quarta-feira, 5 de outubro de 2016

E agora?

O caldo entornou,
a cebola queimou,
o bacon encruou,
a panela... 
...vamos deixar a panela pra lá.

Pois é... tem dia que parece que a vida está meio ao contrário e nem adianta tentar que nada dará certo na cozinha. Mas vamos começar esta história pelo começo.

Estava eu caçando receitas para o fim de semana quando de repente, não mais que de repente me deparei com o risoto à carbonara.

E pensei: carbonara = bacon + queijo + ovo = Irresistível!!!!

Ainda melhora. Fiz o check list dos ingredientes e não precisaria sair para buscar nada. Definitivamente estava decidido o cardápio.

Na hora de iniciar o preparo fui para a cozinha fazer o caldo. Panela grande, azeite, cebola, alho, cenoura, salsão, salsinha, louro, anis estrelado, cravo e sal. Fritar um pouquinho, adicionar 1 dose de cachaça, esperar evaporar e cobrir os legumes e temperos com água fervente. Deixar ferver por aproximadamente 30 minutos e pronto. Podemos começar o risoto.

Primeiro erro: não devia ter colocado o louro e devia ter tirado o anis estrelado no começo da fervura. Estes dois temperos sobressaíram demais já que os outros ingredientes eram mais delicados. Mas tá tudo certo, vamos em frente.

Por que não experimentar uma panela nova para fazer o risoto? Porque como já dizia Sérgio Reis: panela velha é que faz comida boa. Pena não ter lembrado disso no momento em que optei por trocar de panela.

Ao invés de usar a velha e boa panela de inox peguei uma panelinha bonitinha e ordinária, branquinha, toda decoradinha, toda metida a besta, de ágata com a qual eu não estou acostumada e aí a coisa começou a degringolar de vez...

Nesta panela aqueci um pouco de azeite e coloquei para dourar 150 g de bacon em cubinhos, mas o bacon não fritou. Não queimou. Não soltou a gordura, mas eu tenho certeza que a panela estava ligada e em fogo alto porque a panela começou a queimar. Eu avisei que nada fazia sentido neste dia.

Como minha mãe sempre diz que queimadinho é mais gostoso e que o fundo da panela é o que dá sabor, nem me abalei. Desisti de esperar que o bacon ficasse crocante e coloquei uma colher (sopa) de manteiga e mais um fio de azeite e acrescentei 1 cebola picada para murchar. Não foi uma boa ideia. 

Colocar a cebola interrompeu de vez o cozimento do bacon e a cebola repetiu as etapas anteriores, começou a queimar e a grudar no fundo antes mesmo de murchar e ficar transparente. Mexendo sem parar e diminuindo o fogo fui tentando corrigir a situação. 

Sem saber mais se deveria começar de novo (sim eu deveria) adicionei 1 xícara de arroz árboreo e 1 dose de vinho branco. O deglacê soltou todo o queimadinho do fundo e o risoto ficou, digamos... caramelizado com notas levemente amargas que acreditei que ficariam camufladas pelos outros ingredientes (este foi o segundo aviso de que eu deveria parar e começar de novo, mas novamente não dei atenção). Adicionei 2 conchas do caldo (sempre coadas obviamente) e fui mexendo e esperando o arroz cozinhar.

Mais caldo, mais espera, até que...

O arroz chegou no ponto, desliguei o fogo e então adicionei 1 colher (sopa) de manteiga, um pouco de salsinha e aos poucos e mexendo sempre, acrescentei 2 ovos batidos misturados com 75 g de parmesão ralado. Devo confessar que em alguns pontos a clara cozinhou de leve e não ficou totalmente homogênea como deveria.

Fazer o risoto à carbonara é uma ideia realmente fantástica, que vou querer repetir, mas na velha panela de sempre e em um dia em que a vida esteja corretamente posicionada.

finalmente uma foto que faz jus ao prato (ruim igual)

Depois de tudo isto não dá para falar que foi o melhor risoto que fiz, o bacon não estava como devia, os sabores estavam um tanto quanto desconexos, mas também não foi o pior.

O toque de especiarias ficou charmoso, o arroz estava no ponto certo e o risoto ficou realmente muito cremoso.

Dia seguinte, nova tentativa de transformar este risoto em algo espetacular: momento arancine.

Arancine nada mais é do que um bolinho de arroz, mas com sobra de risoto. Basta fazer bolinhas com o risoto frio, empanar passando na farinha de trigo, leite e farinha de rosca e então fritar em óleo quente. Admito, algumas vezes faço risoto só para poder comer o arancine no dia seguinte. É como pizza no café da manhã!

Agora vai, José!
José para onde?

a parte estourada dos bolinhos está para baixo

Por causa do ovo e da extrema cremosidade faltou liga para o arancine e o excesso de queijo parmesão (tudo bem, eu usei mais do que as 75 g da receita) fizeram os bolinhos estourarem no óleo. Bolinho estourado = bolinho oleoso... Mas ficou até que bom.

Não espetacular, mas bom. Afinal é fritura, tem queijo derretido e bacon.

É, não foi dessa vez. Muitas ideias promissoras, mas na realidade não funcionou.

Respirar, escrever, rir da situação e lembrar que amanhã, vai ser outro dia!

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