segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Temperos e presságios

Ao redor da mesa é sempre o melhor lugar para conversas malucas, muitas risadas, reuniões e decisões importantes. Pensando em tudo isso, reuni a equipe (Michelle, Nicole e Vânia), juntei com as pessoas mais importantes da minha vida e coloquei todo mundo ao redor da mesa.

Assim além de saborear mais alguns pratos deliciosos, tivemos muitas conversas malucas, muitos causos, risadas e conseguimos debater os planos mirabolantes de cada uma em relação à viagem dos sonhos que aos poucos vêm ganhando forma.

O cardápio, para harmonizar com todos esses ingredientes, teve que ser elaborado de acordo com algumas restrições. Afinal, temos uma vegetariana entre nós e alguém que ainda não sabe direito do que gosta (sim Michelle, essa é você).

A entrada foi uma salada de folhas (agrião e rúcula), com tomates sweet, acompanhada de molho de mostarda com mel. Dessa vez comprei a mostarda Dijon Forte. Não reparei no rótulo na hora da compra e quando fui preparar o molho foi um pouquinho complicado.

O sabor da mostarda era realmente bem intenso, o que me fez ter que colocar muito mais mel do que de costume, para balancear o sabor, e ao prová-lo puro não achei que fosse combinar, afinal o gosto da mostarda ainda era bastante marcante.

Mas, ao misturar com folhas de sabor igualmente intenso, achei que ficou ainda melhor do que com a mostarda tradicional. Acertei sem querer. Coisas que às vezes acontecem na cozinha, e que claro, as opiniões a respeito disso podem variar de acordo com cada paladar.


Ainda na salada, a pedido de uma das ilustres convidadas, fiz um chutney de manga como acompanhamento. É um outro molho, com sabor bastante exótico e que, imagino, deva ficar ainda melhor acompanhando uma carne de sabor forte, como alguns cortes suínos, essa sugestão aliás, foi dada por minha irmã, sempre muito perspicaz em suas observações. Com certeza isso será testado em breve.

De qualquer forma, o chutney foi a sensação da noite, aprovado por todos os presentes. A melhor parte? A receita é simples e não requer prática, nem tão pouco habilidade.

Em uma frigideira coloque uma manga madura picada em cubinhos e uma cebola também picada. Sempre em fogo baixo, acrescente aos poucos uma pequena porção de uvas passas, meia xícara de vinagre balsâmico de framboesa e 200gr de açúcar mascavo. Deixe cozinhar por 10 minutos, mexendo de vez em quando.

Então adicione o suco de meio limão, uma pitada de canela em pó e outra de cravo moído, uma pitada generosa de sal e outra de pimenta do reino moída e uma colher (chá) bem cheia, de gengibre ralado. Misture tudo e espere apurar por 15 minutos.

Retire do fogo e deixe esfriar antes de servir. O sabor das especiarias é o que caracteriza o chutney, portanto, não tenha medo de usá-las.

Harmonizamos o início desse jantar com a cerveja Golden da Baden Baden, uma cerveja clara, leve de sabor bem feminino e com aroma de canela.

Depois de surpreender os paladares com a entrada, seguimos para o prato principal.

Confesso, quando quero impressionar vou de massa caseira. Escolhi para isso o ravioli de abóbora com molho noisette. Enquanto eu preparava ravioli por ravioli, não achei que foi assim uma de minhas idéias mais felizes, ainda bem que sempre posso contar com a ajuda da minha mãe. 

É sem dúvida uma receita mais fácil de ser feita em pequenas quantidades, mas como sempre, todo trabalho que uma boa massa requer é sempre muito bem recompensado pelo sabor e satisfação ao prová-lo.

Para a massa, é sempre a mesma história, um ovo por 100gr de farinha e calcular 100gr por pessoa. Ou seja, como estávamos em 7, foram 7 ovos e 700gr de farinha. 

Depois esticar até que ficasse bem fininha, cortar em pequenos círculos e rechear individualmente como pequenos pasteizinhos.

O recheio que escolhi foi de abóbora. Em uma forma, coloquei a bóbora japonesa em pedaços, reguei com bastante azeite, embrulhei em papel alumínio e deixei no forno por cerca de 40 minutos. Quando tirei, a abóbora estava bem molinha, fácil de esmagar com o garfo para formar um purê. Acrescentei sal, mais azeite, amêndoa torrada moída e requeijão.

Como no preparo de um purê mesmo, não me preocupei muito com medidas, fui experimentando enquanto fazia até que ficasse no ponto desejado.


Massa pronta, cozinhar e colocar no molho. O molho é basicamente manteiga. Manteiga derretida até que fique com aroma levemente adocicado e com tom castanho. Misturamos os raviolis na manteiga e acrescentamos muitas folhinhas de manjericão.

Na hora de servir, queijo ralado.

Para os não vegetarianos, complementamos com antecoxas de frango, desossadas e recheadas de gorgonzola, queijo minas e azeitonas pretas picadas para acompanhar.

Minha mãe desossou as antecoxas, colocou o recheio e fechou com palitos de dente. Distribuiu por uma forma, regou com cerveja e levou ao forno para cozinhar lentamente, cerca de 2 horas.

Ficou espetacular, tanto os raviolis quanto o frango. O ravioli é bem suave, e o molho noisette não cobre o sabor da abóbora enquanto o manjericão dá um toque mediterrâneo.

O frango ficou com a pele bem crocante e o recheio era uma verdadeira explosão de sabores que balanceou bem o prato.

A cerveja com que harmonizamos, foi a Baden Baden 1999, uma bitter ale, de tonalidade avermelhada e intenso amargor.

Para fechar o jantar, petit gateau.

Derreta 100grs de manteiga e junte com 100gr de chocolate meio amargo, 3 ovos, 100gr de açúcar e por último, 50 gr de farinha de trigo. Misture muito bem todos os ingredientes e leve para assar em formas pequenas e untadas, por cerca de 8 minutos, em temperatura 200º.

O segredo do petit gateau é deixar o forno bem quente e jamais ultrapassar os 8 minutos de cozimento.


Claro, acompanhamos com sorvete, porque tudo sempre fica melhor com sorvete. Cobrimos com calda de caramelo e ficamos com sorrisos nos lábios quando ao partir o bolinho escorreu de seu interior o delicioso creme de chocolate que caracteriza esta sobremesa.

Módestia a parte, foi tudo excelente do início ao fim. Sem falar da animação que transbordava da mesa.

Sabendo que o objetivo deste jantar era delinear o trajeto de uma tão esperada viagem, isso para mim, só pode significar um ótimo presságio.

4 comentários:

  1. Foi mesmo muito divertido, adorei a equipe e estou torcendo para a viagem ser maravilhosa ; )

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  2. Faltou eu, mas td bem!! hehehe

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  3. Re já falei que quero ser igual a vc quando crescer! Amei o jantar e a sua família, são todos muito fofos e simpáticos!
    bjo Nick

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  4. Tata, a sua torcida é sempre muito importante...

    Anne, a gente corrige essa falha em breve... rs

    Nick, vc já tem a altura certa! ;)

    bjks a todas!

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