domingo, 15 de maio de 2011

Pão e vinho

Quem disse que camadas só servem para fazer pavê e lasanha? Essa semana a minha aventura gastronômica foi o preparo de um pão. Mas não um pão comum, um pão recheado de pastrami e gruyére e feito em camadas. Mais do que isso, o primeiro pão que eu me arrisco a fazer nesta minha existência.

Registrei o passo a passo para ficar mais fácil de explicar esta história, mas até chegar às camadas tem todo um processo.

Primeiro quebre dois tabletes de fermento biológico e à eles acrescente meia colher de açúcar e meia xícara de leite morno. Espere meia hora.

Essa mistura irá fermentar e crescer muito, portanto não faça como eu e não use uma xícara para isso, senão você verá "A Coisa" surgir em sua cozinha. O ideal é já colocar no recipiente onde irá misturar a massa.

Pára um pouquinho, descansa um pouquinho e meia hora depois comece a adicionar os ingredientes à mistura fermentada. Dois ovos inteiros, 1 xícara e meia de leite, meia xícara de óleo (usei metade óleo de canola e metade azeite para saborizar, mas isso é bem opcional), meia colher de sopa de sal e farinha de trigo. Eu usei aproximadamente 600gr de farinha, mas isso pode variar, então não se preocupe com a medida exata, basta acrescentar a farinha aos poucos até que a massa não esteja mais grudando nas mãos.

Feito isto amasse bem, dê uma boa sova sem dó na massa. Quando cansar, faça uma bolinha, coloque em uma travessa, cubra com papel filme para que não crie uma casquinha, um pano de prato para deixá-lo aquecido e faça silêncio. Deixe a massa tranquila para se recuperar da sova.

Pára um pouquinho, descansa um pouquinho e meia hora depois descubra a massa e dá-lhe outra sova. Deixe-a descansar novamente, da mesma maneira anterior e espere.

Pára um pouquinho, descansa um pouquinho e meia hora depois repete-se o processo (comece a fazer o pão cedo, fica a dica).

Pára um pouquinho, descansa um pouquinho e meia hora depois comece a aquecer o forno. Todo esse processo é para que a fermentação tenha o tempo necessário para acontecer da forma correta, deixando o pão mais leve, sem dar aquela sensação de que o fermento está agindo dentro do estômago e nos fazendo ficar inchados. Por isso, vale a pena começar o trabalho antes e ter um pouquinho de paciência.

Agora começa a parte das camadas.

Estique a massa como se fosse fazer uma pizza. Pincele manteiga derretida e cubra com o recheio (usei pastrami, queijo gruyére ralado e dei um leve toque de orégano).

Repita o processo, como em uma lasanha mesmo, estique a massa, coloque sobre o recheio, pincele manteiga e cubra com o recheio. Finalize com mais uma camada de massa e manteiga.


Fica assim, parecendo um enorme sanduíche, meio irregular. Mas o mais legal desta forma de montar o pão é que não acaba por aí. E já que falamos em pizza. Esta é a hora de cortar esse sanduichão como se fosse uma pizza, mas sem deixar que os cortes cheguem até o centro da circunferência.


Depois de todo esse trabalho, agora é só enrolar. Que fique claro, enrolar as fatias.

Enrole umas três vezes para o mesmo lado e deixe as pontinhas para o fundo da forma. Fica com o formato de um parafuso.


Gire todas para o mesmo lado. A grossura dessas fatias fica a critério de quem estiver fazendo. Para dar uma idéia, minha mãe faz fatias que são mais ou menos metade das que eu fiz.

Tudo pronto, pincelar uma gema de ovo para que fique bem douradinho e levar ao forno que não deve estar exageradamente quente. Esperar que asse e servir.


O que posso dizer? Fiquei orgulhosa com o resultado. Deixar a casa perfumada com o aroma de pão caseiro está na lista das melhores e mais simples coisas da vida. E saborear um pão macio, leve, saboroso e recém saído do forno, não tem preço.

Só poderia ficar melhor se devidamente acompanhado de uma taça de vinho.

Escolhemos o Dão Grão Vasco.


É uma meia garrafa de vinho, que ficou ainda menorzinha ao lado do meu pão que cresceu até virar um monstrengo.

Adorei o vinho. Cor vermelha intensa, e seu sabor me pareceu bastante aveludado, e pode ser apenas um devaneio da minha parte, mas tive a impressão de sentir em seu aroma algo que me lembrou os azeites portugueses. De qualquer forma, harmonizar vinho com pão não é tarefa das mais difíceis.

Afinal, o que nessa vida não combina com pão?

Um comentário:

  1. Monstrengo??? Ficou lindo. Vendo o pedaço que me levou não imaginei que o pão inteiro tivesse ficado com esse tom artístico. ESPETÁCULO!!! Parabéns. Adoramos o sabor e a textura do pão.

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