sábado, 20 de novembro de 2010

Não me interessa se ela é coroa...

Há tempos minha mãe fala de tirar duas panelas de ferro de minha bisavó do buraco negro localizado na parte de cima do armário da cozinha, bloqueado pela geladeira e longe do alcance de qualquer braço.

No último fim de semana, criei vergonha na cara, peguei a escada, empurrei a geladeira e fui à caça das tais panelas. Pobrezinhas, estavam em um estado lastimável, com muita ferrugem e pó.

Depois de um tratamento de primeira, com direito a banho de sol, lavagem, queima com óleo e tudo o que uma panela precisa em um longo dia de revitalização, ela estava pronta para o trabalho.

E já que é para usar a panela, resolvi abusar e fazer uma carne de panela com abóbora com cozimento lento, e deixá-la no fogo por mais de 3 horas para poder analisar toda a sua ação no preparo.

Chega de história e vamos às receitas.

Cardápio:
Entrada: Salada de chicória com pedacinhos de melão e tomates sweet com molho emulsificado de vinagre balsâmico de framboesa e azeite
Prato Principal: Carne de panela com abóbora
Acompanhamento: Batatas douradas no azeite (e pão bem fresquinho para limpar o prato)
Sobremesa: Bananas flambadas

Para a salada não tem segredo, umas folhinhas de chicória bem lavadas, pedacinhos miúdos de melão, tomates sweet partidos ao meio.

No processador bati uma porção de vinagre balsâmico de framboesa para duas porções de azeite extra virgem, sal e salsinha. Bati bastante até que ficasse um molho espesso para servir sobre a salada.



O vinho que escolhemos para acompanhar foi o Tempranillo Monasterio. O vinho é ótimo, e com a carne ficou maravilhoso, mas com a salada não deu muito certo não. A impressão que tive é que este vinho intensifica os sabores mais marcantes do prato, ou seja, acentuou demais o amargo do chicória, o que não foi nada legal, mas para os temperos da carne foi espetacular.

Já fiz a propaganda, então já posso falar como fiz.

Usei contra-filé em cubos médios. Em uma travessa coloquei a carne, uma cebola fatiada finamente, dois dentes de alho picados, sal e azeite. Bastante azeite. Se eu tivesse tempo teria colocado vinho e deixado marinar por muitas horas, mas como era para preparo imediato não coloquei nada, deixei o tempero bem seco para conseguir fritar bastante a carne sem que soltasse muita água.

Na panela de ferro coloquei bacon em pedaços bem pequenos e um fio de azeite. Fritei bem e só então coloquei os pedaços de carne. Deixei fritar e fritar, depois que a carne já estava muito bem frita acrescentei a cebola e o alho e deixei fritar mais. Um tomate sem pele e sem semente bem picado também foi para a panela. E continuei fritando, até que as cebolas estivessem bem escuras.

Nessa hora quando o tempero começa a grudar no fundo da panela, acrescentei um cálice de vinho do porto e fiz o deglacê. Depois do vinho evaporar cobri a carne com água fervente e deixei a panela trabalhar em paz, mexendo de vez em quando e adicionando mais água quando necessário. O caldo ficou bem escuro e com sabor bem intenso.

A carne cozinhou por aproximadamente 2 horas, até que estivesse desmanchando com o garfo e foi então que acrescentei pedaços de abóbora. Deixei as abóboras cozinharem por cerca de 25 minutos, para finalizar acrescentei uma colher de chá de manteiga para dar uma aveludada ao molho e salsa e cebolinha já com o fogo desligado. Pronto.

Para acompanhar a carne fervi algumas batatas rodeladas por cinco minutos com um pouco de sal e depois passei no azeite até que ficassem douradas. E claro, pãozinho bem fresquinho para limpar o prato e não ter desperdício. 


A carne ficou bem molinha, o molho ficou denso, os sabores ficaram bem marcantes e intensos. Mesmo sem ter inventado muito nos temperos ficou com aquele gostinho de comida caseira do interior super especial. Definitivamente, panela velha é que faz comida boa.

Para encerrar a noite, um cálice de vinho do porto para acompanhar bananas flambadas.

Fiz uma calda com açúcar mascavo, um toque de noz moscada e meia canela em pau. Cozinhei as bananas em fatias rapidamente e depois um cálice de conhaque e fogo.


E claro, tudo fica mais gostoso quando servido do lado de uma bola de sorvete.

2 comentários:

  1. Opa Rê!!
    As fotos desta edição ficaram show, hein?!
    Chicória, taí mais um recorde para minha lista de superações. Mas ok, este ano já foram algumas boas, como rúcula, mussarela de búfala e tomate seco. :)
    Chicória e fígado ainda ficam na lista dos que não rolam mesmo, até agora! kkk
    A carne ficou da cor das carnes qdo feitas pela minha mãe, da minha tia tb. Apesar que eu tb já acertei fazê-las assim, escurinhas, sem queimarem, molinhas e com bons temperos. :)
    Gostoso, hein?!
    E quem disse que a Rê não acerta na sobremesa?? kk
    bjinho

    ResponderExcluir
  2. Essas panelas me lembraram aquele fogão de lenha do Olivie. Se eu tivesse um sítio, ehn...

    ResponderExcluir