quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Liberdade

Fiquei com vontade de ir até a Liberdade comprar papel de arroz depois que vi o Claude Troigros fazer um salmão enrolado e frito nesse papel que me interessou bastante, e umas semanas depois Olivier Anquier também usar esse papel para fazer uma receita vietnamita.

Como passar vontade não faz bem para o ser humano, aproveitei as idéias dos chefs, peguei uma dica do Marcelo Katsuki e saí as compras com minha irmã em mais um almoço golpe.


Fomos no Ebis, por indicação do blog do Katsuki e experimentamos o Gyudon (arroz com carne e cebola) e o Udon (macarrão japonês com um caldo bem temperado, eu escolhi a opção com carne e cebola).


Almoço leve em um ambiente agradável e o principal, rápido para sobrar mais tempo para bater perna.

Compras feitas, montei um cardápio de inspiração oriental para o sábado a noite.

De entrada salada de alface roxa, mussarela de búfala, tomates e bifum, temperada com vinagre balsâmico e azeite.


Para o preparo do bifum basta ferver um pouco de água, tirar do fogo e deixá-lo na água cerca de um minuto. Depois disso basta tirar da água e servir, sobre a salada salsa e cebolinha para dar uma cor.

Para o acompanhamento do prato principal cozinhei cenoura, berinjela, abobrinha e uma cebola em cubinhos. No ponto um pouco antes de estarem cozidos tirei a água, acrescentei shoyu e refoguei um pouco.

O prato principal foi o peixe no papel de arroz. Usei postas de atum, mas cometi um erro. Deveria ter usado apenas temperos secos, para que não umedecesse demais o papel de arroz.

Bom, eu temperei com shoyu, raspas e suco de limão e sal. Ficou bem saboroso, mas a umidade do shoyu e do suco de limão impediu que ele ficasse crocante. O que era justamente a minha intenção nesse prato.

Depois de temperar as postas, umedecer o papel de arroz na água (fria mesmo, só para conseguir manipulá-lo) e embrulhar o peixe no papel como se fosse um presentinho.

Agora basta fritar 3 minutos de cada lado em um pouco de azeite.


O sabor ficou muito bom, os legumes e o peixe combinaram perfeitamente, e já que faltou a crocância da casquinha de arroz, na hora de servir piquei algumas castanhas de caju. Na próxima acho que acerto.

Mas, o que eu mais gostei desse cardápio foi a sobremesa.

Primeiro fiz uma calda simples com laranjinhas kinkan. Derreti açúcar, coloquei um pouquinho de água e uma dose de cachaça, alguns cravos e canela em pau, algumas uvas passas e as kinkans partidas ao meio.

Calda pronta. Minha mãe fez um delicioso creme de confeiteiro, levando ao fogo uma lata de leite condensado, a mesma medida de leite, duas gemas, uma colher de sobremesa de essência de baunilha e duas colheres rasas de maizena (que devem ser diluídas no leite), mexer até engrossar.

Antes de usar o creme é preciso que ele esfrie. A maneira mais fácil é colocar o creme em uma travessa e cobrir com papel filme antes de levar a geladeira. O filme impede que crie uma nata sobre o creme sem a necessidade de mexê-lo o tempo todo enquanto esfria.

Calda e creme prontos, vamos ao toque final.

Sabe aquelas massas para pastéis folhados que vendem pronta no mercado?

Pois é, coloquei aquelas massas no forno para fazer placas folhadas, bem crocantes.

Essas ficaram crocantes mesmo, então parti ao meio e montei a sobremesa.

Massa folhada, creme, mais massa, mais creme, mais massa, mais creme... e sobre toda essa torre desencontrada de massa folhada e creme de confeitero uma generosa porção da calda de kinkan.


Sensacional!

A calda estava levemente azedinha e com um fundo amargo por causa da casca das kinkans o que combinou com o doce do creme e não podia ser completado por uma combinação melhor do que a massa folhada e crocante.

Resumo da história, por ser a primeira vez que usamos o papel de arroz até que não nos saímos tão mal, a sobremesa pode entrar para a lista das melhores do ano e só resta uma dúvida: o que fazer agora com as 98 folhas de papel de arroz que sobraram no pacote?

É pelo visto vou ter muitas oportunidades para acertar essa receita.

2 comentários:

  1. Lembro ter ouvido alguém dizer que eram sem graça os doces no modelo "bolacha/camada, bolacha/camada, bolacha/camada" - hahaha. Mas, como eu experimentei os ingredientes dessa sobremesa e comprovei o quão extraordinário ficaram, afirmo que não tem nadica de sem graça.

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  2. Opa! Estão se especializando cada vez mais!
    na montagem dos pratos, nas fotos...
    Parabéns!
    Desta vez o que mais me encheu a boca de água foi a sobremesa!
    Bjos
    Shey

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