terça-feira, 11 de outubro de 2011

Histórias de pescador

Quando criança eu não gostava de peixe (aliás, quando criança eu não gostava de muitas coisas). Mas então, um belo dia, aconteceu um longo passeio entre famílias onde passamos horas a fio à margem de um rio, pescando.

A falta de coragem de pegar as iscas para colocá-las no anzol (nojinho) fez do passeio um eterno ir e vir pedindo aos pescadores mais experientes para realizarem qualquer tipo de manobra entre o colocar da isca até a retirada do peixe.

Basicamente, as crianças ficavam ali, impacientes, espantando os peixes com risos e brincadeiras, recebendo olhares de reprovação daqueles que realmente esperavam fisgar alguma coisa e ansiosas para perceberem qualquer movimento em suas linhas. Não é a toa que pescadores inventam tantas histórias mirabolantes. Tempo para isso durante uma pescaria é o que não lhes falta.

Enfim, uma criança chatinha que não comia peixe de jeito nenhum, mas que havia pescado vários, muitos mesmo, peixes grandes e em absurda quantidade (olha o exagero típico de pescadores aí), quis provar o fruto de seu trabalho.

Pois é, essa foi a primeira vez que comi peixe na vida. Fritinho, crocante e delicioso. Depois disso, não parei mais (de comer peixes, porque pescar ainda está na lista das coisas que a criança chatinha aqui não gosta de fazer).

De qualquer forma, até hoje mantenho a preferência por peixes de sabor suave (aqueles com menos gosto de peixe), como a truta, a pescada branca, o cação. Quanto aos frutos do mar eu gosto mesmo é que façam como a Dory de Procurando Nemo e continuem a nadar. Quem sabe? Se um dia eu for pescar no mar esse cenário pode mudar (difícil, mas vai que).

Por todas essas limitações, acabo comendo sempre os mesmos peixes e com poucas variações de preparo (frito ou moqueca) e a criança chatinha aqui fica enjoada de sentir sempre os mesmos sabores. Resolvi então, começar a explorar um pouco mais as profundezas da gastronomia e montar novas receitas para apreciar essa carne branca de baixa caloria e extremamente saudável.

E já que a parte light da refeição fica por conta da escolha da carne, nada impede que o molho seja encorpado e cheio de sabores para contrabalancear.

Em 2 colheres (sopa) de manteiga refogue 2 cebolas médias e dois tomates, ambos em rodelas finas (para que a manteiga não queime, coloque também um pouco de azeite). Junte alcaparras, endro, pimenta do reino, algumas gotas de pimenta tabasco e sal a gosto. Cubra com um pouco de água e espere até que o tomate comece a se desfazer. Deixe a água secar e junte meia xícara de creme de leite fresco. Desligue o fogo e finalize com aquela costumeira generosa porção de salsa e cebolinha.

Grelhe pescadas brancas (ou qualquer outro filé de peixe, 3 minutos de cada lado são mais do que suficientes) e sirva cobertas pelo molho.

Para acompanhar, algo igualmente simples e genial: arroz. Mas não qualquer arroz. Arroz com leite de coco.

Em uma panela azeite, 1cebola e 1 dente de alho picados. deixar refogar, acrescentar uma xícara de arroz e fritar. Uma colher (chá) generosa de sal, um vidro de leite de coco, 1 xícara de água, deixar semi- tampado em fogo bem baixo e esperar a água secar.

Um purezinho de batatas também cai muito bem.


Jantar pronto em menos de meia hora. Taí mais um ponto positivo para os peixes, o preparo é rápido.

O arroz fica com textura mais macia e delicada. O molho fica com sabor intenso, grande cremosidade e não esconde o peixe, pelo contrário, ajuda a mante-lo suculento durante todo o jantar.

Um vinho leve como o Salton Lunae harmoniza muito bem. Frizante branco com aquelas deliciosas bolhinhas que fazem cócegas no céu da boca.


Algumas taças e muitos sabores depois, a vontade é de ficar ali, de bobeira, em volta da mesa, entre amigos e família contando muitos "causos". Talvez até alguns "causos" de pescador...

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