Quando falamos em salsicha logo vem à mente aquele dogão de barraquinha. Aqueles cheios de milho, ervilha, ketchup, mostarda, purê, maionese, queijo ralado, vinagrete e mais um monte de coisas que fazem com que a salsicha fique ali escondida no fundo do pão e sem nenhum destaque. Pelo menos aqui em São Paulo é assim.
Não é à toa que se inventou de adicionar tantos ingredientes, já que a idéia que se tem de salsicha é daquela carne de péssima qualidade, que todo mundo diz ser misturada com jornal e envolta por uma pele vermelha cheia de corante. Algo nada apetitoso quando analisado desta forma.
Apesar disto, não nego que adoro cachorro-quente. Bons tempos onde eu frequentava quase que diariamente a van do Sandro em frente à faculdade, onde pedia um prensado sem ketchup, mostarda e milho e com muito cheddar e catupiry.
Uma amiga costumava pedir, inusitadamente, sem salsicha e outra gostava de excluir o pão. Maluquices à parte cada um tem a sua maneira de comer cachorro-quente e é sem dúvida algo bastante pessoal.
Aqui em casa a idéia de um dia de cachorro-quente nunca é muito bem vinda. Sabe como é, metade da população por aqui não vê nenhum valor nutritivo e nem graça no sabor, além de afetar ferozmente os estômagos mais sensíveis.
Por estas e por outras eu acabo inventando algumas formas para driblar estas opiniões e de vez em quando inserir no cardápio a deliciosa baixa gastronomia das salsichas. Baixa gastronomia é modo de dizer, depende muito da salsicha em questão e os alemães estão aí para provarem que salsicha também é cultura.
Uma dessas formas é fugir das mais tradicionais e procurar pelas geladeiras dos supermercados algo diferente que desperte a curiosidade em saboreá-la. Foi assim que encontrei uma salsicha branca da Frigor Hans, feita com carne bovina, suína, toucinho de porco além de muitos temperos. Mais um ponto positivo para ela é que a pele que a envolve não possui corante, que todo mundo sabe não fazer nada bem.
Para prepará-la também fugi do pão com molho. Fiz algumas torradinhas e um condimento feito com maionese caseira, cebola e queijos. Para deixar o prato mais equilibrado e colorido fiz legumes assados com verdura quente.
O mais demorado desses acompanhamentos é sem dúvida o mais saudável deles. Mesmo assim, não gasta-se mais de 30 minutos em seu preparo.
Em uma forma coloque uma berinjela em cubos, uma abobrinha também em cubos, uma mandioquinha em fatias finas, uma cebola cortada em 8 e desfolhada e um tomate picado em cubos grandes. Regue tudo com sal, azeite, vinagre balsâmico, pimenta do reino, pimenta calabresa, um punhado de alcaparras e um toque de orégano. Leve ao forno mexendo de vez em quando até que todos os legumes estejam cozidos. Desligue e só então acrescente espinafre e alface picados grosseiramente, misture tudo muito bem e deixe a forma dentro do forno desligado, mas ainda quente. Isso ajuda a verdura a murchar e incorporar os temperos sem que percam sua textura por completo.
Bom, as torradinhas sem segredo, finas fatias de pão com um pouco de azeite e forno ou grill (eu gosto de fazer as torradinhas no grill, acho mais rápido e dispensa sujar uma forma).
Maionese caseira é algo bem fácil de fazer, ainda mais se tiver à sua disposição um processador, para economizar braço. Cozinhe dois ovos, depois de cozidos coloque apenas as gemas no processador, com o suco de meio limão, um ovo inteiro e um pouco de azeite. Comece a bater e vá acrescentando óleo em fio até chegar à consistência desejada (usei óleo de canola). Depois que ela estiver consistente e bem lisinha acrescente uma cebola cortada em 4 partes, sal, pimenta do reino, salsinha e alguns pedaços de queijo (o equivalente à uma xícara). Usei os que tinha na geladeira pós fondue, ou seja, emmental e gruyére. Bata tudo no processador até virar um creme uniforme.
Sobraram duas claras cozidas, né? Pois é, sobra mesmo. Como eu tenho uma queda por ovos, não resisti e fiz delas um "petisco" enquanto fervia as salsichas. Mas nada impede que outra solução seja encontrada para seu aproveitamento, como colocá-las em um recheio de torta, salada, reché-las com a própria maionese no lugar da gema e serví-las acompanhando o prato ou qualquer outra maneira que a criatividade do chef permitir.
Tudo pronto, basta montar os pratos, abrir uma cerveja e relaxar para aproveitar com muita calma cada momento. Afinal vá saber quando eu vou encontrar outra desculpa para fazer salsicha aqui em casa de novo...
Esse post inspirou o Marido. Hoje tem salsicha lá em casa. Mas é a velha conhecida mesmo, nada de cultura alemã. Brincadeira à parte ele caprichou - tem ratatoulli e purê pra acompanhar.
ResponderExcluirTatá
Rê,
ResponderExcluiressa do acompanhamento com legumes foi o máximo!
Bjs
Lud
Hummm... purê com salsicha é tudo de bom... tinha queijo ralado também? :P
ResponderExcluirPois é Dona Lud Mila... rs... leguminhos sempre dão uma equilibrada no prato além de serem uma delícia, né? Pode fazer q vc vai curtir, certeza! :)