quinta-feira, 5 de maio de 2011

Prova de fogo

Não é de hoje que busco desafios culinários. Também não é de hoje que me inspiro nos programas de TV para buscar esses desafios.

Mais uma vez a inspiração foi o Claude Troigros. Resolvi reproduzir em casa a prova de fogo do "Que Marravilha" desta semana: desossar um frango.

Mas não podia ser assim tão simples, apenas seguir uma receita e não usar a criatividade. Obviamente há inúmeras liberdades poéticas. Aliás, a semelhança com o programa termina em desossar uma ave.

Ou seja, inventei minha própria receita. A começar pela troca de frango por galeto. Sem nunca ter desosssado um frango na vida, e nunca ter visto ninguém desossando no passo a passo (minha mãe tem altas técnicas, mas confesso que nunca prestei muita atenção), resolvi me arriscar na cara e na coragem.

Tudo o que eu sabia era que para começar precisava de um corte vertical nas costas do frango/galeto e depois deveria contornar os ossos com a faca tomando cuidado para não furar a pele. Foi assim que comecei.


Primeiro fiquei meio perdida, achando que era melhor deixar os ossos em seus devidos lugares. Afinal eles nasceram ali. Mas aos poucos fui pegando o jeito e percebendo que desossar uma ave nem é assim algo de outro mundo.


Deixei os ossos das asas e das coxas, para deixar as perninhas cruzadas e manter a elegância na hora de servir.

Abaixo a foto que prova que meu trabalho foi bem feito e não há nem um furinho na pele.

Ah! Existe sim um pequeno rasgo, mas não foi culpa minha não, ele já veio assim. Não tirei foto para provar, mas tenho testemunha.


Enfim... galeto desossado significa que os trabalhos já podem começar. Temperei com sal, pimenta do reino, azeite, dois dentes de alho picados, as raspas e o caldo de uma laranja e um copo de vinho branco seco.

Deixei que descansasse na marinada e enquanto isso, fui preparar o recheio.


Não sou nada adepta dessa história de rechear carnes com farofa. Sempre acho que fica tudo muito seco e sem graça, portanto, procurando outras opções lembrei do recheio da alcachofra do post "É primavera".

Já que a época de alcachofras ainda demora, encontrei aí uma boa opção para fugir do tradicional, manter a carne suculenta e eu poder inventar bastante.

Primeiro coloquei dois pães no leite com um toque de noz moscada (bem pouquinho). Em uma panela aqueci azeite e fritei alguns cubinhos de bacon até que ficassem bem torradinhos. A seguir acrescentei uma cebola média e dois dentes de alho bem picadinhos e refoguei bastante.

Algumas gotinhas de molho de pimenta, dois tomates sem pele em cubinhos, algumas azeitonas pretas picadas e uma bandeja de shimeji.

Mais tempo fritando e refogando tudo isso, até que ficasse bem sequinho. Para finalizar os dois pães bem escorridos e para dar um toque verdinho, salsa e cebolinha para não perder o costume.

Recheio pronto, galeto bem descansado, hora de deixá-lo gordinho. Antes de iniciar, dei alguns pontinhos com barbante para facilitar e coloquei uma camada de mussarela, só então  coloquei o recheio. Estufei mesmo o pobre coitado do galeto, tanto que ele quase virou um frango.

Bem amarrado, na forma e regado com a marinada, está pronto para ir ao forno.


Sinto informar que devido ao meu exagero, o galeto não resistiu e explodiu. O excesso de recheio foi parar na forma.

Mas nada de se deixar abater, ainda havia realmente muito recheio apesar do ocorrido e ainda tínhamos trabalho.

O acompanhamento, risoto de alho poró e queijo gruyere. Mais uma daquelas combinações que não tem como dar errado.

Aqui no blog já passei várias receitas de risoto, e como sempre digo, o segredo está no caldo. Para este, minha mãe utilizou os ossos retirados do galeto. Taí mais uma vantagem em desossar as aves.

Além dos ossos, ela usou uma folhinha de louro, sal, um dente de alho inteiro, azeite e salsinha.

Para preparar, o básico, uma cebola bem picada, um pouquinho de azeite, fritar o arroz arbóreo, acrescentar um pouco de vinho branco, um talo de alho poró fatiado bem fininho e cozinhar aos poucos utilizando a caldo.

Quando o arroz estiver al dente juntar o queijo gruyére picado, uma colher de manteiga e corrigir o sal. Adivinha o toque final? Salsa e cebolinha para dar uma colorida e fazer uma foto mais bonita.


Mais um jantar que constará dos autos da história deste blog. O risoto ficou bem suave e cremoso. O galeto, como esperado, ficou suculento, e as raspas de laranja deram um toque delicado ao sabor além de deixar a carne muito macia. Mas sem dúvida o campeão de elogios da noite foi mesmo o recheio. Claro que aproveitamos todo ele, mesmo o caído na forma, impossível admitir qualquer desperdício, não tem como descrevê-lo sem dizer que é uma verdadeira explosão de sabores.

Resumo da ópera, receita inventada, preparada, aprovada, registrada pra repetir sem problema algum. Mesmo assim, algumas liberdades poéticas serão sempre muito bem vindas até nos repetecos.

2 comentários:

  1. Achei o máximo: "sinto informar mas o galeto explodiu" rsrsrs

    Se a gente é o que a gente come esse post vem colaborar com a tese de que somos todos frangos. Beijusss

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir