Não adianta.
Tem algumas coisas que nunca mais vou poder saborear. Por exemplo o bolo peteleco da minha vó.
Sim, eu tenho a receita, esse não é o problema. A questão é que posso tentar fazer quantas vezes eu quiser que não fica igual.
Toda vez que faço ele fica fofo, alto macio, perfeito, a receita é muito boa e simples. Só não é o bolo sensacional, baixinho, oleoso e bem escuro que minha vó fazia.
Pois é, ela era fantástica na cozinha, mas nunca se entendeu muito bem com doces. Mas era só servir um sorriso junto e pronto, lá estava o melhor bolo do mundo.
Já tentei mudar a receita, colocar mais óleo, ou usar uma forma maior, mais chocolate, não pré aquecer o forno e nada funciona.
Hoje, aproveitando o friozinho, resolvi tentar de novo...
Acho que no fundo a diferença está na idade.
Porque nada é como os sabores que sentimos na infância. Quando crianças tudo é novidade, gostoso e surpreendente. Sabores marcantes e intensos por causa das papilas gustativas novinhas e aguçadas.
Depois a gente envelhece e passa a vida toda tentando surpreender nosso paladar misturando ingredientes em uma vã tentativa de resgatar essa sensação infantil da descoberta dos sabores.
Ainda bem que só tentar já vale a pena. E que nessa vida tem sabor demais para experimentar.
Segue a receita do bolo Peteleco.
Em uma tigela coloque 3 xícaras de farinha, 2 de açúcar e uma bem cheia de chocolate em pó.
Acrescente 4 ovos inteiros, 1 xícara de óleo e 1 xícara de água morna. Mistura tudo muito bem, adicione uma pitada de sal, uma pitada de bicarbonato de sódio e uma colher de sobremesa de fermento em pó.
Coloque em uma forma untada e leve ao forno pré aquecido.
Costumo usar ganache de cobertura. E claro, como bolo bom é bolo quente, tire do forno e delicie-se com uma fatia generosa e muita ganache derretida. Essa história de dor de barriga é lenda.
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