de fermento em pó e, como ingrediente opcional, meio vidro de leite de coco.

Deixe bater por alguns minutos, despeje em uma forma de furo no meio previamente untada e leve ao forno preaquecido para assar por 40 minutos.

Um pouquinho de açúcar peneirado por cima dá o toque final. Bolo macio, bastante úmido, daqueles de lambuzar os dedos e comer rezando até alegrar todos os santos, sendo eles juninos ou não.

Bão por di mais! 

mini festa do "mio"

Milho cozido com manteiga e sal completam o cardápio. Afinal, milho cozido com manteiga é sempre bem vindo. Possui até mesmo um certo ar nostálgico, por me remeter a muitos passeios familiares pelo calçadão da praia de São Vicente, eu criança correndo feliz ao ver o carrinho do milho cozido... delícia!

Agora, delícia mesmo é acompanhar essa "miarada" toda de um bom chá de gengibre.

A receita é simples também. Um pouco de açúcar na panela, a casca de uma laranja, uma canela em pau e alguns cravinhos da índia, uma porção de gengibre bem picada (de preferência já amassadinha em um pilão). Espere o açúcar derreter, cubra com água. Ferva por uns 5 minutos, desligue o fogo, tampe a panela, espere mais alguns minutos antes de servir. 

Eu diria que esta é a versão do quentão livre de ressaca, por isso pode-se beber aos montes sem moderação.

chá de gengibre = quentão sem ressaca... beba sem moderação

Mini festa do milho em casa, sem nenhum grande evento, sem nenhuma bandeirinha, nenhuma paçoca, nenhuma torta caipira, sem cuscuz e sem curau, mas com muita alegria, muitos motivos para comemorar e muitos vivas que não poderíamos deixar de jeito nenhum passar batido.

Viva Santo Antônio! Viva a Maria Clara! Viva a líder da patota! Viva São João! Viva São Pedro! Viva o Corinthians! Viva o Gastronomia Doméstica!!!