terça-feira, 25 de outubro de 2011

Flores

Feira é sempre um evento. Ainda na madrugada os feirantes começam a chegar, montar suas barracas e começam a vender seus produtos contando com a força do gogó.

Olha o Abacaxi! Tá barato, tá docinho.

É a forma de comércio mais antiga que se tem conhecimento. Talvez por isso traga em si toda uma atmosfera bastante peculiar. E entre as caracteríscas que mais me agradam está na oportunidade de comprar produtos da estação, frescos, e (normalmente) a preços justos.

Mais do que isso, os feirantes, como bons profissionais, sempre demonstram um grande conhecimento daquilo que ofertam. Justo por isso, sabem como ninguém indicar as mais variadas formas de preparo.

Foi o caso das mini alcachofras encontradas na feira por minha mãe. O feirante ao vê-la olhando fixamente para as petit-alcachofras não pensou duas vezes antes de passar mil receitas e contar causos sobre as bonitinhas.


Deu todos os detalhes e dicas, falou como outros fregueses costumam prepará-las e mais do que isso, a ensinou a escolher as melhores. Resultado? O óbvio, minha mãe chegou em casa com alcachofras pequenas e grandes e com mil idéias na cabeça. Isso é que é um bom vendedor.

Um almoço totalmente primaveril nasceu a partir daí com direito à entrada, prato principal e sobremesa feitos com flores.

Para preparar as mini-alcachofras basta cortar a parte superior, retirando desta forma as folhas mais duras e então parta-as ao meio no sentido do comprimento. Cozinhe por cerca de 10 minutos em água fervente suficiente para cobrí-las. Depois de cozidas passe no ovo batido com um pouco de sal e na farinha de rosca e frite.


Uma sugestão é temperar as alcachofras com azeite, sal, talvez algumas gotinhas de limão, antes de empaná-las.


E não é que o feirante tinha razão? Fácil de preparar e uma forma diferente de provar os tão apreciados corações de alcachofra. As alcachofras grandes foram cozidas também e suas folhas servidas junto com a entrada. Sempre, é claro, acompanhada de um molhinho feito com azeite, limão e sal.


Comer as folhas da alcachofra parece uma brincadeira, onde ficamos ali, molhando as folhinhas, comendo sem pressa enquanto o prato principal vai chegando ao ponto exato.

Bom, se as folhas das alcachofras grandes ajudaram a compor a entrada, seus miolos depois de limpos foram parar no risoto.


Em uma panela coloque azeite e uma cebola picada. Refogue e acrescente o arroz arbóreo, frite por pouco tempo e então junte meia xícara de vinho branco. Aos poucos já colocando o caldo de frango e mexa sempre.

Este caldo de frango eu fiz com ossos de ante-coxa, além é claro, de salsa, cebolinha, estragão, sal, um pouquinho de conhaque, louro, cebola, cenoura e um dente de alho.

Mais ou menos na metade do cozimento, acrescentamos os miolos de alcachofra cortados em 4 pedaços e no fim, tomates sweets partidos ao meio, uma generosa porção de queijo parmesão ralado e uma colher de manteiga para aveludar o risoto.


Sabor extremamente delicado, com suaves nuances. Daqueles que deixam o paladar mais confortável.

E para finalizar a panacota de lavanda. Lembrando que esta é uma daquelas receitas que exigem horas de geladeira e portanto deve ser feita um dia antes de ser servida.

Dissolva um pacote de gelatina sem sabor em meia xícara de leite e espere 10 minutos. Em uma panela coloque 450ml de leite, 1 xícara de açúcar, 2 colheres (sopa) de lavanda seca e uma fava de baunilha (abra a fava com a ponta de uma faca, raspe as sementes, coloque as sementes e a fava no leite). Espere ferver e desligue. Mantenha tampado por cerca de 5 minutos. Peneire o leite para retirar a lavanda e a fava de baunilha. Volte o leite ao fogo apenas para acrescentar a gelatina sem sabor, deixe que ela derreta bem e desligue o fogo. Junte então 500ml de creme de leite coloque em uma forma untada com um pouco de óleo e leve à geladeira por pelo menos 4 horas.


Fica bem treme-treme, textura cremosa e muito fresquinha. Tenho lá minhas dúvidas se a receita deveria ter toda essa quantidade de leite mesmo, pois a panacota acabou ficando em duas camadas. De qualquer forma ficou super charmosa com as sementes da baunilha.

Servimos com uma calda de frutas vermelhas, amoras e morangos, cozidos com um pouco de açúcar e algumas gotinhas de limão até formar uma geléia bem líquida e cheia de grandes pedaços.


O feirante tinha mesmo razão ao dizer que os morangos estavam docinhos e as amoras suculentas. Frutas como se espera na primavera, mais bonitas e saborosas como a estação parece deixar a vida também.

Afinal, é a estação da fertilidade. Com suas flores e muitas cores. Época que sempre traz muitas novidades. E, por que não? Traz também um pouco mais de poesia.

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